Quality of life in mild vascular cognitive impairment

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Correia, Beatriz Marques
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/62631
Resumo: Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2023
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spelling Quality of life in mild vascular cognitive impairmentQualidade de vidaDefeito cognitivo ligeiro de origem vascularAtividade físicaNeurologiaDomínio/Área Científica::Ciências MédicasTrabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2023O objetivo deste trabalho é estudar a qualidade de vida em doentes com defeito cognitivo ligeiro de origem vascular (mVCI). O mVCI é uma patologia causada por lesões vasculares cerebrais em que ocorre declínio cognitivo, habitualmente de evolução progressiva, e no qual o grau de defeito cognitivo não tem um impacto relevante nas atividades instrumentais de vida diária (IADL), mantendo o doente a sua autonomia. É particularmente relevante na população portuguesa, onde existe uma elevada prevalência de patologia vascular, e como tal, de patologia vascular cerebral, sendo previsível um aumento na sua frequência nos próximos anos, devido à maior longevidade da população. Existe muito pouca evidência sobre a qualidade de vida em doentes com mVCI, com a maioria a ser extrapolada de doentes com defeito cognitivo pós-acidente vascular cerebral (AVC), não existindo dados publicados sobre populações de doentes com mVCI por patologia de pequenos vasos ou vasos subcorticais (sem antecedentes clínicos de lesões agudas). Assim, este trabalho pretendeu descrever e investigar a qualidade de vida de uma amostra de doentes com mVCI, com ou sem AVC prévio, utilizando os dados de inclusão pré-randomização do estudo “Atividade física e defeito cognitivo vascular (AFIVASC)”, um ensaio multicêntrico, randomizado e controlado que pretendeu estudar os efeitos da atividade física em doentes com mVCI, em dois centros portugueses. Foram incluídos 104 doentes com mVCI com uma idade média de 72 anos, sendo 51% mulheres. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico de mVCI com ou sem diagnóstico prévio de AVC minor ou acidente isquémico transitório (AIT), ausência de défices motores graves, ser maior de idade, ser fluente e capaz de escrever em português e ter um informador de qualidade capaz de dar informações sobre o participante. Todos os participantes foram submetidos a exame estrutural cerebral para documentar alterações vasculares, bem como a uma avaliação clínica, neurológica, cognitiva e física detalhada. 6 A atividade física foi avaliada segundo as recomendações de atividade física da Organização Mundial de Saúde (OMS): pelo menos 150 minutos por semana de atividade física aeróbia de intensidade moderada, ou 75 minutos por semana de atividade de intensidade vigorosa, ou uma combinação das duas. Utilizaram-se dois métodos de avaliação desta variável: subjetivo, por autoavaliação dos participantes, e objetivo, através de dados de acelerometria (todos os participantes colocaram um acelerómetro na semana seguinte à inclusão no estudo). A avaliação da qualidade de vida foi realizada através de duas escalas diferentes: Euro-QoL 5 (versão visual analógica) (EQ-5D VAS) e Quality of Life in Alzheimer’s Disease (QOL-AD). A avaliação estatística consistiu numa avaliação da concordância das escalas de qualidade de vida, utilizando a correlação de Pearson; numa análise bivariada para avaliar diferenças na qualidade de vida entre os doentes capazes e não capazes de cumprir as recomendações de atividade física da OMS, através de autoavaliação e de medição objetiva por acelerometria; e numa análise multivariada, para estudo dos determinantes da qualidade de vida, usando cada uma das escalas de qualidade de vida separadamente, como variáveis dependentes. Foram utilizadas como variáveis independentes potenciais as variáveis identificadas na literatura como importantes para a qualidade de vida de doentes com defeito cognitivo ligeiro ou defeito cognitivo pós- AVC, para além das variáveis encontradas na análise bivariada. Usando a correlação de Pearson encontrou-se uma associação moderada entre os resultados das escalas de qualidade de vida (0.468, p<0.001). Na análise bivariada que utilizou a medida subjetiva do cumprimento das recomendações da OMS, nenhuma das comparações foi estatisticamente significativa. Na análise que utilizou a medição objetiva (através de acelerometria), a idade, o género feminino, o valor da escala Geriatric Depression Score (GDS) e da escala Montreal Cognitive Assessment (MoCA) e a presença de alterações da marcha foram significativamente diferentes entre pessoas que cumpriam e que não cumpriam as recomendações. 7 Na análise multivariada, os resultados não foram completamente sobreponíveis entre as escalas de qualidade de vida utilizadas, tal como não o foram entre os dois métodos de avaliação da prática de atividade física. No entanto, os sintomas depressivos, medidos pela escala GDS, associaram-se negativamente à qualidade de vida, em ambas as escalas de qualidade de vida, e em ambos os métodos de avaliação do cumprimento das recomendações da OMS para a prática de atividade física. A escala EQ-5D VAS identificou adicionalmente a presença de dor crónica como tendo um impacto negativo na qualidade de vida, usando qualquer uma das formas de avaliação de atividade física, e o sexo feminino, quando considerada a medida subjetiva de atividade física. No nosso estudo, as duas escalas de qualidade de vida estiveram moderadamente correlacionadas, o que já se tinha verificado em estudos anteriores em doentes com MCI e demências, podendo