Estudo da paratuberculose no coelho-bravo (oryctolagus cuniculus) e no veado (cervus elaphus), em Portugal e Espanha
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10348/2256 |
Resumo: | A caça constitui uma ferramenta essencial na gestão e conservação da vida selvagem, em particular, das espécies cinegéticas. O coelho-bravo e o veado, enquanto espécies cinegéticas, podem ser portadores e transmissores de doenças, como por exemplo a paratuberculose. Perante este facto, a Inspecção Sanitária post mortem de peças de caça constitui um importante instrumento na salvaguarda da saúde humana e animal. A paratuberculose ou doença de Johne é uma enterite crónica causada por Mycobacterium avium paratuberculosis (MAP), sendo partilhada por animais domésticos e selvagens. Entre as espécies selvagens não-ruminantes que albergam MAP, pensa-se que o coelho é a espécie que apresenta o maior risco de transmissão ao gado bovino. Contudo, o conhecimento sobre a epidemiologia da paratuberculose no coelhobravo, fora da Escócia, é limitado. Foram analisados 80 coelhos-bravos caçados numa área de estudo do sul de Espanha, e 237 amostras de soro da mesma espécie, provenientes de 8 locais de Portugal e Espanha(incluindo amostras de soro oriundas da área de estudo referida). Lesões macroscópicas compatíveis com paratuberculose foram observadas em 2 dos 80 coelhos analisados. Foi desenvolvido um teste ELISA indirecto para a detecção de anticorpos anti-MAP no coelhobravo, usando soros de 4 coelhas domésticas previamente imunizadas com Paratuberculosis Protoplasmatic Antigen 3 (PPA-3) (controlos positivos) e soros de 4 coelhos domésticos nãoimunizados(controlos negativos) de modo a estabelecer o limite de significância. No limite de significância estabelecido (0.5), 6 dos 237 soros de coelho-bravo (2.5%) reagiram positivamente ao teste ELISA. Anticorpos anti-MAP foram detectados no soro de coelhos provenientes de 3 dos 8 locais em estudo. Oito de 10 coelhos examinados histopatologicamente revelaram lesões focais a difusas multibacilares compatíveis com MAP. A presença de MAP foi confirmada por curvas de amplificação positivas IS900 e ISMAP02, num coelho com lesões macroscópicas e título de anticorpos muito elevado. Foram ainda avaliados à inspecção sanitária in loco 56 veados caçados em Portugal. No decurso desta avaliação, não foram observadas lesões macroscópicas compatíveis com paratuberculose. No sentido de detectar a presença de MAP, amostras de 10 veados provenientes do Sul de Portugal foram submetidas a análise histopatológica e PCR. A presença de MAP foi confirmada por PCR em amostras de dois veados. Assim, confirmamos que (i) o coelho-bravo é infectado por MAP nos habitats mediterrâneos do sul da Europa, eventualmente desenvolvendo doença clínica, (ii) o contacto do coelho-bravo com MAP está disseminado pelo sudoeste europeu e (iii) o veado é também infectado por MAP em território português. Considerando a crescente relevância de infecção por MAP na saúde animal, os nossos resultados abrem um desafiador campo de investigação futura. |
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Estudo da paratuberculose no coelho-bravo (oryctolagus cuniculus) e no veado (cervus elaphus), em Portugal e EspanhaA caça constitui uma ferramenta essencial na gestão e conservação da vida selvagem, em particular, das espécies cinegéticas. O coelho-bravo e o veado, enquanto espécies cinegéticas, podem ser portadores e transmissores de doenças, como por exemplo a paratuberculose. Perante este facto, a Inspecção Sanitária post mortem de peças de caça constitui um importante instrumento na salvaguarda da saúde humana e animal. A paratuberculose ou doença de Johne é uma enterite crónica causada por Mycobacterium avium paratuberculosis (MAP), sendo partilhada por animais domésticos e selvagens. Entre as espécies selvagens não-ruminantes que albergam MAP, pensa-se que o coelho é a espécie que apresenta o maior risco de transmissão ao gado bovino. Contudo, o conhecimento sobre a epidemiologia da paratuberculose no coelhobravo, fora da Escócia, é limitado. Foram analisados 80 coelhos-bravos caçados numa área de estudo do sul de Espanha, e 237 amostras de soro da mesma espécie, provenientes de 8 locais de Portugal e Espanha(incluindo amostras de soro oriundas da área de estudo referida). Lesões macroscópicas compatíveis com paratuberculose foram observadas em 2 dos 80 coelhos analisados. Foi desenvolvido um teste ELISA indirecto para a detecção de anticorpos anti-MAP no coelhobravo, usando soros de 4 coelhas domésticas previamente imunizadas com Paratuberculosis Protoplasmatic