Identidades nacionais e memória social: hegemonia e polémica nas representações sociais da história

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cabecinhas, Rosa
Data de Publicação: 2006
Outros Autores: Lima, Marcus, Chaves, Antônio M.
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/1822/6165
Resumo: O modo como os grupos nacionais representam a sua história é fundamental na definição da sua própria identidade. As representações do passado determinam a forma como cada grupo se posiciona no presente e as suas estratégias para o futuro. Nesta comunicação examinamos os resultados de um inquérito realizado junto de jovens em dois países, cuja história é marcada por uma longa relação de interdependência: Portugal e Brasil. Em cada país, analisámos as representações dos jovens sobre a história da humanidade, em geral, e a história nacional do respectivo país, em particular. Investigámos as representações hegemónicas e polémicas sobre a história, o papel da identidade social e as emoções associadas aos acontecimentos e às personalidades considerados mais marcantes. Tal como nas pesquisas realizadas noutros países, os nossos resultados demonstram um forte eurocentrismo e androcentrismo nas representações partilhadas da história da humanidade. Os acontecimentos considerados mais marcantes, tanto por brasileiros como por portugueses, estão relacionados com guerras e com a dominância dos países ocidentais. Na análise dos dados, demos especial relevo às representações dos brasileiros e dos portugueses sobre os descobrimentos, o colonialismo e a descolonização. Para os jovens portugueses, os descobrimentos portugueses surgem como o quarto acontecimento mais importante na história da humanidade e diversos estadistas e navegadores portugueses aparecem entre as personalidades mais marcantes. Estes jovens consideram que os descobrimentos tiveram um impacto positivo para toda a humanidade, associando-lhes emoções positivas: orgulho, admiração e felicidade. Em contrapartida, para os jovens brasileiros, ainda que os descobrimentos estejam entre os acontecimentos mais importantes da história da humanidade, o seu impacto na história afigura-se como muito mais polémico, sobretudo no contexto da história do Brasil. Muitos jovens brasileiros associam emoções fortemente negativas a estes acontecimentos: revolta, indignação, vergonha. Estes sentimentos sobre o passado são acompanhados por uma forte identificação étnica, o que se reflecte igualmente na evocação dos heróis da nação.
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Tal como nas pesquisas realizadas noutros países, os nossos resultados demonstram um forte eurocentrismo e androcentrismo nas representações partilhadas da história da humanidade. Os acontecimentos considerados mais marcantes, tanto por brasileiros como por portugueses, estão relacionados com guerras e com a dominância dos países ocidentais. Na análise dos dados, demos especial relevo às representações dos brasileiros e dos portugueses sobre os descobrimentos, o colonialismo e a descolonização. Para os jovens portugueses, os descobrimentos portugueses surgem como o quarto acontecimento mais importante na história da humanidade e diversos estadistas e navegadores portugueses aparecem entre as personalidades mais marcantes. Estes jovens consideram que os descobrimentos tiveram um impacto positivo para toda a humanidade, associando-lhes emoções positivas: orgulho, admiração e felicidade. Em contrapartida, para os jovens brasileiros, ainda que os descobrimentos estejam entre os acontecimentos mais importantes da história da humanidade, o seu impacto na história afigura-se como muito mais polémico, sobretudo no contexto da história do Brasil. Muitos jovens brasileiros associam emoções fortemente negativas a estes acontecimentos: revolta, indignação, vergonha. Estes sentimentos sobre o passado são acompanhados por uma forte identificação étnica, o que se reflecte igualmente na evocação dos heróis da nação.The way national groups represent their history is paramount for their own identities’ outlining. Representations about the past determine the way each group stands in the present and strategically looks for the future. In this paper we analyse the findings of a survey applied to young people from two countries, which history is influenced by a long interdependence relationship: Portugal and Brazil. In each of these countries, we analysed the youngsters’ representations of the world history and their representations of their own country’s history. We studied history’s polemic and hegemonic representations, the role of social identity and feelings associated with events and people perceived as the most relevant ones. Similarly to researches carried through in different countries, our findings reveal a strong eurocentrism and androcentrism displayed in shared representations of the world history. Events considered as key by both Brazilian and Portuguese are related with wars and the dominance of occidental countries. When analysing the data, we emphasised Brazilian and Portuguese representations on the Portuguese discoveries, colonialism and decolonisation. According to Portuguese participants, Portuguese discoveries are the fourth most important event in the world history, and a number of Portuguese statesmen and discoverers come out among the most relevant people. These youngsters think the Portuguese discoveries had a positive impact to humankind as a whole, associating them with positive feelings: pride, admiration and happiness. On the other hand, for Brazilian youngsters, although Portuguese discoveries are among the most relevant events in the world history, their impact is considered much more controversial, especially as far as Brazil’s history is concerned. Many Brazilian youngsters associate this event with strongly negative feelings: anger, indignation, shame. These feelings about the Past are equally associated with a strong ethnic identification, which also reflects itself on the evocation of the nation’s heroes. Key-words: social identity; social memory; social representationsCeltaUniversidade do MinhoCabecinhas, RosaLima, MarcusChaves, Antônio M.20062006-01-01T00:00:00Zbook partinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://hdl.handle.net/1822/6165porMIRANDA, Joana ; JOÃO, Maria Isabel, ed. lit. - “Identidades nacionais em debate”. Oeiras : Celta, 2006.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-05-11T04:39:06Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/6165Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-05-11T04:39:06Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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