Caracterização da colonização microbiana da pintura mural de três igrejas (N Portugal) : estudo preliminar do crescimento microbiano, avaliação da actividade de biocidas e proposta de intervenção futura
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.14/21534 |
Resumo: | A investigação abrange três conjuntos de pinturas murais a fresco, com alteração da superfície, sugerindo um processo de colonização microbiana. Documentam-se os procedimentos de recolha e tratamento de amostras dos materiais, a fim de conhecer a técnica da pintura mural original e caracteriza-se o actual estado de conservação dos bens, para a realização de acções de conservação e restauro. São focados três casos de estudo: a Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso/Igreja de São Salvador, em Vila Nova de Famalicão, a Igreja de São Tiago/ Igreja Paroquial de Valadares, em Baião e a Igreja de Santa Cristina de Serzedelo, em Guimarães. Os três monumentos inserem-se em ambientes rurais, de construção em granito porfiróide, de grão grosseiro e essencialmente biotítico, como postulado nas cartas geológicas consultadas. Santa Eulália, é uma construção do séc. XII. Santa Cristina, é de meados do Séc. XIII e S. Tiago, de finais do românico. No interior, as igrejas são parcialmente revestidas com pinturas murais e revelam diferentes campanhas de intervenção entre os sécs. XV e XVI. Durante a investigação, recolheram-se vinte e sete amostras que se submeteram a análise por microespectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (μS-FTIR) e exames estratigráficos para identificação da constituição das pinturas murais. Caracterizam-se, desta forma, como frescos, mostrando maioritariamente apenas uma camada de reboco e camada cromática extremamente finas. No estudo da alteração das superfícies comprovou-se que as obras evidenciam uma degradação comum aos três exemplos manifestada pela presença de biofilmes negros de origem microbiana. Para o seu estudo e caracterização recorreu-se a diferentes métodos de exame e análise como: a microscopia óptica (MO); métodos clássicos de microbiologia e identificação de isolados por biologia molecular; espectrometria de UV-Visível; CIE L*a*b*; microscopia electrónica de varrimento (SEM). A partir da recolha de trinta e seis amostras de locais onde era patente a alteração cromática da superfície, isolaram-se vinte e seis fungos filamentosos e quarenta e três bactérias/leveduras. Identificaram-se até à espécie, sete fungos filamentosos correspondendo a três géneros diferentes – Apergillus, Penicillium e Alternaria. De entre os organismos isolados, seleccionaram-se quatro, com potencial de produção de biofilmes negros, para tratamentos com quatro biocidas comerciais e cinco biocidas naturais (óleos essenciais) e determinação das respectivas concentrações mínimas inibitórias (CMI). Efectuaram-se testes para isolamento e caracterização química do pigmento produzido por estes fungos e eventual remoção das patines através de protocolos de extracção de pigmento e de degradação enzimática, com uma peroxidase fúngica. Alcançou-se uma diminuição da cor nos provetes, com potencial de aplicação futura. Recolheram-se pontualmente valores de Humidade Relativa e Temperatura, tanto no interior, como no exterior dos monumentos. Verificou-se que a água se destaca como principal agente de deterioração dos frescos nos três casos de estudo, com especial gravidade em Sta. Eulália e Sta. Cristina, onde migra para o interior do granito por ascensão capilar. A luz solar directa assume-se como um factor de risco importante no caso de Santa Eulália. A conjugação destes três factores é responsável pela perda significativa de área polícroma e das manchas negras inestéticas por biocolonização fúngica, agravada no caso de Sta. Eulália pela remoção dos altares, entre 1941 e 1945. Em consequência, considerou-se pertinente a avaliação dos factores e da magnitude de risco, tendo por fim a elaboração de um quadro interpretativo para a tomada de decisão sobre medidas prioritárias a implementar e a elaboração, no futuro, de um plano de conservação preventiva. Com a presente dissertação pretende-se preencher uma lacuna na conservação e restauro de pinturas murais, quer no que diz respeito à frequente ausência de análises para caracterização e identificação das manchas negras de origem microbiológica, quer quanto à forma de as remover. |
