Sistemas compósitos de PU/ZnO para entrega de fármacos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pires, Ana Lúcia Mota
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/10946
Resumo: A produção de sistemas para libertação de fármacos que integrem materiais nanométricos poderá trazer vantagens significativas no uso clínico devido ao facto de as suas reduzidas dimensões permitirem a entrega do fármaco em locais não acessíveis a transportadores com dimensão superior. Nestes sistemas é extremamente importante controlar a velocidade de libertação do fármaco. A incorporação de nanopartículas numa matriz polimérica poderá ser uma estratégia adequada para manipular a velocidade a que o fármaco é localmente entregue. O presente trabalho teve como objetivo o estudo da libertação de dois fármacos modelos, a gentamicina e o ibuprofeno, a partir de dois sistemas distintos: (i) partículas nanoestruturadas de ZnO e (ii) compósitos de (poliuretano (PU)/ZnO) produzidos por incorporação de partículas nanoestruturadas de ZnO numa matriz de PU. Do ponto de vista experimental, o presente trabalho envolveu as seguintes etapas: (1) síntese e caracterização de partículas de ZnO, (2) incorporação de fármacos nas partículas de ZnO, (3) produção e caracterização de compósitos PU/ZnO usando as partículas carregadas com o fármaco e (4) monitorização da libertação dos fármacos nos dois sistemas, ou seja, a partir das partículas de ZnO e a partir dos compósitos PU/ZnO correspondentes, bem como da respetiva degradação no meio de libertação. As partículas de ZnO foram produzidas por um método de precipitação química em que se seguiram os efeitos da variação da velocidade de adição de reagentes. Para esse efeito utilizou-se uma bureta e um dispersor como dispositivos alternativos para mistura dos reagentes necessários à precipitação dos pós, i.e. uma solução de um sal de zinco (ZnCl2) e uma solução básica (NaOH). Os pós obtidos, ZnOA e ZnOP respetivamente, foram caraterizados por microscopia eletrónica de varrimento (SEM) quanto à morfologia (forma e tamanho), por adsorção de gás (BET) para avaliação de área superficial especifica e porosidade, e por espectroscopia de infravermelho com transformadas de Fourier para avaliação das suas características químicas de superfície. Utilizou-se como termo de comparação nanopartículas de ZnO comerciais (ZnOC). Os resultados obtidos evidenciaram que os diferentes caudais de adição de reagentes, associados aos dois dispositivos usados, se refletiram em variações significativas de área superficial das partículas obtidas que se apresentaram como partículas nanoestruturadas de elevada área específica. Os fármacos modelos, o ibuprofeno e a gentamicina, foram incorporados nas nanoestruturas por um processo de adsorção. A sua incorporação foi avaliada por espectroscopia de infravermelhos, e de ultravioleta (UV) (ao comprimento de onda de 264 nm para o ibuprofeno e de 332 nm para a gentamicina) bem como por análise térmica, observando-se uma variação da quantidade de fármaco adsorvido consoante o tipo de pó e do próprio fármaco. As nanoestruturas carregadas de fármaco foram usadas na produção de compósitos PU/ ZnO com uma percentagem mássica de 50% de ZnO.A preparação dos compósitos consistiu em adicionar as nanoestruturas de ZnO carregadas com o fármaco modelo a uma solução do polímero. Por evaporação do solvente obtiveram-se assim discos de compósitos de ZnO de matriz polimérica. A libertação dos fármacos a partir dos dois sistemas em análise (nanoestruturas de ZnO e compósitos PU/ZnO) foi conduzida em solução tampão de fosfatos (PBS) à temperatura de 37ºC e a pH =7,4 Os resultados obtidos revelaram que ambos os sistemas, nanoestruturas de ZnO e compósitos PU/ZnO, apresentam perfis de libertação do fármaco em três estágios: um estágio inicial, com elevada velocidade de libertação, seguido de um estágio intermédio de velocidade mais lenta e por fim o último estágio com velocidade muito reduzida ou quase nula. Apesar desta semelhança observase também que os perfis são fortemente afetados pela incorporação das nanoestruturas na matriz polimérica dado que esta inibe fortemente a libertação do fármaco. A matriz comporta-se como uma barreira que