Recuperação de jardins históricos em Portugal: algumas reflexões

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Matos, Rute Sousa
Data de Publicação: 1999
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/13320
Resumo: Introdução - A defesa do património, é um problema com que os técnicos e o público, em geral, se deparam actualmente. Mas que protecção, salvaguarda e valores se devem defender, quando princípios neste âmbito são ignorados pelas entidades responsáveis e competentes? No que se refere ao património paisagístico, nomeadamente os jardins históricos portugueses, o problema agrava-se, uma vez que muito pouco está classificado, sobre protecção legal e divulgado, passando assim despercebido o seu valor cultural adquirido e transmitido ao longo do tempo. Assim sendo, é natural que a sensibilidade para este tipo de património e problema, se situe muito aquém do que deveria, relativamente ao património construído. No presente trabalho, procura-se contribuir para a definição de uma metodologia de recuperação dos jardins históricos portugueses, uma vez que aquele tem sido tema complexo e pertinente. A aplicação de técnicas de recuperação a jardins, de um modo geral, é relativamente recente, razão pela qual esta teoria não detém ainda a robustez e a riqueza da experiência que tem, por exemplo, o restauro de obras arquitectónicas, ou da pintura, quando assim não deveria acontecer uma vez que ele é, também, um bem cultural. Em síntese pode-se questionar se as intervenções de requalificação, conservação ou renovação de um jardim histórico português, se podem incluir num plano de recuperação. Poder-se-á integrar dentro da teoria geral de recuperação de um bem cultural? Estas interrogações prendem-se, talvez, por ainda não se ter encontrado a resposta às seguintes questões: - Que significado assume, de facto, no caso dos jardins, os conceitos de conservação, manutenção, restauro ou recuperação? - Que valor dar a um jardim, segundo o conceito de originalidade, autenticidade, de cópia ou de falso, de patina ou de lacuna? - A que período da história do jardim deverá ser dada prioridade, num plano de recuperação? - Como deverá ser a recuperação conduzida, de forma a minimizar as alterações visuais e funcionais? - Que concessões devem ser feitas tendo presentes os actuais interesses? - Que tipo de abordagem deve ser feita? A cultural, a funcional, a financeira, ou todas em simultâneo? - Quais então as actuações necessárias para enfrentar estes problemas? - Continuarão a constituir interesse as acções pontuais de conservação, a que se tem dado o nome de planos de recuperação, ou importará preservar a essência, o espírito do jardim? se sim, através de quê? da sua função, dos seus elementos constituintes? A definição de uma metodologia, é um contributo indispensável no início de qualquer trabalho de recuperação. Consiste na experimentação de uma técnica, que exige rigor, e no estabelecimento de critérios, que não se baseiam na intuição ou na aproximação vaga de certos parâmetros que não respeitam a essência do jardim. O conhecimento e compreensão de um jardim, asseguram uma base de trabalho que constitui, sem dúvida alguma, o melhor apoio qualquer que seja a acção ou o projecto a desenvolver. Na recuperação de jardins, a definição de uma metodologia é pois a segurança que harmoniza todo o processo. Parece-nos, então, lícito dizer que a procura da definição de uma metodologia de recuperação para os jardins históricos portugueses constitui-se, actualmente numa série de orientações que se vão progressivamente confrontando e actualizando com as experiências que derivam de intervenções em curso.
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