Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIII
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2014 |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.14/15771 |
Resumo: | A marcenaria portuguesa da segunda metade de Setecentos foi influenciada pela chegada da exportação inglesa de mobiliário, que decorreu ao longo de todo o século XVIII. As tipologias inglesas, desenhadas por riscadores com novas ideias, foram executadas numa escala menos ostentatória que as de utilização na corte e nas residências da nobreza, destinando-se a um novo modo de vida em que a sociabilidade era protagonista. O grande comércio dos negócios intercontinentais gerava movimento relevante de pessoas e de circulação de capitais, e os comerciantes ingleses e portugueses – nomeadamente na cidade do Porto –, perfilharam novas modas decorativas. A nova sensibilidade requeria peças para mobilar as residências destas classes emergentes e dos grupos intermédios que viviam, em maioria, nas cidades portuárias. As oficinas de marcenaria foram contagiadas, por outro lado, por ideias gravadas – ou mesmo desenhos –, que chegavam de múltiplas latitudes europeias que tiveram de adaptar à abundância das madeiras indígenas e às que chegavam das colónias, entre elas o Brasil. Traduziram, então, as múltiplas ideias recebidas com uma técnica desenvolta que o passado de ensamblamento concedia aos oficiais, o que originou uma produção idiossincrática com madeira maciça, promovendo o entalhamento e os embutidos. As peças do Rococó e o do Neoclassicismo portuguesas foram, assim, concebidas não só pela integração de elementos estilísticos reconhecíveis na produção internacional – dando origem a peças de mobiliário identificadas com essas correntes estéticas –, mas também pela inclusão de factores regionais, de tradição vivencial local, o que permitiu que brotasse uma outra via da produção de mobiliário – a que adaptou, de modo próprio, elementos estéticos forasteiros ao modo trabalhar local. |
id |
RCAP_ca759bb2e3c79895121b0cc663ac8d23 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/15771 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIIIMobiliário civilMarcenariaExportação inglesaRococóNeoclassicismoVernacular furnitureCabinet-makingBritish furniture exportationRococoNeoclassicismDomínio/Área Científica::HumanidadesA marcenaria portuguesa da segunda metade de Setecentos foi influenciada pela chegada da exportação inglesa de mobiliário, que decorreu ao longo de todo o século XVIII. As tipologias inglesas, desenhadas por riscadores com novas ideias, foram executadas numa escala menos ostentatória que as de utilização na corte e nas residências da nobreza, destinando-se a um novo modo de vida em que a sociabilidade era protagonista. O grande comércio dos negócios intercontinentais gerava movimento relevante de pessoas e de circulação de capitais, e os comerciantes ingleses e portugueses – nomeadamente na cidade do Porto –, perfilharam novas modas decorativas. A nova sensibilidade requeria peças para mobilar as residências destas classes emergentes e dos grupos intermédios que viviam, em maioria, nas cidades portuárias. As oficinas de marcenaria foram contagiadas, por outro lado, por ideias gravadas – ou mesmo desenhos –, que chegavam de múltiplas latitudes europeias que tiveram de adaptar à abundância das madeiras indígenas e às que chegavam das colónias, entre elas o Brasil. Traduziram, então, as múltiplas ideias recebidas com uma técnica desenvolta que o passado de ensamblamento concedia aos oficiais, o que originou uma produção idiossincrática com madeira maciça, promovendo o entalhamento e os embutidos. As peças do Rococó e o do Neoclassicismo portuguesas foram, assim, concebidas não só pela integração de elementos estilísticos reconhecíveis na produção internacional – dando origem a peças de mobiliário identificadas com essas correntes estéticas –, mas também pela inclusão de factores regionais, de tradição vivencial local, o que permitiu que brotasse uma outra via da produção de mobiliário – a que adaptou, de modo próprio, elementos estéticos forasteiros ao modo trabalhar local.Portuguese cabinet-making was influenced by the eighteenth-century English furniture export, as Portugal was one of the destinations of the so called “South Mediterranean Trade”. The English typologies were conceived by newly born designers in a less ostentatious manner than those of the residences of the nobility, and were meant to provide a new way of life in which sociability had a leading role. That production supposed to furnish the homes of the emerging classes living mostly in the port cities. The intercontinental business generated significant movement of people and of money, and the British and Portuguese traders - especially in Porto – asked for those new decorative fashions. The joiner’s workshops were contaminated, on the other hand, by other dynamic features – for instance, the foreign drawings that were carried by tradesmen from multiple European latitudes. Locally, there was abundance of woods, some indigenous and others arriving from the colonies, namely Brasil. Portuguese cabinet-makers translated, in an agile way, those numerous ideas, which led to an idiosyncratic production with carving or inlaid wood. Portuguese Rococo and Neoclassicism incorporated, in consequence, the recognizable stylistic elements of the international production, but also included regional factors, which enabled the sprout of idiosyncratic furniture production that adapted, in a regional feeling, foreign aesthetic elements.Sousa, Gonçalo de Vasconcelos eVeritati - Repositório Institucional da Universidade Católica PortuguesaValente, Maria Adelina Nogueira201420142014-01-01T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.14/15771TID:101271620porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-09-06T12:11:30Zoai:repositorio.ucp.pt:10400.14/15771Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-09-06T12:11:30Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIII |
title |
Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIII |
spellingShingle |
Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIII Valente, Maria Adelina Nogueira Mobiliário civil Marcenaria Exportação inglesa Rococó Neoclassicismo Vernacular furniture Cabinet-making British furniture exportation Rococo Neoclassicism Domínio/Área Científica::Humanidades |
title_short |
Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIII |
title_full |
Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIII |
title_fullStr |
Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIII |
title_full_unstemmed |
Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIII |
title_sort |
Matrizes inglesas no mobiliário português da segunda metade do século XVIII |
author |
Valente, Maria Adelina Nogueira |
author_facet |
Valente, Maria Adelina Nogueira |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Sousa, Gonçalo de Vasconcelos e Veritati - Repositório Institucional da Universidade Católica Portuguesa |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Valente, Maria Adelina Nogueira |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Mobiliário civil Marcenaria Exportação inglesa Rococó Neoclassicismo Vernacular furniture Cabinet-making British furniture exportation Rococo Neoclassicism Domínio/Área Científica::Humanidades |
topic |
Mobiliário civil Marcenaria Exportação inglesa Rococó Neoclassicismo Vernacular furniture Cabinet-making British furniture exportation Rococo Neoclassicism Domínio/Área Científica::Humanidades |
description |
A marcenaria portuguesa da segunda metade de Setecentos foi influenciada pela chegada da exportação inglesa de mobiliário, que decorreu ao longo de todo o século XVIII. As tipologias inglesas, desenhadas por riscadores com novas ideias, foram executadas numa escala menos ostentatória que as de utilização na corte e nas residências da nobreza, destinando-se a um novo modo de vida em que a sociabilidade era protagonista. O grande comércio dos negócios intercontinentais gerava movimento relevante de pessoas e de circulação de capitais, e os comerciantes ingleses e portugueses – nomeadamente na cidade do Porto –, perfilharam novas modas decorativas. A nova sensibilidade requeria peças para mobilar as residências destas classes emergentes e dos grupos intermédios que viviam, em maioria, nas cidades portuárias. As oficinas de marcenaria foram contagiadas, por outro lado, por ideias gravadas – ou mesmo desenhos –, que chegavam de múltiplas latitudes europeias que tiveram de adaptar à abundância das madeiras indígenas e às que chegavam das colónias, entre elas o Brasil. Traduziram, então, as múltiplas ideias recebidas com uma técnica desenvolta que o passado de ensamblamento concedia aos oficiais, o que originou uma produção idiossincrática com madeira maciça, promovendo o entalhamento e os embutidos. As peças do Rococó e o do Neoclassicismo portuguesas foram, assim, concebidas não só pela integração de elementos estilísticos reconhecíveis na produção internacional – dando origem a peças de mobiliário identificadas com essas correntes estéticas –, mas também pela inclusão de factores regionais, de tradição vivencial local, o que permitiu que brotasse uma outra via da produção de mobiliário – a que adaptou, de modo próprio, elementos estéticos forasteiros ao modo trabalhar local. |
publishDate |
2014 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2014 2014 2014-01-01T00:00:00Z |
dc.type.driver.fl_str_mv |
doctoral thesis |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10400.14/15771 TID:101271620 |
url |
http://hdl.handle.net/10400.14/15771 |
identifier_str_mv |
TID:101271620 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
mluisa.alvim@gmail.com |
_version_ |
1817546799075819520 |