Avaliação do SNS em Portugal : equidade versus eficiência

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Giraldes, Maria do Rosário
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/97941
Resumo: RESUMO - O presente artigo propõe-se proceder a uma avaliação do SNS, designadamente no que respeita ao trade-off entre equidade e eficiência, avaliar a qualidade do sistema de saúde através de indicadores subjectivos, de processo e de outcome e proceder à elaboração de um indicador agregado de avaliação da eficiência em Hospitais SA. O conceito de equidade implícito é o de igualdade de resultados, medida através de indicadores de outcome. Foram definidos indicadores para avaliação da actividade hospitalar e da actividade dos centros de saúde, a nível de região e de Sub-Região de Saúde, segundo três perspectivas, designadamente em relação à distribuição da despesa, numa perspectiva de equidade, em relação à avaliação da prestação, numa perspectiva de eficiência, e numa perspectiva de avaliação da qualidade. A igualdade de inputs per capita para iguais necessidades, a nível de Sub-Região de Saúde, foi o conceito escolhido para caracterizar a perspectiva da equidade tanto a nível de hospitais como de centros de saúde. O conceito de eficiência técnica foi o conceito escolhido para caracterizar a perspectiva da eficiência, tendo-se considerado o número de utilizadores em cada uma das actividades hospitalares, designadamente doentes tratados no internamento, sessões em hospital de dia, consultas externas, doentes atendidos na urgência, e o número de utentes inscritos em centros de saúde, como o universo utilizado no cálculo dos indicadores de eficiência. Seleccionaram-se em cada área os indicadores que melhor a caracterizam. Numa perspectiva de equidade, e em relação à actividade hospitalar, foram seleccionadas a despesa com internamento, a despesa com hospital de dia, a despesa com consultas externas, a despesa com urgências, a despesa com obstetrícia, a despesa com intervenções cirúrgicas e a despesa com medicamentos, todas por 1000 habitantes, com base na população de cada sub-região corrigida. Numa perspectiva de equidade, os indicadores seleccionados em relação à actividade dos centros de saúde foram, por outro lado, a despesa com actividades preventivas, a despesa com actividades curativas, a despesa com medicamentos, por principais grupos farmacoterapêuticos, a despesa com análises, a despesa com RX, a despesa com ecografias e a despesa com TAC, todas per capita, com base na população de cada sub-região, igualmente por 1000 habitantes, e corrigida pelo processo anteriormente descrito. Em relação aos Hospitais SA utilizou-se um indicador agregado de avaliação da eficiência que tomou em consideração os indicadores de eficiência, ponderados em função da importância da despesa de cada componente na despesa total, para a totalidade dos Hospitais SA. A nível de Sub-Região de Saúde, os indicadores de eficiência considerados foram corrigidos com o case-mix da sub-região, obtido através da média do ICM das unidades prestadoras de cada sub-região, de forma a ter em atenção diferenças de casuística particularmente importantes a nível hospitalar. Numa perspectiva de eficiência, foi ainda avaliado o impacte na gestão em centros de saúde com base nos indicadores despesa com actividades preventivas, despesa com actividades curativas, despesa com medicamentos, por principais grupos farmacoterapêuticos, despesa com análises, despesa com RX, despesa com ecografias e despesa com TAC, todas por utilizador. Numa perspectiva de qualidade, consideraram-se indicadores subjectivos, indicadores de processo e indicadores de outcome. Quanto aos indicadores subjectivos, foi tomada em consideração a percentagem de população utilizadora que classifica o nível dos serviços como bom ou muito bom, quer em relação ao pessoal técnico, ao pessoal administrativo e aos