Variação dinâmica dos marcadores inflamatórios e seu valor prognóstico em doentes com carcinoma da laringe e hipofaringe submetidos a faringolaringectomia total

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Azevedo,Cátia
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: Mar,Fernando Milhazes, Rios,Guilherme, Ribeiro,Carla, Miranda,Daniel, Vilarinho,Sérgio, Dias,Luís
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2184-64992022000400313
Resumo: Resumo Introdução: A utilização de marcadores de prognóstico para delinear as estratégias terapêuticas mais adequadas a cada caso (cirurgia, quimioradioterapia e/ou radioterapia) assume-se como um dos pilares da abordagem ao doente com carcinoma espinocelular (CEC) da hipofaringe e laringe. Para além dos estadio clínico e patológico determinado pelo TNM, já há evidência que a resposta inflamatória sistémica (RIS) relacionada com o tumor tem implicações na agressividade e progressão tumoral. No entanto, o seu valor como fator de prognóstico independente ainda continua ambíguo. Objetivos: Analisar a RIS tumoral, a sua variação dinâmica perioperatória e após tratamento adjuvante e o seu valor prognóstico em doentes com CEC da laringe e hipofaringe submetidos a faringolaringectomia total. Material e Métodos: Análise retrospetiva dos dados clinico-patológicos dos doentes submetidos a faringolaringectomia total entre janeiro de 2013 e dezembro de 2018 num hospital de nível terciário. A RIS foi avaliada utilizando os seguintes parâmetros: rácios linfócitos-monócitos (RLM), plaquetas-linfócitos (RPL), neutrófilos-linfócitos (RNL) e índice imuno-inflamatório sistémico (IIS). Foram utilizadas a análise de Kaplan-Meier e regressão de Cox para analisar os resultados de sobrevivência e riscos associados. Resultados: Foram incluídos 59 doentes no estudo, com uma média de idades de 59.2 anos. O tempo médio de seguimento dos doentes foi de 49.2 meses. O RPL pré-operatório foi o melhor preditor da sobrevivência global (SG) a 5 anos (area under the curve (AUC) 0.796, p<0.005). Determinou-se o valor de cutoff ótimo para cada parâmetro inflamatório analisado no período pré-operatório, pós-operatório e após tratamento adjuvante (RLM: 2.6, 2.8 e 2.2, respetivamente; RPL: 125.0, 162.6 e 57.2, respetivamente; RNL: 2.3, 2.8 e 3.9, respetivamente; IIS: 931.4, 732.8 e 931.43, respetivamente). A análise de sobrevivência multivariada ajustada para possíveis fatores de confundimento evidenciou que a SG e a sobrevivência livre de metastização à distância (SLM) foi estatisticamente inferior nos doentes com RPL pré-operatório >125.0 (HR 4.39, p<0.005 e HR 17.65, p<0.005, respetivamente). Verificou-se um decréscimo significativo da RIS após tratamento completo com cirurgia com ou sem quimioradioterapia adjuvante. No entanto, o padrão de variação dos parâmetros com o tratamento instituído não teve influência na SG ou SLM. Os doentes com RPL pré-operatória >125.0 tendem a apresentar RNL e IIS mais elevados (p<0.005), embora estes não evidenciaram ser fatores preditivos independentes de sobrevivência. Conclusões: Um elevado RPL pré-operatório foi significativamente associado a pior SG e SLM em doentes submetidos a faringolaringectomia total. Ainda assim, a utilização deste marcador na nossa prática clínica para prever os resultados pós-operatórios deve ser realizada de forma crítica.
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