Co-gasificação de biomassa e CDR num reator de leito fluidizado à escala piloto
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10773/29483 |
Resumo: | O crescente desafio com a gestão de resíduos, aliado à crescente procura por energia renovável, têm incentivado a produção de um combustível proveniente de resíduos, o Combustível Derivado de Resíduos (CDR). No entanto, a sua introdução no mercado tem apresentado diversos desafios. Dada a dificuldade de escoamento do produto, alguma atenção tem sido dada pela comunidade científica na procura por soluções que possam utilizar esse material de forma sustentável, para valorização energética. Uma das propostas rege-se com a incorporação de CDR na gasificação de biomassa, no entanto, ainda existem poucos estudos que demonstrem a viabilidade deste processo. Assim, de forma a preencher esta lacuna, o processo de co-gasificação de CDR (até 50% m/m) com biomassa residual foi investigado num reator de leito fluidizado borbulhante à escala piloto. O objetivo foi analisar o efeito de condições experimentais, como a composição do combustível, a razão de equivalência (RE), o tipo de biomassa (pellets de madeira e estilha de pinheiro) e tipo de CDR (pellets e fluff) no gás produto. Para tal, os principais componentes do gás produto obtido (N2, CO, CO2, H2, CH4, C2H4, C2H6, C3H8) foram medidos por meio de um analisador online e um cromatógrafo. O desempenho do gasificador foi avaliado com base na composição do gás, no poder calorífico inferior (PCI), na eficiência de conversão de carbono (ECC), na eficiência de gás arrefecido (EGA) e na produção específica de gás seco (Ygás seco). Os resultados dos ensaios experimentais mostraram que a incorporação de CDR na gasificação de biomassa não afetou de forma significativa a estabilidade do processo de gasificação de biomassa. Apesar disso, destaca-se a formação de C2H4, C₂H₆ e C₃H₈, com o aumento da co-gasificação até 50% m/m de CDR. Foram, também, identificados fenómenos não lineares na co-gasificação distintos da gasificação de biomassa e CDR, o que evidencia a existência de interações entre os diferentes materiais durante a co-gasificação. Relativamente ao tipo de biomassa, os melhores resultados foram obtidos com a utilização de estilha de pinheiro; para o tipo de CDR utilizado, os ensaios realizados não permitiram obter informação suficiente que permita concluir sobre o efeito deste parâmetro. O PCI do gás produto variou entre 3,1 e 6,4 MJ/Nm3, a EGA entre 25,0 e 51,0%; a ECC entre 46,0 e 74,0% e a Ygás seco entre 1,2 e 2,0 Nm3/kg F. O melhor resultado de co-gasificação em relação ao PCI foi obtido para a mistura estilha de pinheiro e CDR em pellets, para a razão de mistura 20% m/m, com RE 0,22; para a EGA e a ECC foi para a mistura de pellets de madeira com pellets de CDR para a razão 50% m/m com RE 0,30; para a Ygás seco para as misturas pellets de madeira e pellets de CDR e estilha de pinheiro e pellets de CDR, ambas para a razão 50% m/m, e RE 0,30 e 0,32, respetivamente. O estudo permitiu comprovar a viabilidade da co-gasificação de biomassa e CDR, para as condições analisadas e para os parâmetros medidos, e mostrou, de forma clara, a necessidade das entidades gestoras de resíduos garantirem a qualidade do material, de forma a que possa ser utilizado com sucesso no processo de gasificação. Assim, os resultados demonstraram que a incorporação de CDR na gasificação de biomassa e consequente conversão de CDR num gás combustível, constitui uma oportunidade de valorização, que representa uma questão fundamental no âmbito da gestão de resíduos, no conceito de economia circular, e na produção de energia renovável. |
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Co-gasificação de biomassa e CDR num reator de leito fluidizado à escala pilotoCombustível Derivado de ResíduosIncorporaçãoEstilha de pinheiroPellets de madeiraCDR em fluffCDR em pelletsGasificaçãoO crescente desafio com a gestão de resíduos, aliado à crescente procura por energia renovável, têm incentivado a produção de um combustível proveniente de resíduos, o Combustível Derivado de Resíduos (CDR). No entanto, a sua introdução no mercado tem apresentado diversos desafios. Dada a dificuldade de escoamento do produto, alguma atenção tem sido dada pela comunidade científica na procura por soluções que possam utilizar esse material de forma sustentável, para valorização energética. Uma das propostas rege-se com a incorporação de CDR na gasificação de biomassa, no entanto, ainda existem poucos estudos que demonstrem a viabilidade deste processo. Assim, de forma a preencher esta lacuna, o processo de co-gasificação de CDR (até 50% m/m) com biomassa residual foi investigado num reator de leito fluidizado borbulhante à escala piloto. O objetivo foi analisar o efeito de condições experimentais, como a composição do combustível, a