procedimentos administrativos, como às instalações, quer quanto a hospitais, como a centros de saúde, segundo o último Inquérito Nacional de Saúde 1998/1999. Seleccionaram-se como indicadores de processo em hospitais a percentagem de cirurgias em ambulatório, a percentagem de cesarianas em relação ao total de partos e a taxa de autópsia. Em centros de saúde consideraram-se como indicadores de processo as primeiras consultas de saúde infantil em relação aos nados-vivos, a percentagem de crianças de menos de 1 ano vacinadas contra a hepatite B e a percentagem de crianças vacinadas contra o sarampo no grupo etário 1-2 anos. Seleccionou-se como indicador de outcome em hospitais o número de episódios de internamento por infecções nosocomiais em relação ao total de internamentos. Como indicadores de outcome, em centros de saúde, consideraram- se os indicadores nados-vivos cuja mãe tem idade inferior a 15 anos em relação ao total de nados-vivos, a mortalidade por cancro da mama em relação à população feminina e a mortalidade pós-neonatal. Seleccionou-se como medida de desigualdade o coeficiente de Gini. Calcularam-se coeficientes de Gini relativamente a indicadores de despesa per capita, em que a população foi corrigida segundo os pressupostos anteriores, numa perspectiva de equidade, e em relação a indicadores de outcome. Na impossibilidade de cálculo de coeficientes de Gini em relação a indicadores de eficiência e a indicadores de qualidade (processo), utilizaram-se ainda como medidas de desigualdade o coeficiente de variação e a razão entre valores extremos. Mesmo que não se possa estabelecer uma relação de causa- -efeito, a análise dos hospitais evidencia que duas sub- -regiões de saúde, designadamente Aveiro e Braga, apresentam um trade-off entre equidade e eficiência, por serem aquelas com piores indicadores numa perspectiva de equidade e simultaneamente aquelas com melhores indicadores de eficiência. Dever-se-á realizar uma correcção progressiva na distribuição da despesa corrente nestas sub-regiões, principalmente à custa da Sub-Região de Saúde de Coimbra. O indicador agregado de eficiência, corrigido com o ICM, em Hospitais SA deverá ser comparado apenas dentro do mesmo grupo de hospitais com um número de camas e um número de doentes tratados semelhantes (Barcelos, Bragança, Aveiro e Santa Marta são os hospitais mais eficientes em cada um dos quatro grupos de hospitais considerados). Numa perspectiva de qualidade, e em relação à satisfação da população com os serviços prestados pelos hospitais, é relativamente ao pessoal administrativo e a procedimentos administrativos que o nível de satisfação é menor, o que demonstra a necessidade de cursos de formação nesta área. Dever-se-á dar prioridade à melhoria das infra-estruturas na Região de Lisboa e Vale do Tejo devido ao baixo nível de satisfação da população evidenciado nesta região. Entre os indicadores de processo considerados, a percentagem de cirurgias em ambulatório evidencia elevadas desigualdades. Embora não se possa estabelecer uma relação de causa- -efeito, na análise dos centros de saúde as Sub-Regiões de Saúde do Porto, Braga e Bragança evidenciam um trade-off entre equidade e eficiência, por serem aquelas que apresentam piores indicadores numa perspectiva de equidade e simultaneamente melhores indicadores de eficiência. Dever-se-á realizar uma correcção progressiva na distribuição da despesa corrente nestas sub-regiões, realizando-se uma transferência da Sub-Região de Saúde de Lisboa, que é sobrefinanciada. Mesmo que em cuidados de saúde primários seja a despesa com medicamentos aquela que apresenta uma melhor distribuição, alguns grupos de medicamentos necessitam ainda de uma correcção, designadamente anticoagulantes, hormonas da tiróide e antidepressivos. A despesa com TAC e RX necessita ainda de uma definição de normas que permita corrigir desigualdades ainda existentes nestas áreas.
