“Love will have its sacrifices. No sacrifice without blood”: subversão e transgressão em “Carmilla” de Joseph Sheridan Le Fanu
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/91216 |
Resumo: | Envolto em mistério, o vampiro apresenta-se na literatura como uma figura extremamente complexa, munida de uma extraordinária versatilidade que lhe permite veicular os mais diversos simbolismos e estar sujeito às mais variadas interpretações. A presente dissertação tem como objectivo principal analisar a questão da subversão e da transgressão no conto “Carmilla” de Joseph Sheridan Le Fanu, demonstrando assim de que forma a vampira presente na obra ameaça a ordem social vigente e, através do seu modo de actuação, questiona normas e convenções sociais extremamente restritivas. Observando o conto como uma analogia da Era Vitoriana, consideramos que Carmilla se estabelece como um elemento de libertação, quebrando tabus relacionados com a colonização britânica, a condição da mulher e a sexualidade. Assim, para compreender devidamente todos estes aspectos, consideramos necessário explorar o contexto político, social e religioso não apenas representado em “Carmilla” mas vivenciado pelo próprio autor, relacionando assim ambos e tornando esta investigação o mais completa possível. Recorrendo a um vasto corpus teórico, a diversas obras de renome que incluímos no subgénero apelidado de vampire fiction ou produzidas durante a Era Vitoriana e ainda à trilogia cinematográfica The Vampire Lovers (1970), Lust for a Vampire (1971) e Twins of Evil (1971) da Hammer Film Productions, procuramos em primeiro lugar oferecer ao leitor um panorama diversificado relativamente ao mito do vampiro e à situação da Irlanda no contexto do Império Britânico que se impunha na época com a sua missão civilizadora, para seguidamente analisar os temas que consideramos essenciais no suporte da nossa perspectiva que concebe Carmilla como um agente de subversão e transformação. A abordagem de questões religiosas, identitárias e políticas demonstra em pormenor como Carmilla subverte o Protestantismo e a identidade britânica, efectuando também uma verdadeira reverse colonization, revelando assim o seu impacto na sociedade vitoriana em geral. O uncanny de Sigmund Freud traz posteriormente à discussão a questão da repressão e permite compreender ainda melhor a figura da vampira transgressiva, seguindo-se um foco na condição da mulher vitoriana e como Carmilla destabiliza estereótipos sobre o sexo feminino. A relação entre a vampira e a sua vítima Laura recebe especial atenção na nossa análise da representação da sexualidade na obra, em que percebemos a dinâmica destas interacções e demonstramos não só como Carmilla afirma a sua homossexualidade e as implicações desta afirmação mas também como desperta em Laura o prazer da dor enquanto se satisfaz ela própria em fantasias de dominação e sadismo. Debatendo estes temas, procuramos ao longo das páginas que se seguem oferecer ao leitor uma oportunidade de observar a complexidade de um conto que é ainda frequentemente relegado para segundo plano no contexto académico mas que apela como poucos à travessia do véu entre o plano terreno e o sobrenatural, a vida e a morte, a luz e a escuridão, e que só os grandes mestres do terror e do gótico conseguem tão sabiamente perfurar |
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Envolto em mistério, o vampiro apresenta-se na literatura como uma figura extremamente complexa, munida de uma extraordinária versatilidade que lhe permite veicular os mais diversos simbolismos e estar sujeito às mais variadas interpretações. A presente dissertação tem como objectivo principal analisar a questão da subversão e da transgressão no conto “Carmilla” de Joseph Sheridan Le Fanu, demonstrando assim de que forma a vampira presente na obra ameaça a ordem social vigente e, através do seu modo de actuação, questiona normas e convenções sociais extremamente restritivas. Observando o conto como uma analogia da Era Vitoriana, consideramos que Carmilla se estabelece como um elemento de libertação, quebrando tabus relacionados com a colonização britânica, a condição da mulher e a sexualidade. Assim, para compreender devidamente todos estes aspectos, consideramos necessário explorar o contexto político, social e religioso não apenas representado em “Carmilla” mas vivenciado pelo próprio autor, relacionando assim ambos e tornando esta investigação o mais completa possível. Recorrendo a um vasto corpus teórico, a diversas obras de renome que incluímos no subgénero apelidado de vampire fiction ou produzidas durante a Era Vitoriana e ainda à trilogia cinematográfica The Vampire Lovers (1970), Lust for a Vampire (1971) e Twins of Evil (1971) da Hammer Film Productions, procuramos em primeiro lugar oferecer ao leitor um panorama diversificado relativamente ao mito do vampiro e à situação da Irlanda no contexto do Império Britânico que se impunha na época com a sua missão civilizadora, para seguidamente analisar os temas que consideramos essenciais no suporte da nossa perspectiva que concebe Carmilla como um agente de subversão e transformação. A abordagem de questões religiosas, identitárias e políticas demonstra em pormenor como Carmilla subverte o Protestantismo e a identidade britânica, efectuando também uma verdadeira reverse colonization, revelando assim o seu impacto na sociedade vitoriana em geral. O uncanny de Sigmund Freud traz posteriormente à discussão a questão da repressão e permite compreender ainda melhor a figura da vampira transgressiva, seguindo-se um foco na condição da mulher vitoriana e como Carmilla destabiliza estereótipos sobre o sexo feminino. A relação entre a vampira e a sua vítima Laura recebe especial atenção na nossa análise da representação da sexualidade na obra, em que percebemos a dinâmica destas interacções e demonstramos não só como Carmilla afirma a sua homossexualidade e as implicações desta afirmação mas também como desperta em Laura o prazer da dor enquanto se satisfaz ela própria em fantasias de dominação e sadismo. Debatendo estes temas, procuramos ao longo das páginas que se seguem oferecer ao leitor uma oportunidade de observar a complexidade de um conto que é ainda frequentemente relegado para segundo plano no contexto académico mas que apela como poucos à travessia do véu entre o plano terreno e o sobrenatural, a vida e a morte, a luz e a escuridão, e que só os grandes mestres do terror e do gótico conseguem tão sabiamente perfurar |
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