O Penedo do Lexim (Mafra) e o Neolítico Final e Calcolítico da Península de Lisboa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sousa, Ana Catarina
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/50112
Resumo: O presente trabalho tem por objectivo a análise das dinâmicas de permanência, ruptura, identidade e influência exógena entre as sociedades camponesas que povoaram a Estremadura portuguesa na segunda metade do 4º milénio e 3º milénio a.n.e., lidas através da ocupação pré-histórica do Penedo do Lexim (Mafra). As escavações que dirigi no Penedo do Lexim (1998-2004) forneceram uma base documental que sustenta uma reavaliação dos modelos interpretativos. Propõe-se um modelo polissémico para estes sítios, de vincada função residencial, apresentando estratégias defensivas, mas não necessariamente militares, e que são também palco de vivências ritualizadas, sobretudo nas fases terminais da sua ocupação. A leitura do povoamento da área da Ribeira de Cheleiros permite complementar a perspectiva, fornecendo um campo de análise para realização de leituras de dinâmica de povoamento no espectro cronológico considerado. As dinâmicas sociais e económicas do povoamento parecem registar distintas fases, que podem traduzir outras tantas ordens sociais. No Neolítico final, regista-se um povoamento disseminado, com uma variedade de tipos de implantação e de áreas ocupadas; no início do 3º milénio, parece existir uma concentração do povoamento em sítios proeminentes e a emergência das primeiras muralhas e, finalmente, na segunda metade do 3º milénio, com a generalização do uso das cerâmicas campaniformes há uma verdadeira fissão do povoamento em unidades de povoamento de pequena dimensão. Os dados recentemente identificados no Sul peninsular evidenciam que a Estremadura nunca teve um carácter central nas dinâmicas sociais e económicas, mantendo um povoamento relativamente disseminado, sem a hierarquização de grande escala que se regista no Sul peninsular. No Sul peninsular, o 3º milénio a.n.e. parece congregar um mosaico, onde componentes como a arquitectura defensiva, a metalurgia, a consolidação agro-pastoril e a emergência de complexificação social surgem integradas na dinâmica interna regional, evidenciando contactos, mas sem permitir a clara definição de centros e periferias.
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A leitura do povoamento da área da Ribeira de Cheleiros permite complementar a perspectiva, fornecendo um campo de análise para realização de leituras de dinâmica de povoamento no espectro cronológico considerado. As dinâmicas sociais e económicas do povoamento parecem registar distintas fases, que podem traduzir outras tantas ordens sociais. No Neolítico final, regista-se um povoamento disseminado, com uma variedade de tipos de implantação e de áreas ocupadas; no início do 3º milénio, parece existir uma concentração do povoamento em sítios proeminentes e a emergência das primeiras muralhas e, finalmente, na segunda metade do 3º milénio, com a generalização do uso das cerâmicas campaniformes há uma verdadeira fissão do povoamento em unidades de povoamento de pequena dimensão. Os dados recentemente identificados no Sul peninsular evidenciam que a Estremadura nunca teve um carácter central nas dinâmicas sociais e económicas, mantendo um povoamento relativamente disseminado, sem a hierarquização de grande escala que se regista no Sul peninsular. No Sul peninsular, o 3º milénio a.n.e. parece congregar um mosaico, onde componentes como a arquitectura defensiva, a metalurgia, a consolidação agro-pastoril e a emergência de complexificação social surgem integradas na dinâmica interna regional, evidenciando contactos, mas sem permitir a clara definição de centros e periferias.The objective of the present work is to analyse the dynamics of permanence, rupture, identity and exogenous influence amongst the farming communities that inhabited the Estremadura region of Portugal, during the second half of the 4th Millennium and the 3rd Millennium B.C.E., interpreted through the evidence provided by the Prehistoric occupation at the site of Penedo do Lexim (Mafra). My excavation work at Penedo do Lexim (1998-2004) supplied a range of data that supports a re-assessment of previous interpretation models. A polysemic model is suggested for these sites, with a marked residential function, exhibiting defensive strategies, although not necessarily military, that were also the stage of ritualised experiences, especially during the later phases of human occupation. Interpretation of settlement patterns in the area of Ribeira de Cheleiros complements that perspective, supplying a field of study toward the interpretation of settlement dynamics within the chronological period here under consideration. The social and economic dynamics of settlement seem to register distinct phases that may, in their turn, reflect distinct social groups. During the Late Neolithic, settlement is dispersed, with a variety of types of settlement and areas occupied; in the beginning of the 3rd Millennium, there seems to be a concentration of settlements in prominent places and the emergence of the first settlement walls take place; and, finally, during the second half of the 3rd Millennium, with the widespread use of Bell Beaker ceramics, there is a real rupture of settlement into smaller-sized units of settlement. Data recently identified in the south of the Iberian Peninsula indicate that the Estremadura region of Portugal didn’t play a central role in the social and economic dynamics of the period, maintaining a relatively scattered settlement, without the large scale hierarchisation characteristic of the south of the Peninsula. In the south of the Iberian Peninsula, the 3rd Millennium B.C.E. seems to congregate a mosaic where such components as, defensive architecture, metallurgy, the consolidation of an agro-pastoral economy and the emergence of social complexity appear inserted into the internal regional dynamics, revealing contacts, but not a clear definition of centre and periphery.Direção Geral do Património Cultural/Câmara Municipal de Mafra/UNIARQRepositório da Universidade de LisboaSousa, Ana Catarina2021-11-12T11:20:47Z20212021-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bookapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/50112porSousa, A. C. (2021). O Penedo do Lexim (Mafra) e o Neolítico Final e Calcolítico da Península de Lisboa. Lisboa: Direção Geral do Património Cultural/Câmara Municipal de Mafra/ UNIARQ.978-972-776-595-9https://doi.org/10.51427/10451/50112info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:54:15Zoai:repositorio.ul.pt:10451/50112Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:01:41.417424Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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