O papel da pastagem na recuperação do solo no montado. Pastagens e Forragens

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Mário
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/23845
Resumo: A baixa fertilidade da generalidade dos solos agrícolas portugueses, particularmente aqueles onde se situam os montados, resulta de causas naturais e antropomórficas. O clima, a natureza da rocha mãe e a topografia são as principais causas naturais. No caso do clima Mediterrânico, em que a precipitação se concentra nos meses de Inverno, existe um período seco e longo que reduz a taxa de formação do solo e um período de intensa lavagem que contribui para a acidificação e empobrecimento dos solos em nutrientes, assim como de risco acrescido de perda do solo por erosão. Esta situação é agravada pelo substrato geológico onde cerca de 75% do território continental português é constituído por rochas ígneas ou metamórficas ácidas, ricas em silício e pobres em cálcio, em que os granitos e xistos são as mais representativas. A acção do homem tem agravado este panorama, particularmente no que diz respeito ao aumento do risco de erosão por excesso de mobilização do solo, o que também contribui para o aumento da taxa de mineralização da matéria orgânica que, conjuntamente com incorporações muito reduzidas de resíduos orgânicos, é responsável pelo baixo teor de matéria orgânica da maioria dos nossos solos. Assim, a maioria dos solos onde se encontram as principais manchas de montado apresentam uma baixa capacidade de troca catiónica e uma baixa saturação em bases, que conjuntamente com o baixo teor de matéria orgânica conduz a solos pouco férteis e ácidos. As pastagens podem ter um papel decisivo na recuperação da fertilidade destes solos, pois a perlongada ausência de mobilização do solo, permite a sua protecção contra a erosão e o aumento do seu teor em matéria orgânica. No entanto, estes efeitos benéficos estão dependentes do nível produtivo da pastagem que condiciona o grau de protecção do solo, o retorno de resíduos orgânicos ao solo e a carga animal que suportam. Pastagens pouco produtivas obrigam a encabeçamentos baixos, permitem a invasão dos matos, particularmente de espécies do género Cistus que são periodicamente combatidos com mobilização do solo, agravando a erosão do solo e impedindo a recuperação da sua fertilidade. Torna-se pois imprescindível eliminar os factores limitantes a uma boa produtividade da pastagem e ajustar a carga animal ao seu nível produtivo, para as pastagens poderem desempenhar o seu papel na recuperação dos solos do montado. Aceitando que a base das nossas pastagens deve ser de leguminosas, os dois factores que mais frequentemente actuam como limitantes à sua implantação são o fósforo (na generalidade dos solos) e a toxicidade de manganês e/ou alumínio em solos ácidos, que mesmo sem afectarem directamente a planta, podem restringir seriamente o seu crescimento por impedirem o bom funcionamento da simbiose com o rizóbio. No caso dos solos derivados de granito ou rochas afins, a toxicidade de manganês é muito frequente e responsável pela baixa produtividade das pastagens e o insucesso de muitas sementeiras. A correcção do problema obriga à aplicação de calcário dolomítico, uma vez que a toxicidade é o resultado de uma baixa relação entre o magnésio e o manganês. A aplicação de carbonatos de cálcio calcítico, diminuindo a disponibilidade de manganês, diminui também a absorção de magnésio por parte da planta, pelo que o seu efeito no alívio da toxicidade é muito limitado.
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