Women’s freedom of movement : from walking to solo travel narratives
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | eng |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/61241 |
Resumo: | Being alone, going solo, getting out of the house, and traveling have always been situations and activities not traditionally attributed to women. According to many cultures, women have a role to fulfil in society and that is to take care of the house, to have children and to fall into a social construed role of femininity. When women decide to travel solo there are usually three questions/statements that surface: 1- Are you are going alone?; 2- Aren’t you afraid of going alone?; 3- You are so brave for doing it alone. Three main elements can be highlighted from these sentences: alone, afraid and brave. Why are these associated with women traveling? The fact is they are associated to almost every element of women’s lives, but they are almost the main elements associated to female travel writing from the start. When reading accounts from a century ago, or even more, one wonders how they were able to travel, if even nowadays it continues to be difficult. This wondering also presents the inherent problematic: we think it is strange for women to be able to do certain things and that there is, or should be, a fear attached to such activity. We also acknowledge this fear is greater for women because it has more parts to it than if it were men travelling. This dissertation will analyse these three main elements, question them and try to find their roots and how they still apply nowadays, taking into consideration society and cultural views as well as female travel writing accounts and the present-day state of it. It will start from small (cities and places known to women), to media representation and cultural ideals (mainly of female imagery), and afterwards, with solo travel regarding who gets to tell the story and where are women’s travel accounts in order to analyse women’s freedom of movement from walking solo to travel narratives. |
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Women’s freedom of movement : from walking to solo travel narrativesDomínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e LiteraturasBeing alone, going solo, getting out of the house, and traveling have always been situations and activities not traditionally attributed to women. According to many cultures, women have a role to fulfil in society and that is to take care of the house, to have children and to fall into a social construed role of femininity. When women decide to travel solo there are usually three questions/statements that surface: 1- Are you are going alone?; 2- Aren’t you afraid of going alone?; 3- You are so brave for doing it alone. Three main elements can be highlighted from these sentences: alone, afraid and brave. Why are these associated with women traveling? The fact is they are associated to almost every element of women’s lives, but they are almost the main elements associated to female travel writing from the start. When reading accounts from a century ago, or even more, one wonders how they were able to travel, if even nowadays it continues to be difficult. This wondering also presents the inherent problematic: we think it is strange for women to be able to do certain things and that there is, or should be, a fear attached to such activity. We also acknowledge this fear is greater for women because it has more parts to it than if it were men travelling. This dissertation will analyse these three main elements, question them and try to find their roots and how they still apply nowadays, taking into consideration society and cultural views as well as female travel writing accounts and the present-day state of it. It will start from small (cities and places known to women), to media representation and cultural ideals (mainly of female imagery), and afterwards, with solo travel regarding who gets to tell the story and where are women’s travel accounts in order to analyse women’s freedom of movement from walking solo to travel narratives.Aquando da leitura da narrativa de viagens femininas deparamo-nos com três perguntas ou observações, afirmações dirigidas às mulheres, se vão sozinhas, se não têm medo e que são corajosas por o fazerem. Nem sempre estas mulheres possuem estes três elementos, mas estes fazem parte da sua vida. Estes três elementos permitem criar uma base teórica para explorar a liberdade de movimento das mulheres com base nestes testemunhos e análise dos mesmos a nível social e cultural. Procura-se também responder à questão do porquê de se colocar esta pressão sobre mulheres, o que leva a isto estar associado às mulheres e de como o medo é associado às mulheres como se fosse nato. Em 1995, Cheryl Strayed percorreu 1770 quilómetros através do PCT (Pacific Crest Trail) nos Estados Unidos (e que tem 4285 quilómetros), sozinha. Desta viagem nasceu o livro de memórias de viagem Livre: Uma História de Autodescoberta, Sobrevivência e Coragem (2012), no qual a autora aborda abertamente vários temas e há um que se destaca mais: o medo. Ao longo da narrativa, a sua relação com o medo transforma-se, ela encontra formas de lidar com ele, tal como cantar e dizer para ela própria “Não tenho medo” (2012). Outras narrativas de viagem no feminino apresentam uma relação similar com vários temas que parecem ser diferentes da imagem externa, aquela que a sociedade e a cultura têm em relação às mulheres. As narrativas de viagem de mulheres a solo apresentam uma oportunidade de entrarmos no seu mundo no qual parece não haver temas tabu a ser discutidos. No entanto, não só através das críticas e de análises, mas também dentro das narrativas e vivências, das outras pessoas que as viajantes encontram ao longo do caminho, é-nos apresentada uma versão diferente, ou uma paralela que coexiste. Tendo em conta a realidade atual relativamente às notícias de muitas mulheres que são mortas ao circularem pelas ruas, sendo a razão da sua morte apenas serem mulheres, e o crescimento da culpabilização da vítima que continua a existir, esta dissertação nasce destes dois pontos de encontro da liberdade de movimento das mulheres enquanto viajam e do medo, tudo o que está relacionado com esta liberdade de movimento desde andar pelas ruas até a estarem em comunhão com a natureza e a viajarem para diferentes países, tendo em mente o ideal do que as mulheres devem ou não ser, tal como a ideia de que devem ficar em