A retórica como linguagem da política. Estrutura, sujeito e decisão na ontologia tropológica de Ernesto Laclau

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rafael, Xavier Viana de Oliveira
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/61338
Resumo: Perante uma contemporaneidade que parece mobilizar novas formas de contestação política, quer reactualizando antigas, quer criando e abrindo portas para novas formas de subjectivação, emerge a necessidade do trabalho filosófico pensar a estruturação da nossa realidade social. Por essa razão escolhemos incidir a nossa análise no conceito de populismo tal como nos é apresentado pelo filósofo argentino Ernesto Laclau, procurando, desta forma, trazer para a análise do século XXI uma ferramenta teórica que teve como função principal, nas mãos de Laclau, analisar e explicar os desenvolvimentos teóricos e políticos que surgiram nos séculos XIX e XX. Encontramos assim uma análise crítica do marxismo que levará, através da recusa da unidade do sujeito político e da reativação da noção gramsciana de hegemonia, a uma formulação teórica que se apresentará, como afirma o próprio autor, como um pós-marxismo sem desculpas. Esta análise enquadra-se numa teoria do discurso onde este é apresentado como horizonte ontológico de tudo aquilo que é. E para perceber esta consistência ontológica torna-se necessário o aprofundamento teórico e a consequente análise dos seus elementos constituintes. A estrutura como possibilidade de uma relação não determinada, a decisão como o momento inaugural de uma tomada de posição e o sujeito que se constitui através de uma razoabilidade que emerge da incomensurabilidade entre estrutura e decisão. Por fim, dando movimento aos elementos identificados, encontramos a retórica que, longe de ser um mero ornamento linguístico, poético, dissimulador ou enganador, constitui-se como fundamentação ontológica para que uma diferença radical se veja impelida para a completude de uma universalização. A política surge assim como uma apresentação desse movimento ontológico, e as suas reivindicações, disputas, acordos e lutas, como um trabalhar da própria lógica do populismo. Se a universalização ontológica nunca se completa, nunca se fecha numa perfeição, também a reivindicação política de um consenso universal nunca se verá cumprida. No entanto, tal impossibilidade não elimina a sua necessidade.
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Encontramos assim uma análise crítica do marxismo que levará, através da recusa da unidade do sujeito político e da reativação da noção gramsciana de hegemonia, a uma formulação teórica que se apresentará, como afirma o próprio autor, como um pós-marxismo sem desculpas. Esta análise enquadra-se numa teoria do discurso onde este é apresentado como horizonte ontológico de tudo aquilo que é. E para perceber esta consistência ontológica torna-se necessário o aprofundamento teórico e a consequente análise dos seus elementos constituintes. A estrutura como possibilidade de uma relação não determinada, a decisão como o momento inaugural de uma tomada de posição e o sujeito que se constitui através de uma razoabilidade que emerge da incomensurabilidade entre estrutura e decisão. Por fim, dando movimento aos elementos identificados, encontramos a retórica que, longe de ser um mero ornamento linguístico, poético, dissimulador ou enganador, constitui-se como fundamentação ontológica para que uma diferença radical se veja impelida para a completude de uma universalização. A política surge assim como uma apresentação desse movimento ontológico, e as suas reivindicações, disputas, acordos e lutas, como um trabalhar da própria lógica do populismo. Se a universalização ontológica nunca se completa, nunca se fecha numa perfeição, também a reivindicação política de um consenso universal nunca se verá cumprida. No entanto, tal impossibilidade não elimina a sua necessidade.In the face of a contemporary era that appears to mobilize new forms of political opposition, both by reviving old ones and by creating and paving the way for new forms of subjectivity, there arises a need for philosophical inquiry to examine the structure of our social reality. For this reason, we have chosen to focus our analysis on the concept of populism as presented by Argentine philosopher Ernesto Laclau. In doing so, we aim to bring a theoretical tool to the analysis of the 21st century, that was primarily used by Laclau to examine and explain the theoretical and political developments of the 19th and 20th centuries. We thus encounter a critical analysis of Marxism that, through the rejection of the unity of the political subject and the reactivation of Gramsci's notion of hegemony, leads to a theoretical formulation that presents itself, as the author himself asserts, as post-Marxism without apologies. This analysis is situated within a discourse theory in which discourse is presented as the ontological horizon of all that exists. To comprehend this ontological consistency, it is essential to delve into the theoretical understanding and the subsequent analysis of its constituent elements. These include the structure as the possibility of an undetermined relationship, the decision as the inaugural moment of a stance, and the subject constituted through a reasonableness that emerges from the incommensurability between structure and decision. Ultimately, providing movement to these identified elements, we find rhetoric that, far from being a mere linguistic, poetic, dissimulating, or deceptive ornament, serves as an ontological basis for a radical difference to be driven towards the completion of a universalization. Politics, therefore, emerges as a manifestation of this ontological movement, and its claims, disputes, agreements, and struggles, as a manifestation of the underlying logic of populism. If ontological universalization never reaches completion or perfection, neither will the political demand for universal consensus ever be achieved. However, this impossibility does not negate its necessity.André, José GomesRepositório da Universidade de LisboaRafael, Xavier Viana de Oliveira2023-12-14T14:29:51Z2022-06-242021-01-262022-06-24T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/61338TID:203283813porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-18T01:22:18Zoai:repositorio.ul.pt:10451/61338Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:54:57.881636Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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