razão de equivalência (RE), o tipo de biomassa (pellets de madeira e estilha de pinheiro) e tipo de CDR (pellets e fluff) no gás produto. Para tal, os principais componentes do gás produto obtido (N2, CO, CO2, H2, CH4, C2H4, C2H6, C3H8) foram medidos por meio de um analisador online e um cromatógrafo. O desempenho do gasificador foi avaliado com base na composição do gás, no poder calorífico inferior (PCI), na eficiência de conversão de carbono (ECC), na eficiência de gás arrefecido (EGA) e na produção específica de gás seco (Ygás seco). Os resultados dos ensaios experimentais mostraram que a incorporação de CDR na gasificação de biomassa não afetou de forma significativa a estabilidade do processo de gasificação de biomassa. Apesar disso, destaca-se a formação de C2H4, C₂H₆ e C₃H₈, com o aumento da co-gasificação até 50% m/m de CDR. Foram, também, identificados fenómenos não lineares na co-gasificação distintos da gasificação de biomassa e CDR, o que evidencia a existência de interações entre os diferentes materiais durante a co-gasificação. Relativamente ao tipo de biomassa, os melhores resultados foram obtidos com a utilização de estilha de pinheiro; para o tipo de CDR utilizado, os ensaios realizados não permitiram obter informação suficiente que permita concluir sobre o efeito deste parâmetro. O PCI do gás produto variou entre 3,1 e 6,4 MJ/Nm3, a EGA entre 25,0 e 51,0%; a ECC entre 46,0 e 74,0% e a Ygás seco entre 1,2 e 2,0 Nm3/kg F. O melhor resultado de co-gasificação em relação ao PCI foi obtido para a mistura estilha de pinheiro e CDR em pellets, para a razão de mistura 20% m/m, com RE 0,22; para a EGA e a ECC foi para a mistura de pellets de madeira com pellets de CDR para a razão 50% m/m com RE 0,30; para a Ygás seco para as misturas pellets de madeira e pellets de CDR e estilha de pinheiro e pellets de CDR, ambas para a razão 50% m/m, e RE 0,30 e 0,32, respetivamente. O estudo permitiu comprovar a viabilidade da co-gasificação de biomassa e CDR, para as condições analisadas e para os parâmetros medidos, e mostrou, de forma clara, a necessidade das entidades gestoras de resíduos garantirem a qualidade do material, de forma a que possa ser utilizado com sucesso no processo de gasificação. Assim, os resultados demonstraram que a incorporação de CDR na gasificação de biomassa e consequente conversão de CDR num gás combustível, constitui uma oportunidade de valorização, que representa uma questão fundamental no âmbito da gestão de resíduos, no conceito de economia circular, e na produção de energia renovável.The growing challenge with waste management, combined with the growing demand for renewable energy, have been encouraging the production of a waste fuel, the Refused Derived Fuel (RDF). However, the introduction of this product in the market has presented several challenges. Given the difficulty of disposing the product on the market, some attention has been given by the scientific community to find solutions that can use this material, in a sustainable way, for energetic valorization. One of the proposals is based on the incorporation of RDF in biomass gasification. However, there are not enough studies demonstrating the viability of this process. Thus, in order to fill this gap, the RDF co-gasification process (up to 50% wt) with residual biomass was investigated in a pilot-scale bubbling fluidized bed reactor. The objective was to analyze the effect of experimental conditions, such as fuel composition, equivalence ratio (ER), biomass type (wood pellets and pine chips), and RDF type (pellets and fluff) on the gas product. The major components of the product gas obtained (N2, CO, CO2, H2, CH4, C2H4, C2H6, C3H8) were measured by an online analyzer and a chromatograph. The gasifier performance was evaluated based on gas composition, lower heating value (LHV), carbon conversion efficiency (CCE), cold gas efficiency (CGE), and dry gas production (Ydry gas). The results from experimental tests showed that the incorporation of RDF in biomass gasification did not affect, significantly, the stability of the biomass gasification process. Noteworthy is the formation of C2H4, C₂H₆, and C₃H₈ with the increase of co-gasification up to 50% wt of RDF. Also, nonlinear co-gasification phenomena, distinct from biomass or RDF gasification, were also identified, evidencing the existence of interactions between the different materials during co-gasification. Regarding the type of biomass, the best results were obtained with the use of pine chips. For the type of RDF used, the tests carried out did not provide enough information about the effect of this parameter. The LHV of product gas ranged from 3.1 to 6.4 MJ/Nm3, CGE from 25.0 to 51.0%; CCE between 46.0 and 74.0%, and Ydry gás between 1.2 and 2.0 Nm3/kg F. The best co-gasification results concerning LHV were obtained