To transcend an artificial paradise
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | eng |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/59140 |
Resumo: | Transcender um paraiso artificial é uma combinação de trabalho de investigação e produção de um objecto artístico, com o qual pretendo construir uma reflexão teórica interseccional entre imagem em movimento, som electrónico, espectáculo transmédia e estética, cuja inspiração fundamental é a cultura ou subcultura rave como representação metafórica do conceito de 'paraíso artificial', retirado dos textos de Charles Baudelaire, com as suas contradições discursivas intrínsecas. Assim, para mim um paraíso artificial é uma sensação de plenitude induzida artificialmente; ou seja, a construção ou indução sintética, no sentido em que pretendo explorá-la, através de recursos artísticos, experiência estética, ou elementos extra-artísticos como o universo dos narcóticos ou psicodélicos a ambientes físicos, virtuais ou mentais, que induzem no sujeito sensações que vão desde: sinestesia, hiperestimulação, imersão e transe, qualquer alteração da consciência. Uma rave, ou uma instalação imersiva que ataca os sentidos. Os ambientes que são esquivos, funcionam no reino do efémero, e são também totalitários. Contudo, encontro nas raves o culminar deste conceito, uma vez que no facto de se abandonar através da dança num momento que põe em espera as práticas rotineiras, a experiência estética individual é prolongada e alimenta o colectivo. O prazer extático e o excesso como zona de resistência anti-política, uma Zona Temporariamente Autónoma como o escritor anarquista, ensaísta e poeta Hakim Bey a designaria; experiência estética e intersubjetividade, troca de experiências estéticas como ponto de coesão social, através dos mecanismos inconscientes de emoção e deleite que são inerentes ao ser humano. Mas também com a alusão mais brutal à escuridão da necessidade de empurrar o corpo aos seus extremos para tornar a vida mais habitável, que era aquilo de que Baudelaire falava em primeira instancia. Transcender um paraiso artificial é, em última análise, teórica e praticamente, uma exploração conceptual da capacidade sensorial humana e dos seus limites, e uma problematização da própria vontade de transcendê-los. É também uma reflexão sobre o processo artístico no acto de fusão dos meios artísticos (imagem, som, espectáculo transmedia) e o efeito estético que emerge durante e após o processo ou o objecto, tanto para o artista como para o espectador, partindo do prisma de que o próprio artista é espectador, e o espectador, portanto, o produtor da sua própria experiência artística, tal como articulada por vozes dentro do panorama crítico da arte contemporânea após o pós-modernismo, de Jacques Rancière a Nicholas Bourriaud. O objecto artístico do projecto é a produção de uma peça transmédia em que vídeo e som, tratados em paralelo, são fundidos e depois montados através da técnica de amostragem de elementos pré-existentes, em referência à prática de DJ e extrapolada ao visual e que visa registar estas sensações estéticas e perceptivas. Por outras palavras, tenta induzir um paraíso artificial na sua experiência visual e, ao mesmo tempo, reflectir sobre esta linha nebulosa entre o prazer e a autodestruição, sem querer chegar a uma posição crítica absolutamente conclusiva. A tese a defender é que a obra de arte com o sensorial como material a ser manipulado, justificável a partir de preceitos fenomenológicos e estéticos, torna possível aos artistas exteriorizar e comunicar, de forma profundamente subjectiva e subliminar, certas sensações que definem estados de consciência alterados -trance, êxtase, catarse-, e simultaneamente induzi-la no contexto operacional da obra para a experiência do espectador. (...) |
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