De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa»
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/23168 |
Resumo: | A presente dissertação tem como objecto de estudo o Hospital Real de Todos-os- Santos e a sua actividade no terceiro quartel do século XVIII, numa leitura que não partilha da interpretação. difundida por alguns trabalhos historiográficos, de que o Terramoto de 1755 ditou, pela escala de destruição que lhe está associada, o fim da instituição. O Hospital Real de Todos-os-Santos, fundado em Lisboa, em 1492, por D. João II, surgiu no âmbito da reforma dos pequenos e inoperantes hospitais medievais. Primeira grande estrutura hospitalar de uma Lisboa cosmopolita que se assume como plataforma de contacto entre o velho e o novo mundo, o Hospital revela influência indiscutível da arquitectura hospitalar de tipologia cruciforme, cuja origem se enquadra no Quattroeento florentino, bem como uma percepção humanista do homem, enquanto ser a quem devem ser facultadas respostas terrenas à dor, ao sofrimento, à marginalização. Instituição de iniciativa régia, o que a distingue das suas congéneres ocidentais, o Hospital Real de Todos-os-Santos assumiu-se como uma das primeiras instituições hospitalares medicalizadas do seu tempo, distinguindo de forma muito clara. o que é inovador, a prestação de cuidados hospitalares tendentes a promover a recuperação do enfermo, de intervenções outras. a situar no campo da assistência social. A partir de documentação integrada no fundo documental «Hospital de S. José» e do trabalho de autores de referência como Augusto da Silva Carvalho, Fernando da Silva Correia e Mário Carmona, o presente estudo esboça um quadro geral sobre os mais de dois séculos e meio de vida da instituição, defendendo que o «esprital grande de Lixboa» continuou a ser, até à abertura do hospital Real de S. José, em 1775, a instituição primeira no que concerne à prestação de cuidados de saúde em Lisboa. A abordagem ás duas décadas que medeiam entre 1755 e 1775 revela não um estabelecimento hospitalar que a catástrofe de 1 de Novembro eclipsou, mas uma instituição que respondeu positivamente ás medidas de emergência tomadas pelo gabinete de Sebastião José de Carvalho e Melo. Contrastando com a ideia de destruição do edificado e de anarquia administrativa, o acervo documental disponibiliza inequívocos sinais de permanência. O Hospital reconstruíu muitos dos espaços destruídos a contratação de pessoal não cessou, os objectivos institucionais mantiveram-se intactos: prestar, com a dignidade possível, cuidados de saúde. em múltiplas valências. à população lisboeta, com particular ênfase para os enfermos pobres: na vertente pedagógica, manter o ensino da cirurgia e a formacão empírica de pessoal hospitalar. com destaque para ajudantes e enfermeiros. 0 estudo sustenta afínal que o fim do velho Hospital do Rossio se prende não à acção das catástrofes que ao longo dos anos o atingiram, mas antes às exigências de uma iluminista cidade nova que vê no Rossio um dos seus mais significativos espaços de sociabilização. |
id |
RCAP_c0454aec8eaebeac6204aada48221d94 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:run.unl.pt:10362/23168 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa»Hospital Real de Todos os SantosHospitaisPrestação de cuidados de saúdeMedicinaInstituições de ensinoCirurgiaAssistência socialHistória localTerramoto 1755Domínio/Área Científica::Humanidades::História e ArqueologiaA presente dissertação tem como objecto de estudo o Hospital Real de Todos-os- Santos e a sua actividade no terceiro quartel do século XVIII, numa leitura que não partilha da interpretação. difundida por alguns trabalhos historiográficos, de que o Terramoto de 1755 ditou, pela escala de destruição que lhe está associada, o fim da instituição. O Hospital Real de Todos-os-Santos, fundado em Lisboa, em 1492, por D. João II, surgiu no âmbito da reforma dos pequenos e inoperantes hospitais medievais. Primeira grande estrutura hospitalar de uma Lisboa cosmopolita que se assume como plataforma de contacto entre o velho e o novo mundo, o Hospital revela influência indiscutível da arquitectura hospitalar de tipologia cruciforme, cuja origem se enquadra no Quattroeento florentino, bem como uma percepção humanista do homem, enquanto ser a quem devem ser facultadas respostas terrenas à dor, ao sofrimento, à marginalização. Instituição de iniciativa régia, o que a distingue das suas congéneres ocidentais, o Hospital Real de Todos-os-Santos assumiu-se como uma das primeiras instituições hospitalares medicalizadas do seu tempo, distinguindo de forma muito clara. o que é inovador, a prestação de cuidados hospitalares tendentes a promover a recuperação do enfermo, de intervenções outras. a situar no campo da assistência social. A partir de documentação integrada no fundo documental «Hospital de S. José» e do trabalho de autores de referência como Augusto da Silva Carvalho, Fernando da Silva Correia e Mário Carmona, o presente estudo esboça um quadro geral sobre os mais de dois séculos e meio de vida da instituição, defendendo que o «esprital grande de Lixboa» continuou a ser, até à abertura do hospital Real de S. José, em 1775, a instituição primeira no que concerne à prestação de cuidados de saúde em Lisboa. A abordagem ás duas décadas que medeiam entre 1755 e 1775 revela não um estabelecimento hospitalar que a catástrofe de 1 de Novembro eclipsou, mas uma instituição que respondeu positivamente ás medidas de emergência tomadas pelo gabinete de Sebastião José de Carvalho e Melo. Contrastando com a ideia de destruição do edificado e de anarquia administrativa, o acervo documental disponibiliza inequívocos sinais de permanência. O Hospital reconstruíu muitos dos espaços destruídos a contratação de pessoal não cessou, os objectivos institucionais mantiveram-se intactos: prestar, com a dignidade possível, cuidados de saúde. em múltiplas valências. à população lisboeta, com particular ênfase para os enfermos pobres: na vertente pedagógica, manter o ensino da cirurgia e a formacão empírica de pessoal hospitalar. com destaque para ajudantes e enfermeiros. 