O coerentismo pragmático-sociológico de Otto Neurath

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Henriques, Raimundo Ferreira
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/24691
Resumo: Esta dissertação visa apresentar sistematicamente o pensamento de Neurath, mostrando que este constitui um todo coerente e sui generis. Para alcançar este desiderato, a principal tese a ser defendida é a de que existe uma dupla relação entre as seguintes teses de Neurath: Coerentismo Semântico: uma frase é verdadeira se, e somente se, pertencer a, ou for dedutível de, um sistema coerente de frases. Relativismo Sociológico: o valor de uma alteração na estrutura económico-social mede-se pela forma como influencia as condições de vida de um determinado grupo. Argumentar-se-á que, do ponto de vista da reconstrução do seu pensamento, o coerentismo semântico implica o relativismo sociológico; mas que, do ponto de vista da estrutura conceptual inerente ao pensamento do autor, é o relativismo sociológico que implica o coerentismo semântico. Chegamos, desta forma, a um círculo virtuoso. Por um lado, o relativismo sociológico (em conjunto com os compromissos sociológicos de primeira ordem de Neurath) permite explicar a sua perspectiva acerca da ciência; por outro lado, só podemos explicar essa perspectiva dessa forma uma vez justificado o relativismo sociológico, via a teoria de Neurath acerca da verdade. A exposição guiar-se-á pela procura de uma resposta às seguintes três perguntas: (i) Aceitará Neurath a definição tripartida de conhecimento? (ii) Qual o tipo de coerentismo defendido por Neurath? (iii) Será essa forma de coerentismo compatível com o empirismo? A resposta à primeira pergunta será negativa. Argumentar-se-á que o fisicismo radical (i.e. a conjunção do fisicismo e do naturalismo epistémico) implica a rejeição desta definição. A resposta à segunda pergunta consistirá em mostrar que a defesa por Neurath do coerentismo semântico não implica, como por vezes se afirma, a sua adesão ao coerentismo epistémico. Por fim, responder-se-á negativamente à terceira pergunta, mostrando que, dada a teoria neurathiana das frases protocolares, o empirismo e o coerentismo defendidos pelo autor são compatíveis. A investigação em torno destas questões permitir-nos-á obter os elementos exegéticos suficientes para suportar a tese acima descrita, enquanto proposta de leitura global do pensamento de Neurath.
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Argumentar-se-á que, do ponto de vista da reconstrução do seu pensamento, o coerentismo semântico implica o relativismo sociológico; mas que, do ponto de vista da estrutura conceptual inerente ao pensamento do autor, é o relativismo sociológico que implica o coerentismo semântico. Chegamos, desta forma, a um círculo virtuoso. Por um lado, o relativismo sociológico (em conjunto com os compromissos sociológicos de primeira ordem de Neurath) permite explicar a sua perspectiva acerca da ciência; por outro lado, só podemos explicar essa perspectiva dessa forma uma vez justificado o relativismo sociológico, via a teoria de Neurath acerca da verdade. A exposição guiar-se-á pela procura de uma resposta às seguintes três perguntas: (i) Aceitará Neurath a definição tripartida de conhecimento? (ii) Qual o tipo de coerentismo defendido por Neurath? (iii) Será essa forma de coerentismo compatível com o empirismo? A resposta à primeira pergunta será negativa. Argumentar-se-á que o fisicismo radical (i.e. a conjunção do fisicismo e do naturalismo epistémico) implica a rejeição desta definição. A resposta à segunda pergunta consistirá em mostrar que a defesa por Neurath do coerentismo semântico não implica, como por vezes se afirma, a sua adesão ao coerentismo epistémico. Por fim, responder-se-á negativamente à terceira pergunta, mostrando que, dada a teoria neurathiana das frases protocolares, o empirismo e o coerentismo defendidos pelo autor são compatíveis. A investigação em torno destas questões permitir-nos-á obter os elementos exegéticos suficientes para suportar a tese acima descrita, enquanto proposta de leitura global do pensamento de Neurath.Abstract: This dissertation aims at a systemic presentation of Neurath’s thinking as a coherent and sui generis whole. In order to satisfy this desideratum, the main idea put forth in this dissertation is that a specific two-way relation holds between two of Neurath’s main philosophical theses: Semantic Coherentism: a sentence is true if, and only if, it belongs to, or can be deduced from, a coherent set of sentences. Sociological Relativism: the value of a social change depends on how it influences the living conditions of a certain group of individuals. The two-way relation is the following: from the reconstructive point of view, Neurathian semantic coherentism entails his sociological relativism; but, from the point of view of the conceptual structure underlying Neurath’s thinking, it is his sociological relativism that entails his semantic coherentism. We thus arrive at a virtuous circle. On the one hand, the appeal to sociological relativism (together with Neurath’s first order sociological commitments) allows us to explain his view of science; on the other hand, only once we have acquired a justification for sociological relativism, via his theory of truth, are we entitled to explain his view of science in this way. The exposition will be guided by the attempt to find an answer to the three following questions: (i) Does Neurath accept the standard threefold definition of knowledge? (ii) What kind of coherentism is endorsed by Neurath? (iii) Is Neurath’s coherentism compatible with empiricism? The answer to the first question will be negative. It will be argued that radical physicalism (i.e. the conjunction between physicalism and epistemic naturalism) entails the rejection of this definition. The answer to the second question will amount to showing that Neurath’s endorsement of semantic coherentism does not entail, as it is sometimes stated, the endorsement of epistemic coherentism. Finally, the third question will be answered negatively by showing that, given Neurath’s theory of protocol sentences, his coherentism and his empiricism are compatible. The exegetical work prompted by the need to answer these questions will provide us with the elements we need in order to substantiate the main idea mentioned above.Zilhão, AntónioRepositório da Universidade de LisboaHenriques, Raimundo Ferreira2016-09-21T09:59:50Z2016-07-042016-03-172016-07-04T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/24691TID:201257068porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:13:48Zoai:repositorio.ul.pt:10451/24691Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:41:47.358485Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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