A abstenção tabágica: Reflexões sobre a recaída

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Guerra,Marina Prista
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312004000300008
Resumo: Nos últimos anos tem-se dado muita ênfase à dependência de drogas duras porque provocam uma diminuição da qualidade de vida dos seus utilizadores, interferem negativamente no funcionamento e ordem social e sobretudo devido à relação com a aquisição de doenças infecciosas como a SIDA e Hepatite C. Esta preocupação crescente, concentrou a maioria das investigações nos toxicodependentes que usam drogas ilícitas e nos fenómenos de segurança social a eles associados, deixando para um segundo plano outras dependências legalmente permissivas como o abuso de fármacos (tranquilizantes e antidepressivos), álcool e o tabaco. O uso de tabaco é no entanto reconhecido como um dos maiores problemas de saúde pública a nível mundial contribuindo segundo as estatísticas para mortes prematuras e deterioração da qualidade de vida dos fumadores, e que vem muitas vezes associado ao consumo de outras drogas. O estudo cuidadoso da influência da nicotina no ser humano a nível biológico, psicológico e social é de suma importância para a intervenção na cessação tabágica e ainda, porque a nicotina exerce a sua influência nomeadamente na absorção de outros produtos naturais ou tóxicos. O problema do tabagismo foi estudado até um passado bem recente, meramente como um hábito que era preciso "descondicionar" e que dependia quase inteiramente da vontade do próprio. Contudo as recentes descobertas da influência positiva da nicotina em determinadas doenças veio abrir caminho para outras investigações que reforçam o poder aditivo desta droga, sobretudo porque se constata, que a maioria dos ex-fumadores tem sucessivas recaídas, tornando a abstenção total a longo prazo muito difícil. Este artigo pretende assim esclarecer aspectos psicológicos, sociais e psicofisiológicos que estão na base do insucesso da manutenção da abstenção tabágica. Enfatizaremos assim os efeitos psicofarmacológicos que proporcionam uma explicação diferente para a futura intervenção no tabagismo e que fornece novas pistas de investigação.
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