O que é uma universidade católica? Estudo sociológico sobre o ensino de economia e gestão na Universidade Católica Portuguesa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, António Joaquim Brito Figueiroa Jardim
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1822/36847
Resumo: (Excerto) Um artigo de 1996, Maroy et al., estudava este tipo de mercado na Bélgica da época (já antes, em 1984, Rouleau tinha estudado algo semelhante no Quebeque, com conclusões parecidas, embora menos sistematizadas). O retrato obtido foi, pelo menos à primeira vista, contra-intuitivo: por um lado, baixavam os números relativos a prática religiosa, clérigos, religiosos e religiosas; por outro, aumentavam os dos serviços oferecidos por aquelas instituições, bem como o dos seus profissionais. Claro que se tratava, na maioria, de profissionais leigos contratados e disputados no mercado de trabalho em virtude de qualificações não religiosas. Como a clientela em geral pouco se preocupasse com a origem religiosa, ou não, dos serviços a que recorria, as organizações “cristãs”, pressionadas pela concorrência, tendiam a destacar na imagem pública, acima de tudo, a qualidade que ofereciam a nível de equipamentos, pessoal e seriedade. Em tal contexto, a referência cristã constituía uma marca valiosa no mercado, usada com o cuidado de se declarar aberta a utentes de todos os credos, sem discriminações. Como era de esperar, nas áreas de maior pendor técnico, as instituições cristãs, em termos de quotidiano, praticamente não se distinguiam das suas congéneres não cristãs. As próprias expressões cultuais da fé – oração em comum, eucaristia, etc. – eram escassas e discretas, em nome de um pluralismo respeitador de todos, inclusive do pessoal interno, cujo recrutamento, além de técnico, era aferido por referências morais e não por certificados de confessionalidade (as excepções eram os mais altos cargos da hierarquia e os encarregados da acção pastoral); como a boa moral e a boa ética profissional são compatíveis com os valores cristãos, no fundo, qualquer bom profissional poderia ser recrutado. Assim se fazia “cultura de empresa” naquelas instituições.
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