O consumo de tabaco numa instituição universitária: Prevalência e características do fumador

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Guerra, Maria Prista
Data de Publicação: 2012
Outros Autores: Queirós, Cristina, Torres, Sandra, Vieira, Filipa, Branco, Carla, Garrett, Sofia Almeida
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.14417/ap.489
Resumo: O tabagismo tem-se revelado como um grande inimigo da saúde pública e concomitantemente como um dos comportamentos mais difíceis de mudar. Muitos fumadores adquirem uma dependência fisiológica da nicotina associada ao “hábito” o que pode provocar uma síndrome de abstinência difícil de ultrapassar. Os processos neurobiológicos da nicotina têm vindo a ser amplamente estudados e tornando-se parcialmente responsáveis pelas reduzidas taxas de cessação a longo prazo nos estudos publicados. Considerando o passado recente da restrição ao tabagismo em Portugal (2008) e dado que a FPCE-UP foi considerada livre de fumo dois anos antes, foram propostos os seguintes objectivos para este artigo: analisar a prevalência na referida instituição; caracterizar o fumador quanto ao número de cigarros fumados e anos de fumador através da UMA; comparar fumadores que já tiveram períodos de abstinência com outros fumadores que nunca tentaram deixar de fumar quanto ao número de cigarros e anos de fumador; e comparar ex-fumadores com fumadores que já estiveram abstinentes quanto ao tempo de abstinência conseguida e número de tentativas. Partindo da análise de conteúdo de questões abertas foram ainda delineados os seguintes objectivos de natureza qualitativa: identificar as razões que mantêm os ex-fumadores abstinentes; identificar sintomas de abstinência nos fumadores que já estiveram sem fumar; identificar os motivos que levaram os fumadores a tentar deixar de fumar em algum período das suas vidas e, por último, identificar os motivos da recaída. Os questionários foram enviados via Internet à população da instituição (alunos, docentes e funcionários), tendo-se obtido uma amostra total de 289 sujeitos respondentes. Foram encontradas taxas de prevalência de fumador mais elevadas que as referenciadas noutros estudos em Portugal (29,4%), sobretudo no que se reporta, ao género (Masculino: 44,4%; Feminino: 27,3%) e situação (docente: 30%; aluno: 28,6%). A caracterização do fumador revelou o índice da UMA de 6,9. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os fumadores que já deixaram de fumar e os sempre fumadores quanto ao padrão de fumo. Observámos diferenças estatisticamente significativas entre ex-fumadores e fumadores que já deixaram de fumar quanto ao tempo de abstinência conseguida, mas não quanto ao número de tentativas. Constatámos que 88,5% dos ex-fumadores referenciaram sentir-se melhor por ter deixado de fumar, apontando benefícios imediatos na saúde. Um outro dado interessante referido por 50% de respondentes do mesmo grupo foi a sensação de liberdade/auto-controlo sentida por terem deixado de fumar. Entre os fumadores que já tentaram deixar de fumar 74% relataram síndrome de abstinência em mais que uma categoria, sendo as perturbações de humor (81,2%) a principal queixa, seguida de sintomas psicossomáticos (37,5%). As razões apontadas pelos fumadores para terem tentado deixar de fumar foram informação sobre os malefícios do tabaco (60%), seguindo-se os motivos de doença (28%). Entre aos motivos apontados na base da recaída salientam-se os sintomas incómodos que não passaram com o tempo (52%) e, em menor escala, o prazer (24%) e a pressão social (24%). Os resultados foram discutidos à luz das teorias actuais de intervenção na dependência tabágica.
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