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spelling Avaliação do SNS em Portugal : equidade versus eficiênciaEvaluation of the portuguese NHS : equity versus efficiencyServiço Nacional de SaúdeavaliaçãoequidadeeficiênciaNHSevaluationequityefficiencyRESUMO - O presente artigo propõe-se proceder a uma avaliação do SNS, designadamente no que respeita ao trade-off entre equidade e eficiência, avaliar a qualidade do sistema de saúde através de indicadores subjectivos, de processo e de outcome e proceder à elaboração de um indicador agregado de avaliação da eficiência em Hospitais SA. O conceito de equidade implícito é o de igualdade de resultados, medida através de indicadores de outcome. Foram definidos indicadores para avaliação da actividade hospitalar e da actividade dos centros de saúde, a nível de região e de Sub-Região de Saúde, segundo três perspectivas, designadamente em relação à distribuição da despesa, numa perspectiva de equidade, em relação à avaliação da prestação, numa perspectiva de eficiência, e numa perspectiva de avaliação da qualidade. A igualdade de inputs per capita para iguais necessidades, a nível de Sub-Região de Saúde, foi o conceito escolhido para caracterizar a perspectiva da equidade tanto a nível de hospitais como de centros de saúde. O conceito de eficiência técnica foi o conceito escolhido para caracterizar a perspectiva da eficiência, tendo-se considerado o número de utilizadores em cada uma das actividades hospitalares, designadamente doentes tratados no internamento, sessões em hospital de dia, consultas externas, doentes atendidos na urgência, e o número de utentes inscritos em centros de saúde, como o universo utilizado no cálculo dos indicadores de eficiência. Seleccionaram-se em cada área os indicadores que melhor a caracterizam. Numa perspectiva de equidade, e em relação à actividade hospitalar, foram seleccionadas a despesa com internamento, a despesa com hospital de dia, a despesa com consultas externas, a despesa com urgências, a despesa com obstetrícia, a despesa com intervenções cirúrgicas e a despesa com medicamentos, todas por 1000 habitantes, com base na população de cada sub-região corrigida. Numa perspectiva de equidade, os indicadores seleccionados em relação à actividade dos centros de saúde foram, por outro lado, a despesa com actividades preventivas, a despesa com actividades curativas, a despesa com medicamentos, por principais grupos farmacoterapêuticos, a despesa com análises, a despesa com RX, a despesa com ecografias e a despesa com TAC, todas per capita, com base na população de cada sub-região, igualmente por 1000 habitantes, e corrigida pelo processo anteriormente descrito. Em relação aos Hospitais SA utilizou-se um indicador agregado de avaliação da eficiência que tomou em consideração os indicadores de eficiência, ponderados em função da importância da despesa de cada componente na despesa total, para a totalidade dos Hospitais SA. A nível de Sub-Região de Saúde, os indicadores de eficiência considerados foram corrigidos com o case-mix da sub-região, obtido através da média do ICM das unidades prestadoras de cada sub-região, de forma a ter em atenção diferenças de casuística particularmente importantes a nível hospitalar. Numa perspectiva de eficiência, foi ainda avaliado o impacte na gestão em centros de saúde com base nos indicadores despesa com actividades preventivas, despesa com actividades curativas, despesa com medicamentos, por principais grupos farmacoterapêuticos, despesa com análises, despesa com RX, despesa com ecografias e despesa com TAC, todas por utilizador. Numa perspectiva de qualidade, consideraram-se indicadores subjectivos, indicadores de processo e indicadores de outcome. Quanto aos indicadores subjectivos, foi tomada em consideração a percentagem de população utilizadora que classifica o nível dos serviços como bom ou muito bom, quer em relação ao pessoal técnico, ao pessoal administrativo e aos procedimentos administrativos, como às instalações, quer quanto a hospitais, como a centros de saúde, segundo o último Inquérito Nacional de Saúde 1998/1999. Seleccionaram-se como indicadores de processo em hospitais a percentagem de cirurgias em ambulatório, a percentagem de cesarianas em relação ao total de partos e a taxa de autópsia. Em centros de saúde consideraram-se como indicadores de processo as primeiras consultas de saúde infantil em relação aos nados-vivos, a percentagem de crianças de menos de 1 ano vacinadas contra a hepatite B e a percentagem de crianças vacinadas contra o sarampo no grupo etário 1-2 anos. Seleccionou-se como indicador de outcome em hospitais o número de episódios de internamento por