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Caracterização da colonização microbiana da pintura mural de três igrejas (N Portugal) : estudo preliminar do crescimento microbiano, avaliação da actividade de biocidas e proposta de intervenção futuraPinturas murais a frescoBiofilmes negrosFungosPeroxidaseHumidade relativa/temperaturaAvaliação de riscoFresco mural pantingsBlack biofilmsFungiRelative humidity/temperatureRisk assessmentDomínio/Área Científica::Humanidades::ArtesA investigação abrange três conjuntos de pinturas murais a fresco, com alteração da superfície, sugerindo um processo de colonização microbiana. Documentam-se os procedimentos de recolha e tratamento de amostras dos materiais, a fim de conhecer a técnica da pintura mural original e caracteriza-se o actual estado de conservação dos bens, para a realização de acções de conservação e restauro. São focados três casos de estudo: a Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso/Igreja de São Salvador, em Vila Nova de Famalicão, a Igreja de São Tiago/ Igreja Paroquial de Valadares, em Baião e a Igreja de Santa Cristina de Serzedelo, em Guimarães. Os três monumentos inserem-se em ambientes rurais, de construção em granito porfiróide, de grão grosseiro e essencialmente biotítico, como postulado nas cartas geológicas consultadas. Santa Eulália, é uma construção do séc. XII. Santa Cristina, é de meados do Séc. XIII e S. Tiago, de finais do românico. No interior, as igrejas são parcialmente revestidas com pinturas murais e revelam diferentes campanhas de intervenção entre os sécs. XV e XVI. Durante a investigação, recolheram-se vinte e sete amostras que se submeteram a análise por microespectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (μS-FTIR) e exames estratigráficos para identificação da constituição das pinturas murais. Caracterizam-se, desta forma, como frescos, mostrando maioritariamente apenas uma camada de reboco e camada cromática extremamente finas. No estudo da alteração das superfícies comprovou-se que as obras evidenciam uma degradação comum aos três exemplos manifestada pela presença de biofilmes negros de origem microbiana. Para o seu estudo e caracterização recorreu-se a diferentes métodos de exame e análise como: a microscopia óptica (MO); métodos clássicos de microbiologia e identificação de isolados por biologia molecular; espectrometria de UV-Visível; CIE L*a*b*; microscopia electrónica de varrimento (SEM). A partir da recolha de trinta e seis amostras de locais onde era patente a alteração cromática da superfície, isolaram-se vinte e seis fungos filamentosos e quarenta e três bactérias/leveduras. Identificaram-se até à espécie, sete fungos filamentosos correspondendo a três géneros diferentes – Apergillus, Penicillium e Alternaria. De entre os organismos isolados, seleccionaram-se quatro, com potencial de produção de biofilmes negros, para tratamentos com quatro biocidas comerciais e cinco biocidas naturais (óleos essenciais) e determinação das respectivas concentrações mínimas inibitórias (CMI). Efectuaram-se testes para isolamento e caracterização química do pigmento produzido por estes fungos e eventual remoção das patines através de protocolos de extracção de pigmento e de degradação enzimática, com uma peroxidase fúngica. Alcançou-se uma diminuição da cor nos provetes, com potencial de aplicação futura. Recolheram-se pontualmente valores de Humidade Relativa e Temperatura, tanto no interior, como no exterior dos monumentos. Verificou-se que a água se destaca como principal agente de deterioração dos frescos nos três casos de estudo, com especial gravidade em Sta. Eulália e Sta. Cristina, onde migra para o interior do granito por ascensão capilar. A luz solar directa assume-se como um factor de risco importante no caso de Santa Eulália. A conjugação destes três factores é responsável pela perda significativa de área polícroma e das manchas negras inestéticas por biocolonização fúngica, agravada no caso de Sta. Eulália pela remoção dos altares, entre 1941 e 1945. Em consequência, considerou-se pertinente a avaliação dos factores e da magnitude de risco, tendo por fim a elaboração de um quadro interpretativo para a tomada de decisão sobre medidas prioritárias a implementar e a elaboração, no futuro, de um plano de conservação preventiva. Com a presente dissertação pretende-se preencher uma lacuna na conservação e restauro de pinturas murais, quer no que diz respeito