casa, serem invisíveis e outros; com este medo que é incutido nas mulheres desde que nascem e com a análise do porquê de isso acontecer, de onde vem e como influencia esta liberdade. Assim, conclui-se com este trabalho que a liberdade de movimento das mulheres enquanto viajam está dependente da definição de liberdade que é concebida para elas, os perigos que enfrentam e a sua própria vontade de viajar e de se movimentarem apesar de tudo isto. As três questões/afirmações colocadas como base desta dissertação não só expõem o que as mulheres vivenciam, mas são também uma resposta em si mesmas, ao providenciarem os ideais e preconceitos que escondem das sociedades e das culturas. Ao se perguntar a uma mulher se esta não tem medo de viajar sozinha ou de estar sozinha, as pessoas estão a presumir que há algo de anormal no facto de as mulheres estarem sozinhas e dão a entender e admitem que pode haver perigo. Na verdade, a ideia é de que é perigoso para as mulheres estarem sozinhas, e esta é em si a resposta, não só porque mulheres e homens enfrentam os mesmos medos e perigos, mas as mulheres carregam consigo o medo sexualizado, o risco de violência sexual e de serem violadas. Reduzir o estar sozinha a isto desumaniza as mulheres e retira-lhes o poder das mãos, constrói uma imagem que é continuamente perpetuada, a de que as mulheres são seres indefesos que requerem proteção (de um homem) (DeRoche, 2017). Além disso, a culpabilização da vítima que daí advém é um conhecimento geral de que existe algo de perigoso para as mulheres que andam sozinhas, então, se algo acontecer, a culpa será delas. O peso do medo dirigido às mulheres também é visto como sinónimo do que é ser mulher. Se as mulheres não tiverem medo significa que há algo de errado com elas, e isto é, novamente, uma resposta à questão e também a aceitação de que alguém irá atacar as mulheres, portanto, elas têm razão para ter medo. E, se nada acontecer, foi porque tiveram sorte. A coragem é a resposta às mulheres que se aventuram e seguem a sua vontade e desejo de viajar, mesmo quando não carregam medo consigo ou se questionam quanto ao espaço que ocupam. De facto, uma das respostas na luta pelo seu lugar nas ruas está no viajar a solo e na publicação das suas narrativas de viagem está no ocupar espaço, tal como Lauren Elkin coloca, estabelecendo assim os seus próprios termos. Na sociedade, as mulheres estarem e viajarem sozinhas é mal recebido ou percecionado devido a ideais preconceituosos que existem há milénios e que têm sido adaptados ao longo dos anos. Um deles é de como uma mulher andar sozinha é percecionado; nas ruas é vista como prostituta, daí o termo “mulher da rua”; na natureza é como outro animal que é caçado, faltando-lhe a proteção da figura feminina da Mãe Natureza. De acordo com Rebecca Solnit, o caminhar das mulheres é construído como uma atuação em vez de um meio de deslocação, e isto implica que elas caminham não para ver, mas para serem vista por uma audiência masculina, ou seja, estando a pedir qualquer atenção que recebam (Solnit, 2017). É possível afirmar que a marginalização das narrativas de viagem das mulheres através da comparação destas às dos homens e a ideia de que a escrita de viagens é um género literário masculino deve-se à perceção e à receção dos seus trabalhos porque uma mulher não pode controlar como o seu trabalho é lido pelo público com noções essencialistas de género (Bird, 2015) que se devem ao determinismo binário e social (speaking, 2017). Tal como Carrie speaking denota, o problema da escrita de viagens das mulheres não está na forma como escrevem, mas no sexismo sistémico. Sara Mills afirma que a grande diferença é a forma como são julgadas e processadas (2006). A escrita das mulheres é considerada diferente devido à falta de liberdade imposta pelo género e isso leva ao surgimento de outras formas de liberdade dentro da falta desta (Bassnett, 2002). Quando à marginalização, Strayed observa que as histórias dos homens são vistas como universais e as das mulheres específicas e que o que as mulheres enfrentam é uma batalha para não serem marginalizadas (Friedman, 2018). Quanto às mulheres na Natureza e a verem as suas histórias publicadas ou retratadas em filmes, uma das conclusões alcançadas é que as mulheres não são gostadas e que as mulheres que viajam violam as nossas expectativas de como uma mulher se deve comportar na natureza (Friedman, 2018). Ao se afastarem destas expectativas e da agradabilidade, as mulheres são castigadas com a indiferença e depreciação. E se, em cima disto, os homens não leem a escrita feminina e as mulheres são incutidas com crenças patriarcais, a tendência é a de pôr de parte o trabalho das mulheres logo à partida e de ter em conta suposições. A restrição das mulheres e o serem julgadas pela agradabilidade também advém de como não é possível controlá-las da mesma forma quando estas viajam e de como, quando elas escrevem sobre o que sentem, estão a ter controlo sobre as suas vidas, o que leva ao medo em relação às mulheres porque elas mostram não ser o que se espera delas (Bravermen, 2017). Uma mulher sem medo não é controlável nos moldes atuais, uma mulher que não é possível prever torna-se perigosa aos olhos dos demais. O que também ficamos a saber é que as mulheres não são gostadas quando são independentes. Ao fazerem o que é considerado masculino tornam-se transgressoras. Uma das formas de combater a discriminação dentro da escrita de viagens seria abrir a definição desta à diversidade de razões por que as pessoas viajam e não à ideia do que é a forma correta de viajar. Concluindo, é possível afirmar que a liberdade está relacionada com a falta de constrições, com o poder fazer o que se quer ou deseja sem a interferência de outros, por conseguinte, de acordo com estes conceitos e com as imposições das sociedades, as mulheres não têm liberdade de movimento. Ao mesmo tempo, as mulheres têm liberdade de movimento porque continuam a avançar e a viajar, não obstante, tal como o fizeram durante séculos.Mendes, Ana CristinaRepositório da Universidade de LisboaCarvalho, Rita Ribeiro de2023-12-12T15:33:02Z2022-12-022022-09-142022-12-02T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/61241TID:203122992enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-18T01:21:50Zoai:repositorio.ul.pt:10451/61241Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:54:55.222679Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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