Antigen 3 (PPA-3) (controlos positivos) e soros de 4 coelhos domésticos nãoimunizados(controlos negativos) de modo a estabelecer o limite de significância. No limite de significância estabelecido (0.5), 6 dos 237 soros de coelho-bravo (2.5%) reagiram positivamente ao teste ELISA. Anticorpos anti-MAP foram detectados no soro de coelhos provenientes de 3 dos 8 locais em estudo. Oito de 10 coelhos examinados histopatologicamente revelaram lesões focais a difusas multibacilares compatíveis com MAP. A presença de MAP foi confirmada por curvas de amplificação positivas IS900 e ISMAP02, num coelho com lesões macroscópicas e título de anticorpos muito elevado. Foram ainda avaliados à inspecção sanitária in loco 56 veados caçados em Portugal. No decurso desta avaliação, não foram observadas lesões macroscópicas compatíveis com paratuberculose. No sentido de detectar a presença de MAP, amostras de 10 veados provenientes do Sul de Portugal foram submetidas a análise histopatológica e PCR. A presença de MAP foi confirmada por PCR em amostras de dois veados. Assim, confirmamos que (i) o coelho-bravo é infectado por MAP nos habitats mediterrâneos do sul da Europa, eventualmente desenvolvendo doença clínica, (ii) o contacto do coelho-bravo com MAP está disseminado pelo sudoeste europeu e (iii) o veado é também infectado por MAP em território português. Considerando a crescente relevância de infecção por MAP na saúde animal, os nossos resultados abrem um desafiador campo de investigação futura.Hunt constitutes an essential tool in the management and conservation of wildlife, in particular, of the hunting species. Wild rabbit and red deer, while hunting species, can be carriers and transmitters of diseases, like paratuberculosis for example. By this, Sanitary Inspection post mortem of hunt pieces constitutes an important instrument in safeguard of human and animal health. Paratuberculosis or Johne’s disease is a chronic enteritis, caused by Mycobacterium avium paratuberculosis (MAP) which is shared between livestock and wildlife. Of the nonruminant wildlife species known to harbor (MAP), the rabbit is thought to pose the greatest risk of transmission to cattle. However, knowledge on MAP epidemiology in wild rabbits outside Scotland is limited. Were analyzed 80 hunter-harvested wild rabbits from a core study area in southern Spain, and sera from 237 wild rabbits sampled opportunistically on 8 sites from Portugal and Spain(including serum samples arised from the core study area). Gross lesions compatible with paratuberculosis were observed in two of 80 necropsied rabbits. An indirect ELISA was developed for the detection of MAP specific antibodies in European wild rabbits, using serum of 4 domestic does previously immunized with Paratuberculosis Protoplasmatic Antigen 3 (PPA-3) (positive controls) and serum of 4 no-immunized domestic rabbits (negative controls) to establish the cut-off point. At the established cut off of 0.5, 6 of 237 wild rabbit sera (2.5%) yielded a positive ELISA result. MAP specific antibodies were detected in rabbits from 3 of 8 sampling sites. Histopathology was revealed focal to diffuse multibacillary MAP compatible lesions in 8 of 10 rabbits examined. Presence of MAP was confirmed in one rabbit with gross lesions and very high antibodies title by positive amplification curves for both IS900 and ISMAP02. Fifty six red deer hunted in Portugal were still analyzed. At sanitary inspection in loco, no gross lesions compatible with paratuberculosis were observed. Samples of 10 red deer of the southern Portugal were submitted to histopathological and PCR analysis for MAP detection. The presence of MAP was confirmed by PCR in samples of two red deer. Thus, we confirmed (1) that European wild rabbits become infected with MAP in Mediterranean habitats of southern Europe, eventually developing clinical disease, that (2) contact of wild rabbits with MAP is widespread in southwestern Europe, and that (3) red deer is also infected by MAP in Portugal. Considering the increasing relevance of MAP infection for animal health, these results open a challenging field for future research.2012-11-30T14:58:20Z2009-01-01T00:00:00Z2009info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/2256pormetadata only accessinfo:eu-repo/semantics/openAccessMaio, Elisa Margarida Carvalho Gomes da Costareponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:46:02Zoai:repositorio.utad.pt:10348/2256Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:04:06.940348Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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