se opõe ao transporte do fármaco, pelo que as quantidades libertadas a partir dos compósitos são significativamente inferiores às observadas no caso das nanoestruturas. Por outro lado observou-se também uma variação das quantidades de fármaco libertadas com os vários tipos de nanoestruturas em análise bem como com os respetivos compósitos. Os ensaios de degradação dos compósitos, permitiram concluir que inicialmente ocorre degradação superficial da matriz polimérica que expõe as nanopartículas mais superficiais ao fluido de libertação. No entanto após esta fase, a degradação é mais lenta e ocorre formação de precipitados de fosfatos de sódio e zinco que também dificultam a libertação uma vez que formam uma camada superficial que conjuntamente com o polímero ainda não degradado aprisiona as nanoestruturas de ZnO no interior da matriz, inibindo o posterior transporte do fármaco para o meio de libertação. Este resultado sugere que deverá ser possível controlar a quantidade de fármaco libertado mediante a manipulação da estrutura química do poliuretano por forma a torna-lo mais degradável. Estudos anteriores já haviam demonstrado que os compósitos PU/ZnO (50% de ZnO) são modelos potencialmente interessantes para terapias que em que se pretenda travar a proliferação celular, como é o caso do tratamento do cancro. Os presentes resultados demonstram que a associação da própria gentamicina a estes sistemas pode ser útil em aplicações como o tratamento de tumores ósseos como osteossarcomas pois poderá ter um efeito local inibitório de micro-organismos. O ibuprofeno poderá ser aplicado em terapias em que se pretenda minimizar o processo inflamatório. Em conclusão, os resultados obtidos sugerem a viabilidade da aplicação dos compósitos de PU/ZnO como sistemas de libertação sustentada de fármacos.
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O presente trabalho teve como objetivo o estudo da libertação de dois fármacos modelos, a gentamicina e o ibuprofeno, a partir de dois sistemas distintos: (i) partículas nanoestruturadas de ZnO e (ii) compósitos de (poliuretano (PU)/ZnO) produzidos por incorporação de partículas nanoestruturadas de ZnO numa matriz de PU. Do ponto de vista experimental, o presente trabalho envolveu as seguintes etapas: (1) síntese e caracterização de partículas de ZnO, (2) incorporação de fármacos nas partículas de ZnO, (3) produção e caracterização de compósitos PU/ZnO usando as partículas carregadas com o fármaco e (4) monitorização da libertação dos fármacos nos dois sistemas, ou seja, a partir das partículas de ZnO e a partir dos compósitos PU/ZnO correspondentes, bem como da respetiva degradação no meio de libertação. As partículas de ZnO foram produzidas por um método de precipitação química em que se seguiram os efeitos da variação da velocidade de adição de reagentes. Para esse efeito utilizou-se uma bureta e um dispersor como dispositivos alternativos para mistura dos reagentes necessários à precipitação dos pós, i.e. uma solução de um sal de zinco (ZnCl2) e uma solução básica (NaOH). Os pós obtidos, ZnOA e ZnOP respetivamente, foram caraterizados por microscopia eletrónica de varrimento (SEM) quanto à morfologia (forma e tamanho), por adsorção de gás (BET) para avaliação de área superficial especifica e porosidade, e por espectroscopia de infravermelho com transformadas de Fourier para avaliação das suas características químicas de superfície. Utilizou-se como termo de comparação nanopartículas de ZnO comerciais (ZnOC). Os resultados obtidos evidenciaram que os diferentes caudais de adição de reagentes, associados aos dois dispositivos usados, se refletiram em variações significativas de área superficial das partículas obtidas que se apresentaram como partículas nanoestruturadas de elevada área específica. Os fármacos modelos, o ibuprofeno e a gentamicina, foram incorporados nas nanoestruturas por um processo de adsorção. A sua incorporação foi avaliada por espectroscopia de infravermelhos, e de ultravioleta (UV) (ao comprimento de onda de 264 nm para o ibuprofeno e de 332 nm para a gentamicina) bem como por análise térmica, observando-se uma variação da quantidade de fármaco adsorvido consoante o tipo de pó e do próprio