à frequente ausência de análises para caracterização e identificação das manchas negras de origem microbiológica, quer quanto à forma de as remover.The present study relates to an investigation around three sets of fresco mural paintings showing surface alteration due to microbial colonization. The aim was both to document the procedures for collecting and processing samples in order to gather a wide range of knowledge of the original mural painting technique, and to characterize the current state of heritage conservation so as to plan conservation and restoration measures. The research comes to a focus on three case studies: Santa Eulália Church of the Monastery of Arnoso/São Salvador Church, in Vila Nova de Famalicão; São Tiago Church/Parish Church of Valadares, in Baião; and Santa Cristina of Serzedelo Church, in Guimarães. The three Romanic churches, made of porphyritic granite (biotitic) with coarse grain, fall within rural environments as perceived by the consultation of geological maps. Santa Eulália is from the XIIth century, Santa Cristina of the middle of the XIIIth century, and São Tiago probably of the end of the XIIIth century. The interior walls are partially covered with mural paintings: Sta. Eulalia presents a first campaign possibly from the XVth century and overlaying it, one from the XVIth century. Sta. Cristina has several campaigns on different walls, being the latest from the XVIth century. S. Tiago has only one campaign from the XVth century. Twenty seven samples were collected during the investigation and underwent analysis to identify the constitution of the mural paintings by using μS-FTIR combined with stratigraphic. The analysis revealed they feature as frescos, showing mostly just one layer of mortar and extremely thin layers of plaster and polycromy. The study of the surface changes unveiled a degradation, common to the three monuments, shown by the presence of black biofilms of microbiological origin. Different methods of exam were undertaken for their study and characterization assessment: optical microscopy; classical microbiology methods and isolate identification by molecular biology; spectrometry of UV-Visible; CIE L*a*b*; and scanning electron microscopy (SEM). Based on thirty six samples taken from the location where the chromatic changes were visible, twenty six filamentous fungi and forty three bacteria/yeasts were isolated. Seven filamentous fungi were identified to the species and belonged to three different genera – Aspergillus, Penicillium and Alternaria. Four fungi isolates were selected among those with the capability of producing black pigmentation for treatments with four commercial biocides and five essential oils, and the minimum inhibitory concentrations determination. Assays were implemented for the pigment chemical isolation and characterization produced by these fungi and for the removal of the patina through pigment extraction protocols and fungal peroxidase enzymatic degradation. A diminished coloration was obtained in test specimens’, forecasting future use. Water is the main deterioration agent of frescos in the three case studies, with particular emphasis in Sta. Eulália and Sta. Cristina due to capillarity migration towards the granite interior. Values of Relative Humidity and Temperature were collected both inside and outside of the monuments. In the case of Santa Eulalia, direct sunlight is another important risk factor. The combination of these three factors is responsible for significant loss of chromatic surfaces and unaesthetic black stains by fungal biocolonization, since the removal of the altars (1941 and 1945). Thus, it has been considerd appropriate to evaluate the factors and magnitude of risk, aiming the development of an interpretative framework for decisionmaking on priority measures to be executed on a future preventive conservation plan. This paper aims to fill a gap in the conservation and restoration of mural paintings in relation to the frequent absence of analysis regarding the characterization and identification of black biofilms of microbiological origin, or how to remove them.Vieira, Eduarda Maria Martins Moreira da SilvaMoreira, PatríciaCaetano, JoaquimVeritati - Repositório Institucional da Universidade Católica PortuguesaPereira, Alexandra de Almeida