Alterações epigenéticas no abortamento espontâneo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vasconcelos, Sara Virgínia Fernandes Sampaio de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/9303
Resumo: O abortamento espontâneo é considerado a complicação mais comum na gravidez. Embora apresente uma natureza heterogénea, as razões por trás de 40-50% dos abortamentos espontâneos recorrentes são ainda mal compreendidas. A epigenética tem um papel central na regulação do crescimento e desenvolvimento fetal e, por isso, torna-se relevante o estudo do papel da epigenética na etiologia da perda de gravidez humana. Os genes de imprinting estão descritos como genes cruciais no desenvolvimento intrauterino, surgindo como possíveis candidatos para este estudo. De acordo com a origem parental, a expressão destes genes pode ser controlada pela metilação do DNA, através de regiões diferencialmente metiladas. Além disso, recentemente, foi descrita outra modificação epigenética, a 5-hidroximetilcitosina (5- hmC), mas o seu papel desempenhado durante a gravidez ainda é pouco compreendido. O objetivo principal deste estudo foi encontrar possíveis alterações epigenéticas em placenta e em tecido fetal derivadas de produtos de abortamento espontâneo idiopático (AEI) do segundo trimestre da gravidez, de modo, a contribuir-se para um aumento do conhecimento da etiologia da perda de gravidez humana. Para realizar o objetivo proposto, foram selecionadas um total de 70 amostras de placenta e tecido fetal de gestações perdidas entre as 12 e as 24 semanas de gestação. A análise da expressão de genes envolvidos na metilação (DNMTs) e na hidroximetilação (TETs), de seis genes de imprinting (IGF2, CDKN1C, KCNQ1, PHLDA2, MEST e PEG10) e de um gene não-imprinting (LEP) foi realizada. Além disso, foram estudados padrões de metilação de uma região promotora do gene MEST e de duas regiões controlo de imprinting (H19 DMR e KvDMR1), assim como também os níveis globais de 5-hmC na placenta e no tecido fetal de AEI. Tanto a expressão dos genes codificantes das enzimas TET como das enzimas DNMTs revelou estar desregulada nas amostras de AEI, o que sugeriu a existência de uma dinâmica rede epigenética envolvida no abortamento espontâneo. Foram também observadas mudanças na expressão de três genes de imprinting, uma subexpressão do MEST e uma sobre-expressão do IGF2 e do CDKN1C. O IGF2 mostrou desempenhar um papel crucial tanto no desenvolvimento placentário como no desenvolvimento fetal, pelo menos durante o segundo trimestre de gravidez. A ausência de uma possível associação significativa entre a expressão génica e o perfil de metilação pode ser justificada pelo número reduzido de amostras ou pela ação de outro mecanismo epigenético. Pela primeira vez, os níveis globais de 5-hmC foram avaliados em ambos os tecidos (placenta e tecido fetal) derivados de AEI, sendo que se revelaram mais elevados no tecido placentário. Além destes resultados, mudanças na expressão do gene LEP também foram observadas, o que sublinhou a complexidade molecular subjacente ao abortamento espontâneo humano. Em conclusão, os resultados obtidos durante este trabalho demonstraram uma possível desregulação epigenética no AEI que, juntamente com outros mecanismos moleculares, podem conduzir em última instância à perda da gravidez ou ser apenas uma consequência de um desenvolvimento anormal da gravidez.