0 estudo sustenta afínal que o fim do velho Hospital do Rossio se prende não à acção das catástrofes que ao longo dos anos o atingiram, mas antes às exigências de uma iluminista cidade nova que vê no Rossio um dos seus mais significativos espaços de sociabilização.Cardim, PedroRUNPacheco, António Fernando Bento2017-09-12T09:57:34Z2008-12-122008-062008-12-12T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/23168porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:11:19Zoai:run.unl.pt:10362/23168Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:27:40.588327Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa» |
title |
De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa» |
spellingShingle |
De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa» Pacheco, António Fernando Bento Hospital Real de Todos os Santos Hospitais Prestação de cuidados de saúde Medicina Instituições de ensino Cirurgia Assistência social História local Terramoto 1755 Domínio/Área Científica::Humanidades::História e Arqueologia |
title_short |
De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa» |
title_full |
De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa» |
title_fullStr |
De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa» |
title_full_unstemmed |
De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa» |
title_sort |
De Todos-Os-Santos a São José : textos e contextos do «esprital grande de Lixboa» |
author |
Pacheco, António Fernando Bento |
author_facet |
Pacheco, António Fernando Bento |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Cardim, Pedro RUN |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Pacheco, António Fernando Bento |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Hospital Real de Todos os Santos Hospitais Prestação de cuidados de saúde Medicina Instituições de ensino Cirurgia Assistência social História local Terramoto 1755 Domínio/Área Científica::Humanidades::História e Arqueologia |
topic |
Hospital Real de Todos os Santos Hospitais Prestação de cuidados de saúde Medicina Instituições de ensino Cirurgia Assistência social História local Terramoto 1755 Domínio/Área Científica::Humanidades::História e Arqueologia |
description |
A presente dissertação tem como objecto de estudo o Hospital Real de Todos-os- Santos e a sua actividade no terceiro quartel do século XVIII, numa leitura que não partilha da interpretação. difundida por alguns trabalhos historiográficos, de que o Terramoto de 1755 ditou, pela escala de destruição que lhe está associada, o fim da instituição. O Hospital Real de Todos-os-Santos, fundado em Lisboa, em 1492, por D. João II, surgiu no âmbito da reforma dos pequenos e inoperantes hospitais medievais. Primeira grande estrutura hospitalar de uma Lisboa cosmopolita que se assume como plataforma de contacto entre o velho e o novo mundo, o Hospital revela influência indiscutível da arquitectura hospitalar de tipologia cruciforme, cuja origem se enquadra no Quattroeento florentino, bem como uma percepção humanista do homem, enquanto ser a quem devem ser facultadas respostas terrenas à dor, ao sofrimento, à marginalização. Instituição de iniciativa régia, o que a distingue das suas congéneres ocidentais, o Hospital Real de Todos-os-Santos assumiu-se como uma das primeiras instituições hospitalares medicalizadas do seu tempo, distinguindo de forma muito clara. o que é inovador, a prestação de cuidados hospitalares tendentes a promover a recuperação do enfermo, de intervenções outras. a situar no campo da assistência social. A partir de documentação integrada no fundo documental «Hospital de S. José» e do trabalho de autores de referência como Augusto da Silva Carvalho, Fernando da Silva Correia e Mário Carmona, o presente estudo esboça um quadro geral sobre os mais de dois séculos e meio de vida da instituição, defendendo que o «esprital grande de Lixboa» continuou a ser, até à abertura do hospital Real de S. José, em 1775, a instituição primeira no que concerne à prestação de cuidados de saúde em Lisboa. A abordagem ás duas décadas que medeiam entre 1755 e 1775 revela não um estabelecimento hospitalar que a catástrofe de 1 de Novembro eclipsou, mas uma instituição que respondeu positivamente ás medidas de emergência tomadas pelo gabinete de Sebastião José de Carvalho e Melo. Contrastando com a ideia de destruição do edificado e de anarquia administrativa, o acervo documental disponibiliza inequívocos sinais de permanência. O Hospital reconstruíu muitos dos espaços destruídos a contratação de pessoal não cessou, os objectivos institucionais mantiveram-se intactos: prestar, com a dignidade possível, cuidados de saúde. em múltiplas valências. à população lisboeta, com particular ênfase para os enfermos pobres: na vertente pedagógica, manter o ensino da cirurgia e a formacão empírica de pessoal hospitalar. com destaque para ajudantes e enfermeiros. 0 estudo sustenta afínal que o fim do velho Hospital do Rossio se prende não à acção das catástrofes que ao longo dos anos o atingiram, mas antes às exigências de uma iluminista cidade nova que vê no Rossio um dos seus mais significativos espaços de sociabilização. |
publishDate |
2008 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2008-12-12 2008-06 2008-12-12T00:00:00Z 2017-09-12T09:57:34Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10362/23168 |
url |
http://hdl.handle.net/10362/23168 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799137903764307968 |