infecções nosocomiais em relação ao total de internamentos. Como indicadores de outcome, em centros de saúde, consideraram- se os indicadores nados-vivos cuja mãe tem idade inferior a 15 anos em relação ao total de nados-vivos, a mortalidade por cancro da mama em relação à população feminina e a mortalidade pós-neonatal. Seleccionou-se como medida de desigualdade o coeficiente de Gini. Calcularam-se coeficientes de Gini relativamente a indicadores de despesa per capita, em que a população foi corrigida segundo os pressupostos anteriores, numa perspectiva de equidade, e em relação a indicadores de outcome. Na impossibilidade de cálculo de coeficientes de Gini em relação a indicadores de eficiência e a indicadores de qualidade (processo), utilizaram-se ainda como medidas de desigualdade o coeficiente de variação e a razão entre valores extremos. Mesmo que não se possa estabelecer uma relação de causa- -efeito, a análise dos hospitais evidencia que duas sub- -regiões de saúde, designadamente Aveiro e Braga, apresentam um trade-off entre equidade e eficiência, por serem aquelas com piores indicadores numa perspectiva de equidade e simultaneamente aquelas com melhores indicadores de eficiência. Dever-se-á realizar uma correcção progressiva na distribuição da despesa corrente nestas sub-regiões, principalmente à custa da Sub-Região de Saúde de Coimbra. O indicador agregado de eficiência, corrigido com o ICM, em Hospitais SA deverá ser comparado apenas dentro do mesmo grupo de hospitais com um número de camas e um número de doentes tratados semelhantes (Barcelos, Bragança, Aveiro e Santa Marta são os hospitais mais eficientes em cada um dos quatro grupos de hospitais considerados). Numa perspectiva de qualidade, e em relação à satisfação da população com os serviços prestados pelos hospitais, é relativamente ao pessoal administrativo e a procedimentos administrativos que o nível de satisfação é menor, o que demonstra a necessidade de cursos de formação nesta área. Dever-se-á dar prioridade à melhoria das infra-estruturas na Região de Lisboa e Vale do Tejo devido ao baixo nível de satisfação da população evidenciado nesta região. Entre os indicadores de processo considerados, a percentagem de cirurgias em ambulatório evidencia elevadas desigualdades. Embora não se possa estabelecer uma relação de causa- -efeito, na análise dos centros de saúde as Sub-Regiões de Saúde do Porto, Braga e Bragança evidenciam um trade-off entre equidade e eficiência, por serem aquelas que apresentam piores indicadores numa perspectiva de equidade e simultaneamente melhores indicadores de eficiência. Dever-se-á realizar uma correcção progressiva na distribuição da despesa corrente nestas sub-regiões, realizando-se uma transferência da Sub-Região de Saúde de Lisboa, que é sobrefinanciada. Mesmo que em cuidados de saúde primários seja a despesa com medicamentos aquela que apresenta uma melhor distribuição, alguns grupos de medicamentos necessitam ainda de uma correcção, designadamente anticoagulantes, hormonas da tiróide e antidepressivos. A despesa com TAC e RX necessita ainda de uma definição de normas que permita corrigir desigualdades ainda existentes nestas áreas.ABSTRACT - The main aim of this article is to evaluate the hospital and health centres expenditure allocation in terms of its impact in the population, in an equity perspective, and at the same time to evaluate its managerial impact in an efficiency perspective. It has also the purpose of evaluating the quality of the health system using subjective indicators, process indicators and outcome indicators. An efficiency indicator has also been calculated for hospitals publicly owned with private management (Hospitals AS). The concept of equity implicit in this research project is the equality of results, measured by outcome indicators. The equality of inputs per capita for equal need has been also used to evaluate the hospital and health centre expenditure allocation. The population has been corrected according to the relative need, at sub-region level, measured in terms of age and sex, rates of utilisation of health services on the main areas (inpatient care, day hospital, outpatient care, and emergency care, for hospitals; preventive activities and curative activities, for health centres) and the health status. The health status, at sub-region level, has been measured according to the infant mortality rate (children less than 1 year old), mortality rate 1-4 years old (children of this age group) and SMR 5-64 years old for males and females in this age group. The income level has been also considered in what concerns primary health care services as a proxis for extra need in