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Além disso, recentemente, foi descrita outra modificação epigenética, a 5-hidroximetilcitosina (5- hmC), mas o seu papel desempenhado durante a gravidez ainda é pouco compreendido. O objetivo principal deste estudo foi encontrar possíveis alterações epigenéticas em placenta e em tecido fetal derivadas de produtos de abortamento espontâneo idiopático (AEI) do segundo trimestre da gravidez, de modo, a contribuir-se para um aumento do conhecimento da etiologia da perda de gravidez humana. Para realizar o objetivo proposto, foram selecionadas um total de 70 amostras de placenta e tecido fetal de gestações perdidas entre as 12 e as 24 semanas de gestação. A análise da expressão de genes envolvidos na metilação (DNMTs) e na hidroximetilação (TETs), de seis genes de imprinting (IGF2, CDKN1C, KCNQ1, PHLDA2, MEST e PEG10) e de um gene não-imprinting (LEP) foi realizada. Além disso, foram estudados padrões de metilação de uma região promotora do gene MEST e de duas regiões controlo de imprinting (H19 DMR e KvDMR1), assim como também os níveis globais de 5-hmC na placenta e no tecido fetal de AEI. Tanto a expressão dos genes codificantes das enzimas TET como das enzimas DNMTs revelou estar desregulada nas amostras de AEI, o que sugeriu a existência de uma dinâmica rede epigenética envolvida no abortamento espontâneo. Foram também observadas mudanças na expressão de três genes de imprinting, uma subexpressão do MEST e uma sobre-expressão do IGF2 e do CDKN1C. O IGF2 mostrou desempenhar um papel crucial tanto no desenvolvimento placentário como no desenvolvimento fetal, pelo menos durante o segundo trimestre de gravidez. A ausência de uma possível associação significativa entre a expressão génica e o perfil de metilação pode ser justificada pelo número reduzido de amostras ou pela ação de outro mecanismo epigenético. Pela primeira vez, os níveis globais de 5-hmC foram avaliados em ambos os tecidos (placenta e tecido fetal) derivados de AEI, sendo que se revelaram mais elevados no tecido placentário. Além destes resultados, mudanças na expressão do gene LEP também foram observadas, o que sublinhou a complexidade molecular subjacente ao abortamento espontâneo humano. Em conclusão, os resultados obtidos durante este trabalho demonstraram uma possível desregulação epigenética no AEI que, juntamente com outros mecanismos moleculares, podem conduzir em última instância à perda da gravidez ou ser apenas uma consequência de um desenvolvimento anormal da gravidez.Spontaneous miscarriage is considered the most common complication in pregnancy. Despite its heterogeneous nature, the reasons behind 40-50% of recurrent miscarriages are still poorly understood. Given the fundamental role of epigenetics in the regulation of growth and fetal development, it becomes important to study its influence in human spontaneous pregnancy losses. Imprinted genes are described as crucial for intrauterine development, making them possible candidates for this study. The expression of these genes is regulated by DNA methylation, through differential methylation in the two parental alleles. Moreover, the new epigenetic modification, 5-Hydroxymethylcytosine (5-hmC), was recently described, but its role in pregnancy is not well understood. The aim of this study was to find epigenetic alterations in the placental and fetal tissue from idiopathic spontaneous abortion (ISA) products from the second trimester of pregnancy, in order to extend the knowledge of the etiology of human pregnancy losses. In this study, a total of 70 placental and fetal tissue samples from pregnancies loss between 12 and 24 weeks of gestation were colleted. Gene expression analysis of the genes involved in methylation (DNMTs) and hydroxymethylation (TETs), six imprinted genes (IGF2, CDKN1C, KCNQ1, PHLDA2, MEST and PEG10) and one non-imprited gene (LEP) was performed. Methylation patterns of a promoter region of the MEST gene and of two imprinting control regions (H19 DMR and KvDMR1), as well as the global levels of 5-hmC in placental and fetal tissue from ISA were also studied. The expression of the genes encoding the TET and the DNMT enzymes revealed to be unregulated in the ISA samples, which suggests the existence of a dynamic epigenetic network involved in spontaneous abortion. Changes in the expression of three imprinted genes, downregulation of the MEST and upregulation of IGF2 and CDKN1C, were also observed. IGF2 appears to play a crucial role in both placental and fetal development, at least during the second trimester of pregnancy. The absence of a possible significant association between gene expression and methylation profile can be justified by the reduced number of samples or by the action of another epigenetic mechanism. For the first time, global levels of 5-hmC were evaluated in both tissues (placental and fetal tissue) derived from ISA, which were found to be higher in placental tissue. In addition to these results, changes in LEP gene expression were also observed, which underlines the molecular complexity underlying human spontaneous abortion. In conclusion, the results obtained during this work demonstrated a possible epigenetic deregulation in ISA that, together with other molecular mechanisms, may ultimately lead to the loss of pregnancy or be only a consequence of an abnormal development of pregnancy.2019-05-27T11:34:40Z2019-02-27T00:00:00Z2019-02-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/9303porVasconcelos, Sara Virgínia Fernandes Sampaio deinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:42:34Zoai:repositorio.utad.pt:10348/9303Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:03:09.998380Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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