fármaco. As nanoestruturas carregadas de fármaco foram usadas na produção de compósitos PU/ ZnO com uma percentagem mássica de 50% de ZnO.A preparação dos compósitos consistiu em adicionar as nanoestruturas de ZnO carregadas com o fármaco modelo a uma solução do polímero. Por evaporação do solvente obtiveram-se assim discos de compósitos de ZnO de matriz polimérica. A libertação dos fármacos a partir dos dois sistemas em análise (nanoestruturas de ZnO e compósitos PU/ZnO) foi conduzida em solução tampão de fosfatos (PBS) à temperatura de 37ºC e a pH =7,4 Os resultados obtidos revelaram que ambos os sistemas, nanoestruturas de ZnO e compósitos PU/ZnO, apresentam perfis de libertação do fármaco em três estágios: um estágio inicial, com elevada velocidade de libertação, seguido de um estágio intermédio de velocidade mais lenta e por fim o último estágio com velocidade muito reduzida ou quase nula. Apesar desta semelhança observase também que os perfis são fortemente afetados pela incorporação das nanoestruturas na matriz polimérica dado que esta inibe fortemente a libertação do fármaco. A matriz comporta-se como uma barreira que se opõe ao transporte do fármaco, pelo que as quantidades libertadas a partir dos compósitos são significativamente inferiores às observadas no caso das nanoestruturas. Por outro lado observou-se também uma variação das quantidades de fármaco libertadas com os vários tipos de nanoestruturas em análise bem como com os respetivos compósitos. Os ensaios de degradação dos compósitos, permitiram concluir que inicialmente ocorre degradação superficial da matriz polimérica que expõe as nanopartículas mais superficiais ao fluido de libertação. No entanto após esta fase, a degradação é mais lenta e ocorre formação de precipitados de fosfatos de sódio e zinco que também dificultam a libertação uma vez que formam uma camada superficial que conjuntamente com o polímero ainda não degradado aprisiona as nanoestruturas de ZnO no interior da matriz, inibindo o posterior transporte do fármaco para o meio de libertação. Este resultado sugere que deverá ser possível controlar a quantidade de fármaco libertado mediante a manipulação da estrutura química do poliuretano por forma a torna-lo mais degradável. Estudos anteriores já haviam demonstrado que os compósitos PU/ZnO (50% de ZnO) são modelos potencialmente interessantes para terapias que em que se pretenda travar a proliferação celular, como é o caso do tratamento do cancro. Os presentes resultados demonstram que a associação da própria gentamicina a estes sistemas pode ser útil em aplicações como o tratamento de tumores ósseos como osteossarcomas pois poderá ter um efeito local inibitório de micro-organismos. O ibuprofeno poderá ser aplicado em terapias em que se pretenda minimizar o processo inflamatório. Em conclusão, os resultados obtidos sugerem a viabilidade da aplicação dos compósitos de PU/ZnO como sistemas de libertação sustentada de fármacos.The production of drug delivery systems that integrate nanoscale materials could bring significant advantages in clinical use since their reduced dimensions may allow to deliver the drug at locations not accessible to carriers with higher dimension. In these systems it is extremely important to control the rate of drug release. The incorporation of nanoparticles in a polymer matrix may be a suitable strategy for manipulating the rate at which the drug is locally delivered. The present study was aimed at the study of the release of two drug models, gentamycin and ibuprofen, from two distinct systems: (i) ZnO nanostructured particles and (ii) (Polyurethane (PU)/ZnO) composite produced by incorporation of nanostructured ZnO particles in a PU matrix. From the experimental point of view, this work involved the following steps: (1) synthesis and characterization of ZnO particles, (2) loading ZnO particles with the drug models, (3) production and characterization of PU / ZnO composites using the drug loaded particles and (4) monitoring the drug release in both systems, ie from ZnO particles and from the PU / ZnO composite, and its degradation in the release medium. The ZnO particles were produced by a chemical precipitation method in which the effects of varying