what concerns preventive activities. The level of coverage of the population by the health services has been also used as a correction. This is an innovation relatively to the RAWP formula. The main principle under this correction is that there is no need to finance health services that have already attained a high coverage of the population. If inequalities in the health status still persist there is a need for an intervention outside the health system (life styles, education, income distribution). In hospitals the indicators considered in this correction have been the number of treated patients by 1000 inhabitants, for inpatient care; the number of outpatient consultations per capita, for outpatient care; the emergency consultations per capita, for emergency care; and the number of day hospital sessions, for day hospital care. In health centres the indicators considered have been the first consultations of new born by new born; the % of vaccinated children against measles in the age group 12-23 months; the number of consultations of maternal health and family planning per capita; and the number of adult consultations and drugs packages per capita. In an efficiency perspective the concept of technical efficiency has been chosen, and a correction has been made, as well, in what concerns a case-mix index (CMI) at sub-region level. The indicators have been calculated by user in what concerns the main hospital activities (the expenditure in inpatient care by treated patient, in day hospital by session, in outpatient care by consultation, etc.). A correction has also been made relatively to the origin of the patients in central hospitals. In health centres the indicators considered have been the expenditure by user in preventive and curative activities, and relatively to the main drug groups, and to analysis, X ray, ecographies and CAT. Relatively to Hospitals AS, a composite indicator of efficiency has been calculated, which included indicators concerned with the main activities of the hospital, and as well the auxiliary sections of clinic support and the hotel support services, weighted according to the relevance of its expenditure in total expenditure. A case-mix index has also been considered to correct the composite indicator of efficiency. In an quality perspective three types of indicators have been considered: subjective indicators, process indicators and outcome indicators. Subjective indicators (% of the population which classifies the level of services as good or very good, relatively to technical staff, administrative staff and infrastructure) have been collected in the last National Health Survey. Process indicators (% of surgeries in ambulatory, % of caesareans in total deliveries and the rate of autopsy) have been calculated at sub-region level for hospitals. In health centres the % of first consultations of new born by new born, the % of children less than 1 year old vaccinated against hepatitis B, and the % of children in the age group 1-2 years vaccinated against measles have been considered, at sub-region level. The outcome indicators number of episodes of inpatient care due to nosocomial infection in total days of inpatient care, relatively to hospitals, and new born in mothers less than 15 years old, mortality due to breast cancer in females. And post neonatal mortality, relatively to health centres, have been considered, at sub-region level. The Gini coefficient has been selected as an inequality measure. In the hospitals analysis two health sub-regions (Aveiro and Braga) show a trade-off between equity and efficiency, being those with worst indicators in what equity is concerned and those that show better efficiency indicators. A progressive correction in the allocation of current expenditure should be made in these sub-regions, making a money transfer from the Coimbra Sub-Region current health expenditure, which is over funded. The indicator of efficiency, corrected with the case-mix in Hospitals AS, should be compared only for hospitals within the same group, with a similar number of beds and treated patients (Barcelos, Bragança, Aveiro and Santa Marta are the most efficient hospitals in each of the four groups). In a quality perspective and in what concerns the level of satisfaction of the population with hospital services it is relatively to administrative staff and administrative proceedings that the level of satisfaction is lower, what shows a need for training courses in this area. A priority should be given to the improvement of the infrastructure in the Lisbon Region, due to the fact that the level of satisfaction of the population with hospital services, in what concerns to