for the mixture of pine chips and RDF pellets for the ratio 20% wt, with ER 0.22; for CGE and CCE was the mixture of pine pellets with RDF pellets at 50% wt ratio with ER 0.30; for Ydry gás with pine pellets and RDF pellets blends, and pine chips and RDF pellets blends, both for the ratio 50% wt, and ER 0.30 and 0.32, respectively. The study showed the feasibility of biomass and RDF co-gasification for the analyzed conditions and measured parameters. It also showed the need for waste management entities, to ensure the quality of the material, so it can be successfully used in the gasification process. Thus, the results demonstrated that the incorporation of RDF into biomass gasification, and the consequent conversion of RDF into a fuel gas, is an opportunity for recovery, which is a key issue in waste management, the circular economy concept, and for renewable energy production.2021-12-02T00:00:00Z2019-01-01T00:00:00Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/29483porTavares, Ana Mafalda Azevedoinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-05-06T04:27:57Zoai:ria.ua.pt:10773/29483Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-05-06T04:27:57Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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O crescente desafio com a gestão de resíduos, aliado à crescente procura por energia renovável, têm incentivado a produção de um combustível proveniente de resíduos, o Combustível Derivado de Resíduos (CDR). No entanto, a sua introdução no mercado tem apresentado diversos desafios. Dada a dificuldade de escoamento do produto, alguma atenção tem sido dada pela comunidade científica na procura por soluções que possam utilizar esse material de forma sustentável, para valorização energética. Uma das propostas rege-se com a incorporação de CDR na gasificação de biomassa, no entanto, ainda existem poucos estudos que demonstrem a viabilidade deste processo. Assim, de forma a preencher esta lacuna, o processo de co-gasificação de CDR (até 50% m/m) com biomassa residual foi investigado num reator de leito fluidizado borbulhante à escala piloto. O objetivo foi analisar o efeito de condições experimentais, como a composição do combustível, a razão de equivalência (RE), o tipo de biomassa (pellets de madeira e estilha de pinheiro) e tipo de CDR (pellets e fluff) no gás produto. Para tal, os principais componentes do gás produto obtido (N2, CO, CO2, H2, CH4, C2H4, C2H6, C3H8) foram medidos por meio de um analisador online e um cromatógrafo. O desempenho do gasificador foi avaliado com base na composição do gás, no poder calorífico inferior (PCI), na eficiência de conversão de carbono (ECC), na eficiência de gás arrefecido (EGA) e na produção específica de gás seco (Ygás seco). Os resultados dos ensaios experimentais mostraram que a incorporação de CDR na gasificação de biomassa não afetou de forma significativa a estabilidade do processo de gasificação de biomassa. Apesar disso, destaca-se a formação de C2H4, C₂H₆ e C₃H₈, com o aumento da co-gasificação até 50% m/m de CDR. Foram, também, identificados fenómenos não lineares na co-gasificação distintos da gasificação de biomassa e CDR, o que evidencia a existência de interações entre os diferentes materiais durante a co-gasificação. Relativamente ao tipo de biomassa, os melhores resultados foram obtidos com a utilização de estilha de pinheiro; para o tipo de CDR utilizado, os ensaios realizados não permitiram obter informação suficiente que permita concluir sobre o efeito deste parâmetro. O PCI do gás produto variou entre 3,1 e 6,4 MJ/Nm3, a EGA entre 25,0 e 51,0%; a ECC entre 46,0 e 74,0% e a Ygás seco entre 1,2 e 2,0 Nm3/kg F. O melhor resultado de co-gasificação em relação ao PCI foi obtido para a mistura estilha de pinheiro e CDR em pellets, para a razão de mistura 20% m/m, com RE 0,22; para a EGA e a ECC foi para a mistura de pellets de madeira com pellets de CDR para a razão 50% m/m com RE 0,30; para a Ygás seco para as misturas pellets de madeira e pellets de CDR e estilha de pinheiro e pellets de CDR, ambas para a razão 50% m/m, e RE 0,30 e 0,32, respetivamente. O estudo permitiu comprovar a viabilidade da co-gasificação de biomassa e CDR, para as condições analisadas e para os parâmetros medidos, e mostrou, de forma clara, a necessidade das entidades gestoras de resíduos garantirem a qualidade do material, de forma a que possa ser utilizado com sucesso no processo de gasificação. Assim, os resultados demonstraram que a incorporação de CDR na gasificação de biomassa e consequente conversão de CDR num gás combustível, constitui uma oportunidade de valorização, que representa uma questão fundamental no âmbito da gestão de resíduos, no conceito de economia circular, e na produção de energia renovável. |
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