indicar que a EQ-5D VAS poderá ter utilidade nestes doentes, ainda que não esteja formalmente validada. Algumas das variáveis identificadas como preditoras de qualidade de vida só o foram no modelo da EQ-5D VAS, o que expõe a dificuldade de criação de um construto único de qualidade de vida, com diferentes escalas a valorizar diferentes conceitos, mas pode indicar que a EQ-5D VAS pode ter algumas vantagens na aplicação em doentes com defeito cognitivo. Apesar disto, a presença de sintomas depressivos esteve consistentemente associada à qualidade de vida nesta amostra, à semelhança de estudos previamente publicados em populações de doentes com defeito cognitivo ligeiro (MCI) e de doentes pós-AVC, independentemente de terem defeito cognitivo. Este resultado é particularmente importante em doentes com mVCI, uma vez que a depressão está frequentemente associada ao defeito cognitivo de origem vascular (VCI), tendo a implicação clínica de alertar para a necessidade do diagnóstico de sintomas depressivos nestes doentes e seu tratamento, de forma a melhorar a qualidade de vida. A presença de dor crónica enquanto fator limitante da qualidade de vida encontra-se em concordância com dados publicados previamente, que tinham identificado este fator em doentes com MCI e em doentes pós-AVC. O facto de ter sido identificada como fator importante para a qualidade de vida da nossa amostra é interessante, uma vez que 8 excluímos à partida doentes dependentes ou com dor severa o suficiente para impedir a prática de atividade física; assim, pode postular-se que a dor é importante para a qualidade de vida, mesmo não sendo incapacitante. A relação entre o sexo feminino e a qualidade de vida, identificada no nosso estudo, já tinha sido encontrada noutros trabalhos, tendo sido por eles explicada, entre outros fatores, pela perda do papel social de cuidadora e menor apoio social de que dispõem. Não encontrámos outras associações, como por exemplo com a idade, as alterações do sono ou da marcha, ou a própria prática de atividade física, que tinham sido descritas em trabalhos prévios. As principais limitações deste trabalho relacionam-se com a natureza da amostra, que foi circunscrita a doentes com evidência de patologia vascular cerebral, num estado muito inicial da sua doença, e ainda com a natureza da avaliação, por ser apenas num momento, transversal. O trabalho tem várias vantagens, uma vez que a amostra está muito bem estudada, foram controlados os fatores confundidores, e os participantes tiveram uma avaliação clínica, neuropsicológica e física exaustiva. Este trabalho consiste na primeira análise de qualidade de vida em doentes com mVCI que inclui doentes independentemente de terem ou não AVC/AIT prévio, o que o distingue da evidência já publicada. Não existiam até à data resultados de estudos de qualidade de vida em doentes com mVCI em Portugal. Trabalhos futuros com amostras de maior dimensão poderão evidenciar as diferenças capturadas pelas diferentes escalas que medem qualidade de vida em mVCI.Quality of life (QoL) is an important outcome in patients with mild vascular cognitive impairment (mVCI). However, QoL is understudied in this population, with most of the evidence being extrapolated from stroke survivors. The present work focused on describing QoL in Portuguese patients with mVCI, using pre-randomization data from the randomised controlled trial AFIVASC. A hundred and four subjects with mVCI, with and without stroke, were included. Inclusion criteria were clinical diagnosis of mVCI, no major mobility impairment, fluency and literacy in Portuguese, and providing a reliable informant. All patients underwent neuroimaging to document vascular changes and were submitted to a comprehensive neurological, physical, and neuropsychological evaluation. Physical activity was evaluated through subjective self-report and objective accelerometery measurements. QoL was assessed using the visual analogue scale of the Euro-QoL 5 (EQ-5D VAS) and the Quality of Life in Alzheimer’s Disease (QOL-AD). Statistical analysis consisted of a correlation analysis between both QoL scales, bivariate analyses to test associations between patients who fulfilled World Health Organization (WHO) physical activity recommendations (self-report and measured with accelerometery) and those who did not. Multivariate analyses were conducted to find determinants of QoL, using variables identified in previous evidence in post-stroke or mild cognitive impairment (MCI) patients. EQ-5D VAS and QoL-AD scores were moderately correlated. Using bivariate analyses, we found that age, gender, gait-related complaints and Geriatric Depression Scale (GDS) and Montreal Cognitive Assessment (MoCA) scores were significantly different between patients who fulfilled WHO recommendations according to accelerometery and those who did not, but no differences were found using self-report. Using multiple regression analyses we found that depressive symptoms were associated with QoL in this sample, regardless of the QoL scale or the physical activity assessment 10 method used. Additionally, EQ-5D VAS identified female gender and chronic pain as associated with QoL in this population.Verdelho, AnaRepositório da Universidade de LisboaCorreia, Beatriz Marques2023-062023-06-01T00:00:00Z2026-06-25T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/62631TID:203402871enginfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-19T01:18:53Zoai:repositorio.ul.pt:10451/62631Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:38:56.528776Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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