the rate of reagents addition were followed. For this purpose a burette and a nozle were used as alternative devices for mixing the reactants required for ZnO powders precipitation, ie a a zinc salt solution (ZnCl2) and a basic solution (NaOH) .The obtained powders, ZnOA and ZnOP respectively, were characterized by scanning electron microscopy (SEM) for morphology evaluation(size and shape), by gas adsorption (BET) for assessing the specific surface area and porosity, and by infrared spectroscopy for evaluation of their surface chemistry. Commercial ZnO nanoparticles (ZnOC) were also used for comparative purposes. The obtained results showed that the different rates of reagents addition of, associated with the two used devices were reflected in significant variations of the particles surface area which were seen to be nanostructured particles of high specific area. The drugs models, ibuprofen and gentamicin were incorporated into the nanostructures by an adsorption process. The drug loading was evaluated by IR spectroscopy and by ultraviolet (UV) spectroscopy (at the wavelengths of 264 nm and 332 nm for ibuprofen and gentamicin, respectively) as well as by thermal analysis. It was observed that the amount drug adsorbed was conditioned by the type of powder and by the drug itself. The drug loaded nanostructures were used in the production of PU/ZnO composites with a ZnO weight percentage of 50%.The preparation of the composites consisted on the addition of ZnO nanostructures loaded with the drug model to a polymer solution.The evaporation of the solvent allowed PU/ZnO composites discs to be obtained. The drug release from these two systems (ZnO nanostructures and PU/ZnO composites) was conducted in a phosphate buffer solution (PBS) at 37°C and pH=7.4 The results showed that both systems, ZnO nanostructures and PU/ZnO composites exhibit a drug release profile comprising three stages: an initial stage with high release rate followed by an intermediate stage of slower rate and finally the last stage with a very low or nearly nil rate. Despite this similarity it is also observed that the profiles are strongly affected by the incorporation of the nanostructures into the polymer matrix since this inhibits the drug release. The matrix acts as a barrier which prevents the transport of the drug, so that the quantities released from the composites are significantly lower than those observed in the case of nanostructures. Moreover a variation on the drug released quantities is also observed for the various types of nanostructure under analysis as well as for their composites. The degradation tests of the composites showed that degradation occurs first at the surface of the polymeric matrix, exposing the more superficial nanoparticles to release medium. However, after this stage, the polymer degradation becomes slower and sodium and zinc phosphates precipitation also occurs thus forming a surface layer which, together with the polymer not yet degraded, trap ZnO nanostructures within the matrix inhibiting further the drug transport into the release medium. This result suggests that it should be possible to control the amount of released drug by manipulating the chemical structure of the polyurethane in order to make it more degradable. Previous studies have shown that the composite PU/ZnO (50% ZnO) are potentially interesting models for therapies aimed at to stop cell proliferation, such as in cancer treatment. The present results demonstrate that the association of gentamicin to these systems may be useful in applications such as the treatment of bone tumors (osteosarcomas) where they may have a local effect of microorganisms inhibition. Ibuprofen may be applied in therapies where it is desired to minimize the inflammatory process. In conclusion, the results suggest the usefullness of the develloped PU/ZnO composites as drugs sustained release systems.Universidade de Aveiro2018-07-20T14:00:42Z2013-01-08T00:00:00Z2013-01-082014-01-08T16:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/10946porPires, Ana Lúcia Motainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:19:52Zoai:ria.ua.pt:10773/10946Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:47:35.939087Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Os