Marco2020-02-28T01:30:45Z2016-07-1220162016-07-12T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.14/21534TID:201484510porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-12T17:27:41Zoai:repositorio.ucp.pt:10400.14/21534Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T18:17:54.175864Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A investigação abrange três conjuntos de pinturas murais a fresco, com alteração da superfície, sugerindo um processo de colonização microbiana. Documentam-se os procedimentos de recolha e tratamento de amostras dos materiais, a fim de conhecer a técnica da pintura mural original e caracteriza-se o actual estado de conservação dos bens, para a realização de acções de conservação e restauro. São focados três casos de estudo: a Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso/Igreja de São Salvador, em Vila Nova de Famalicão, a Igreja de São Tiago/ Igreja Paroquial de Valadares, em Baião e a Igreja de Santa Cristina de Serzedelo, em Guimarães. Os três monumentos inserem-se em ambientes rurais, de construção em granito porfiróide, de grão grosseiro e essencialmente biotítico, como postulado nas cartas geológicas consultadas. Santa Eulália, é uma construção do séc. XII. Santa Cristina, é de meados do Séc. XIII e S. Tiago, de finais do românico. No interior, as igrejas são parcialmente revestidas com pinturas murais e revelam diferentes campanhas de intervenção entre os sécs. XV e XVI. Durante a investigação, recolheram-se vinte e sete amostras que se submeteram a análise por microespectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (μS-FTIR) e exames estratigráficos para identificação da constituição das pinturas murais. Caracterizam-se, desta forma, como frescos, mostrando maioritariamente apenas uma camada de reboco e camada cromática extremamente finas. No estudo da alteração das superfícies comprovou-se que as obras evidenciam uma degradação comum aos três exemplos manifestada pela presença de biofilmes negros de origem microbiana. Para o seu estudo e caracterização recorreu-se a diferentes métodos de exame e análise como: a microscopia óptica (MO); métodos clássicos de microbiologia e identificação de isolados por biologia molecular; espectrometria de UV-Visível; CIE L*a*b*; microscopia electrónica de varrimento (SEM). A partir da recolha de trinta e seis amostras de locais onde era patente a alteração cromática da superfície, isolaram-se vinte e seis fungos filamentosos e quarenta e três bactérias/leveduras. Identificaram-se até à espécie, sete fungos filamentosos correspondendo a três géneros diferentes – Apergillus, Penicillium e Alternaria. De entre os organismos isolados, seleccionaram-se quatro, com potencial de produção de biofilmes negros, para tratamentos com quatro biocidas comerciais e cinco biocidas naturais (óleos essenciais) e determinação das respectivas concentrações mínimas inibitórias (CMI). Efectuaram-se testes para isolamento e caracterização química do pigmento produzido por estes fungos e eventual remoção das patines através de protocolos de extracção de pigmento e de degradação enzimática, com uma peroxidase fúngica. Alcançou-se uma diminuição da cor nos provetes, com potencial de aplicação futura. Recolheram-se pontualmente valores de Humidade Relativa e Temperatura, tanto no interior, como no exterior dos monumentos. Verificou-se que a água se destaca como principal agente de deterioração dos frescos nos três casos de estudo, com especial gravidade em Sta. Eulália e Sta. Cristina, onde migra para o interior do granito por ascensão capilar. A luz solar directa assume-se como um factor de risco importante no caso de Santa Eulália. A conjugação destes três factores é responsável pela perda significativa de área polícroma e das manchas negras inestéticas por biocolonização fúngica, agravada no caso de Sta. Eulália pela remoção dos altares, entre 1941 e 1945. Em consequência, considerou-se pertinente a avaliação dos factores e da magnitude de risco, tendo por fim a elaboração de um quadro interpretativo para a tomada de decisão sobre medidas prioritárias a implementar e a elaboração, no futuro, de um plano de conservação preventiva. Com a presente dissertação pretende-se preencher uma lacuna na conservação e restauro de pinturas murais, quer no que diz respeito à frequente ausência de análises para caracterização e identificação das manchas negras de origem microbiológica, quer quanto à forma de as remover. |
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