Eventos adversos na prestação de cuidados hospitalares em Portugal no ano de 2008

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mansoa, Ana
Data de Publicação: 2011
Outros Autores: Vieira, Carlota Pacheco, Ferrinho, Paulo, Nogueira, Paulo, Varandas, Luís
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/104494
Resumo: RESUMO - Introdução: A criação pela Organização Mundial de Saúde da World Alliance for Patient Safety em 2004, é resultado da preocupação crescente face ao domínio da segurança do doente, sendo a ocorrência de erros reconhecida como um grande problema de saúde pública e uma ameaça à qualidade dos cuidados prestados. Objectivo, material e métodos: Tendo por base os códigos da Classificação Internacional de Doenças, 9.ª Revisão, Modificação Clínica (subclasses 996-999, E870-E876 e E878-879), esta investigação procurou conhecer a dimensão dos eventos adversos, decorrentes da prestação de cuidados de saúde nos hospitais públicos de Portugal Continental, relatados no sistema de classificação de doentes em Grupos de Diagnóstico Homogéneo, no ano de 2008. Resultados e discussão: Os resultados revelaram a ocorrência de eventos adversos em 2,5% dos episódios de internamento hospitalar, surgindo na sua maioria como diagnósticos secundários de internamento. A frequência de eventos adversos foi ligeiramente superior nos indivíduos do sexo masculino (2,6%) quando comparada com o sexo feminino (2,4%). A idade dos indivíduos com eventos adversos é em média cinco anos superior à dos restantes indivíduos. O tempo de internamento nos casos de eventos adversos foi em média 4,14 vezes superior quando comparado com o tempo médio de internamento dos restantes episódios. Foi possível também estimar que os custos associados a eventos adversos correspondam a cerca de 4.436€ por episódio de internamento, tendo como referência o custo unitário total por dia de hospitalização no Serviço Nacional de Saúde. A frequência de destino após alta para outra instituição com internamento foi 2,5 vezes superior nos casos de eventos adversos, enquanto o número de falecimentos foi 2,44 vezes superior, quando comparados com os restantes episódios de internamento. Verificou-se ainda que o destino após alta para o domicílio foi menos frequente nos episódios com eventos adversos. As diferenças de frequência de eventos adversos por região foram ligeiras, sendo superior na região centro (3,0%) e inferior na região do Alentejo (1,7%). Conclusão: Os dados sugerem que a ocorrência de eventos adversos possa estar associada a períodos de internamento mais prolongados, maiores custos e maior mortalidade. A frequência de eventos adversos foi maior em indivíduos mais velhos e a diferença entre sexo ou região hospitalar não se mostrou substancial. Neste sentido, é urgente conhecer o real impacto dos eventos adversos, nomeadamente em indicadores como morbilidade e mortalidade dos portugueses.
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Objectivo, material e métodos: Tendo por base os códigos da Classificação Internacional de Doenças, 9.ª Revisão, Modificação Clínica (subclasses 996-999, E870-E876 e E878-879), esta investigação procurou conhecer a dimensão dos eventos adversos, decorrentes da prestação de cuidados de saúde nos hospitais públicos de Portugal Continental, relatados no sistema de classificação de doentes em Grupos de Diagnóstico Homogéneo, no ano de 2008. Resultados e discussão: Os resultados revelaram a ocorrência de eventos adversos em 2,5% dos episódios de internamento hospitalar, surgindo na sua maioria como diagnósticos secundários de internamento. A frequência de eventos adversos foi ligeiramente superior nos indivíduos do sexo masculino (2,6%) quando comparada com o sexo feminino (2,4%). A idade dos indivíduos com eventos adversos é em média cinco anos superior à dos restantes indivíduos. O tempo de internamento nos casos de eventos adversos foi em média 4,14 vezes superior quando comparado com o tempo médio de internamento dos restantes episódios. Foi possível também estimar que os custos associados a eventos adversos correspondam a cerca de 4.436€ por episódio de internamento, tendo como referência o custo unitário total por dia de hospitalização no Serviço Nacional de Saúde. A frequência de destino após alta para outra instituição com internamento foi 2,5 vezes superior nos casos de eventos adversos, enquanto o número de falecimentos foi 2,44 vezes superior, quando comparados com os restantes episódios de internamento. Verificou-se ainda que o destino após alta para o domicílio foi menos frequente nos episódios com eventos adversos. As diferenças de frequência de eventos adversos por região foram ligeiras, sendo superior na região centro (3,0%) e inferior na região do Alentejo (1,7%). Conclusão: Os dados sugerem que a ocorrência de eventos adversos possa estar associada a períodos de internamento mais prolongados, maiores custos e maior mortalidade. A frequência de eventos adversos foi maior em indivíduos mais velhos e a diferença entre sexo ou região hospitalar não se mostrou substancial. Neste sentido, é urgente conhecer o real impacto dos eventos adversos, nomeadamente em indicadores como morbilidade e mortalidade dos portugueses.ABSTRACT - Introduction: The establishment of the World Alliance for Patient Safety by the World Health Organization in 2004, results from the increased concern about patient safety, with the occurrence of errors being recognized as a major public health problem and a threat to quality of health care. Objective, material and methods: Although the Portuguese reality is not yet studied in a systematic way, it is possible to approach the problem through the study of secondary data sources. Thus, based on the International Classification of Diseases, 9th Revision, Clinical Modification (996-999, E870-E876 and E878-879 subclasses), this research sought to know the extent of adverse events resulting from health care in Portuguese public hospitals, reported on the patient classification system Diagnosis Related Groups, during the year 2008. Results and discussion: Adverse events occurred in 2.5% of the hospital admissions and mainly as secondary diagnosis. 2.6% of the men and 2.4% of the women were harmed by adverse events during inpatient care. The individuals with adverse events were on average five years older than the individuals without adverse events. The length of stay was on average 4.14 times longer in the cases with adverse events when compared with the average length of stay in the remaining episodes. The costs related to adverse events totals about 4.436€ per hospital admission, bearing in mind the cost per hospitalization day within the National Health Service. After hospital discharge, the destination to another institution was 2.5 times more frequent among patients with adverse events, while the number of deaths was 2.44 times higher in this group when compared with the remaining individuals. It was also possible to verify that patients impaired by adverse events went home less frequently than the other patients. Adverse events occurred more in the Centro of Portugal Region (3.0%) and less in the Alentejo Region (1.7%). Conclusion: Adverse events seem to be related with longer length of stay, higher costs and higher mortality rates. Adverse events occurred mainly in older individuals and the difference between sex or region hospital was not substantial. The results of this study urgently requires a better knowledge of the real impact of adverse events in Portugal, namely through the Portuguese morbidity and mortality indicators.Universidade Nova de Lisboa, Escola Nacional de Saúde PúblicaRUNMansoa, AnaVieira, Carlota PachecoFerrinho, PauloNogueira, PauloVarandas, Luís2020-09-22T11:07:48Z2011-072011-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/104494porMansoa, Ana; Vieira, Carlota Pacheco; Ferrinho, Paulo; Nogueira, Paulo; Varandas, Luís - Eventos adversos na prestação de cuidados hospitalares em Portugal no ano de 2008 = Adverse events in Portuguese hospitals in 2008. Revista Portuguesa de Saúde Pública. ISSN 0870-9025. Vol. 29, Nº 2 (Julho/Dezembro 2011), p. 116-1220870-9025info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:50:00Zoai:run.unl.pt:10362/104494Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:40:14.944406Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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