pós obtidos, ZnOA e ZnOP respetivamente, foram caraterizados por microscopia eletrónica de varrimento (SEM) quanto à morfologia (forma e tamanho), por adsorção de gás (BET) para avaliação de área superficial especifica e porosidade, e por espectroscopia de infravermelho com transformadas de Fourier para avaliação das suas características químicas de superfície. Utilizou-se como termo de comparação nanopartículas de ZnO comerciais (ZnOC). Os resultados obtidos evidenciaram que os diferentes caudais de adição de reagentes, associados aos dois dispositivos usados, se refletiram em variações significativas de área superficial das partículas obtidas que se apresentaram como partículas nanoestruturadas de elevada área específica. Os fármacos modelos, o ibuprofeno e a gentamicina, foram incorporados nas nanoestruturas por um processo de adsorção. A sua incorporação foi avaliada por espectroscopia de infravermelhos, e de ultravioleta (UV) (ao comprimento de onda de 264 nm para o ibuprofeno e de 332 nm para a gentamicina) bem como por análise térmica, observando-se uma variação da quantidade de fármaco adsorvido consoante o tipo de pó e do próprio fármaco. As nanoestruturas carregadas de fármaco foram usadas na produção de compósitos PU/ ZnO com uma percentagem mássica de 50% de ZnO.A preparação dos compósitos consistiu em adicionar as nanoestruturas de ZnO carregadas com o fármaco modelo a uma solução do polímero. Por evaporação do solvente obtiveram-se assim discos de compósitos de ZnO de matriz polimérica. A libertação dos fármacos a partir dos dois sistemas em análise (nanoestruturas de ZnO e compósitos PU/ZnO) foi conduzida em solução tampão de fosfatos (PBS) à temperatura de 37ºC e a pH =7,4 Os resultados obtidos revelaram que ambos os sistemas, nanoestruturas de ZnO e compósitos PU/ZnO, apresentam perfis de libertação do fármaco em três estágios: um estágio inicial, com elevada velocidade de libertação, seguido de um estágio intermédio de velocidade mais lenta e por fim o último estágio com velocidade muito reduzida ou quase nula. Apesar desta semelhança observase também que os perfis são fortemente afetados pela incorporação das nanoestruturas na matriz polimérica dado que esta inibe fortemente a libertação do fármaco. A matriz comporta-se como uma barreira que se opõe ao transporte do fármaco, pelo que as quantidades libertadas a partir dos compósitos são significativamente inferiores às observadas no caso das nanoestruturas. Por outro lado observou-se também uma variação das quantidades de fármaco libertadas com os vários tipos de nanoestruturas em análise bem como com os respetivos compósitos. Os ensaios de degradação dos compósitos, permitiram concluir que inicialmente ocorre degradação superficial da matriz polimérica que expõe as nanopartículas mais superficiais ao fluido de libertação. No entanto após esta fase, a degradação é mais lenta e ocorre formação de precipitados de fosfatos de sódio e zinco que também dificultam a libertação uma vez que formam uma camada superficial que conjuntamente com o polímero ainda não degradado aprisiona as nanoestruturas de ZnO no interior da matriz, inibindo o posterior transporte do fármaco para o meio de libertação. Este resultado sugere que deverá ser possível controlar a quantidade de fármaco libertado mediante a manipulação da estrutura química do poliuretano por forma a torna-lo mais degradável. Estudos anteriores já haviam demonstrado que os compósitos PU/ZnO (50% de ZnO) são modelos potencialmente interessantes para terapias que em que se pretenda travar a proliferação celular, como é o caso do tratamento do cancro. Os presentes resultados demonstram que a associação da própria gentamicina a estes sistemas pode ser útil em aplicações como o tratamento de tumores ósseos como osteossarcomas pois poderá ter um efeito local inibitório de micro-organismos. O ibuprofeno poderá ser aplicado em terapias em que se pretenda minimizar o processo inflamatório. Em conclusão, os resultados obtidos sugerem a viabilidade da aplicação dos compósitos de PU/ZnO como sistemas de libertação sustentada de fármacos.
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