the conditions of the buildings, is lower in this region. Between the considered process indicators the percentage of ambulatory surgeries shows high inequalities, which explains partially the existing inefficiencies in this area. In the health centres analysis three health sub-regions (Porto, Braga and Bragança) show a trade-off between equity and efficiency, being those with the worst indicators in what equity is concerned and also those that show better efficiency indicators. A progressive correction in the allocation of current health expenditure should be made in these sub-regions, making a money transfer mainly from the Lisbon Region, which is the most over funded. Even if it is the expenditure with drugs the one which shows a better allocation, in what primary health care is concerned, in some drug groups a correction should be made (mainly anticoagulants, thyroid hormones and antidepressants). The expenditure with CAT and X Ray needs also the definition of norms.Universidade Nova de Lisboa, Escola Nacional de Saúde PúblicaRUNGiraldes, Maria do Rosário2020-05-19T15:46:24Z2005-072005-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/97941porGiraldes, Maria do Rosário - Avaliação do SNS em Portugal : equidade versus eficiência = Evaluation of the portuguese NHS : equity versus efficiency. Revista Portuguesa de Saúde Pública. ISSN 0870-9025. Vol. 23, Nº. 2 (Julho/Dezembro 2005), p. 21-440870-9025info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:44:48Zoai:run.unl.pt:10362/97941Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:38:52.543239Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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description RESUMO - O presente artigo propõe-se proceder a uma avaliação do SNS, designadamente no que respeita ao trade-off entre equidade e eficiência, avaliar a qualidade do sistema de saúde através de indicadores subjectivos, de processo e de outcome e proceder à elaboração de um indicador agregado de avaliação da eficiência em Hospitais SA. O conceito de equidade implícito é o de igualdade de resultados, medida através de indicadores de outcome. Foram definidos indicadores para avaliação da actividade hospitalar e da actividade dos centros de saúde, a nível de região e de Sub-Região de Saúde, segundo três perspectivas, designadamente em relação à distribuição da despesa, numa perspectiva de equidade, em relação à avaliação da prestação, numa perspectiva de eficiência, e numa perspectiva de avaliação da qualidade. A igualdade de inputs per capita para iguais necessidades, a nível de Sub-Região de Saúde, foi o conceito escolhido para caracterizar a perspectiva da equidade tanto a nível de hospitais como de centros de saúde. O conceito de eficiência técnica foi o conceito escolhido para caracterizar a perspectiva da eficiência, tendo-se considerado o número de utilizadores em cada uma das actividades hospitalares, designadamente doentes tratados no internamento, sessões em hospital de dia, consultas externas, doentes atendidos na urgência, e o número de utentes inscritos em centros de saúde, como o universo utilizado no cálculo dos indicadores de eficiência. Seleccionaram-se em cada área os indicadores que melhor a caracterizam. Numa perspectiva de equidade, e em relação à actividade hospitalar, foram seleccionadas a despesa com internamento, a despesa com hospital de dia, a despesa com consultas externas, a despesa com urgências, a despesa com obstetrícia, a despesa com intervenções cirúrgicas e a despesa com medicamentos, todas por 1000 habitantes, com base na população de cada sub-região corrigida. Numa perspectiva de equidade, os indicadores seleccionados em relação à actividade dos centros de saúde foram, por outro lado, a despesa com actividades preventivas, a despesa com actividades curativas, a despesa com medicamentos, por principais grupos farmacoterapêuticos, a despesa com análises, a despesa com RX, a despesa com ecografias e a despesa com TAC, todas per capita, com base na população de cada sub-região, igualmente por 1000 habitantes, e corrigida pelo processo anteriormente descrito. Em relação aos Hospitais SA utilizou-se um indicador agregado de avaliação da eficiência que tomou em consideração os indicadores de eficiência, ponderados em função da importância da despesa de cada componente na despesa total, para a totalidade dos Hospitais SA. A nível de Sub-Região de Saúde, os indicadores de eficiência considerados foram corrigidos com o case-mix da sub-região, obtido através da média do ICM das unidades prestadoras de cada sub-região, de forma a ter em atenção diferenças de casuística particularmente importantes a nível hospitalar. Numa perspectiva de eficiência, foi ainda avaliado o impacte na gestão em centros de saúde com base nos indicadores despesa com actividades preventivas, despesa com actividades curativas, despesa com medicamentos, por principais grupos farmacoterapêuticos, despesa com análises, despesa com RX, despesa com ecografias e despesa com TAC, todas por utilizador. Numa perspectiva de qualidade, consideraram-se indicadores subjectivos, indicadores de processo e indicadores de outcome. Quanto aos indicadores subjectivos, foi tomada em consideração a percentagem de população utilizadora que classifica o nível dos serviços como bom ou muito bom, quer em relação ao pessoal técnico, ao pessoal administrativo e aos procedimentos administrativos, como às instalações, quer quanto a hospitais, como a centros de saúde, segundo o último Inquérito Nacional de Saúde 1998/1999. Seleccionaram-se como indicadores de processo em hospitais a percentagem de cirurgias em ambulatório, a percentagem de cesarianas em relação ao total de partos e a taxa de autópsia. Em centros de saúde consideraram-se como indicadores de processo as primeiras consultas de saúde infantil em relação aos nados-vivos, a percentagem de crianças de menos de 1 ano vacinadas contra a hepatite B e a percentagem de crianças vacinadas contra o sarampo no grupo etário 1-2 anos. Seleccionou-se como indicador de outcome em hospitais o número de episódios de internamento por infecções nosocomiais em relação ao total de internamentos. Como indicadores de outcome, em centros de saúde, consideraram- se os indicadores nados-vivos cuja mãe tem idade inferior a 15 anos em relação ao total de nados-vivos, a mortalidade por cancro da mama em relação à população feminina e a mortalidade pós-neonatal. Seleccionou-se como medida de desigualdade o coeficiente de Gini. Calcularam-se coeficientes de Gini relativamente a indicadores de despesa per capita, em que a população foi corrigida segundo os pressupostos anteriores, numa perspectiva de equidade, e em relação a indicadores de outcome. Na impossibilidade de cálculo de coeficientes de Gini em relação a indicadores de eficiência e a indicadores de qualidade (processo), utilizaram-se ainda como medidas de desigualdade o coeficiente de variação e a razão entre valores extremos. Mesmo que não se possa estabelecer uma relação de causa- -efeito, a análise dos hospitais evidencia que duas sub- -regiões de saúde, designadamente Aveiro e Braga, apresentam um trade-off entre equidade e eficiência, por serem aquelas com piores indicadores numa perspectiva de equidade e simultaneamente aquelas com melhores indicadores de eficiência. Dever-se-á realizar uma correcção progressiva na distribuição da despesa corrente nestas sub-regiões, principalmente à custa da Sub-Região de Saúde de Coimbra. O indicador agregado de eficiência, corrigido com o ICM, em Hospitais SA deverá ser comparado apenas dentro do mesmo grupo de hospitais com um número de camas e um número de doentes tratados semelhantes (Barcelos, Bragança, Aveiro e Santa Marta são os hospitais mais eficientes em cada um dos quatro grupos de hospitais considerados). Numa perspectiva de qualidade, e em relação à satisfação da população com os serviços prestados pelos hospitais, é relativamente ao pessoal administrativo e a procedimentos administrativos que o nível de satisfação é menor, o que demonstra a necessidade de cursos de formação nesta área. Dever-se-á dar prioridade à melhoria das infra-estruturas na Região de Lisboa e Vale do Tejo devido ao baixo nível de satisfação da população evidenciado nesta região. Entre os indicadores de processo considerados, a percentagem de cirurgias em ambulatório evidencia elevadas desigualdades. Embora não se possa estabelecer uma relação de causa- -efeito, na análise dos centros de saúde as Sub-Regiões de Saúde do Porto, Braga e Bragança evidenciam um trade-off entre equidade e eficiência, por serem aquelas que apresentam piores indicadores numa perspectiva de equidade e simultaneamente melhores indicadores de eficiência. Dever-se-á realizar uma correcção progressiva na distribuição da despesa corrente nestas sub-regiões, realizando-se uma transferência da Sub-Região de Saúde de Lisboa, que é sobrefinanciada. Mesmo que em cuidados de saúde primários seja a despesa com medicamentos aquela que apresenta uma melhor distribuição, alguns grupos de medicamentos necessitam ainda de uma correcção, designadamente anticoagulantes, hormonas da tiróide e antidepressivos. A despesa com TAC e RX necessita ainda de uma definição de normas que permita corrigir desigualdades ainda existentes nestas áreas.
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