Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde pública
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-90252011000100010 |
Resumo: | Na Europa os problemas de saúde pública relacionados com biotoxinas marinhas têm estado largamente associados ao consumo de bivalves contaminados por microalgas tóxicas, à semelhança de outras zonas temperadas do planeta. No entanto, nos países mediterrâneos novos riscos para a saúde pública têm vindo a tornar-se recorrentes desde o início do século xxi. As alterações climáticas parecem estar a favorecer a ocorrência de biotoxinas que habitualmente apenas afectavam zonas tropicais, em latitudes progressivamente superiores. Nesta revisão pretende-se resumir os principais problemas de biotoxinas emergentes que tem estado a afectar progressivamente o sul da Europa, em que estão envolvidas as palitoxinas, as tetrodotoxinas e as ciguatoxinas. A presença de palitoxinas levou à inclusão da via respiratória na transferência de biotoxinas para o Homen. Até recentemente apenas a via alimentar era conhecida na Europa. Já ocorreram diversos episódios graves do foro respiratório em Itália e Espanha. As biotoxinas envolvidas são produzidas pela microalga Ostreopsis ovata. Estes problemas surgiram em baías abrigadas, modificadas artificialmente, em períodos do verão em que se atingiram temperaturas elevadas da água do mar, afectando habitantes e veraneantes. A abertura do Canal do Suez permitiu a migração para o Mediterrâneo oriental do peixebalão Lagocephalus sceleratus oriundo do Mar Vermelho, contaminado com tetrodotoxinas. Já foram capturados por diversas vezes no mar Egeu e já causaram intoxicações em Israel, pelo que terão constituído populações permanentes no Mediterrâneo oriental. Os juvenis podem ser confundidos com outros peixes comerciais e consumidos por engano. Até 2004, as intoxicações por ciguatera registadas em países europeus derivavam de viagens prévias a zonas de risco como ilhas das Caraíbas ou do Oceano Índico ou Pacífico. Peixe contaminado com toxinas ciguatéricas foi capturado pela primeira vez em 2004 nas Ilhas Canárias. A recorrência do fenómeno mais a norte em meados de 2008, com peixe capturado nas Ilhas Selvagens do Arquipélago da Madeira, e em finais de 2008 com peixe novamente capturado nas Ilhas Canárias, levou ao estabelecimento de limites de captura para certas espécies de peixes. O peixe implicado nas intoxicações mais graves foi o charuteiro (Seriola spp.). A recente identificação de toxinas ciguatéricas em Seriola fasciata, e o registo progressivo da presença desta espécie desde o Mediterrâneo ocidental até ao Mar Egeu, levantam também preocupações sobre a futura expansão de peixes ciguatéricos no Mediterrâneo. Um caso isolado de uma intoxicação grave por búzios contaminados com tetrodotoxinas também questiona qual a possível extensão futura do problema causado pelas biotoxinas emergentes nesta região. |
id |
RCAP_d149cf7ee2c58d48359b5fe98cbd6087 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:scielo:S0870-90252011000100010 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde públicaIntoxicação alimentarAlterações climáticasAerosolOstreopsisPeixe-balãoCiguateraPalitoxinaTetrodotoxinaNa Europa os problemas de saúde pública relacionados com biotoxinas marinhas têm estado largamente associados ao consumo de bivalves contaminados por microalgas tóxicas, à semelhança de outras zonas temperadas do planeta. No entanto, nos países mediterrâneos novos riscos para a saúde pública têm vindo a tornar-se recorrentes desde o início do século xxi. As alterações climáticas parecem estar a favorecer a ocorrência de biotoxinas que habitualmente apenas afectavam zonas tropicais, em latitudes progressivamente superiores. Nesta revisão pretende-se resumir os principais problemas de biotoxinas emergentes que tem estado a afectar progressivamente o sul da Europa, em que estão envolvidas as palitoxinas, as tetrodotoxinas e as ciguatoxinas. A presença de palitoxinas levou à inclusão da via respiratória na transferência de biotoxinas para o Homen. Até recentemente apenas a via alimentar era conhecida na Europa. Já ocorreram diversos episódios graves do foro respiratório em Itália e Espanha. As biotoxinas envolvidas são produzidas pela microalga Ostreopsis ovata. Estes problemas surgiram em baías abrigadas, modificadas artificialmente, em períodos do verão em que se atingiram temperaturas elevadas da água do mar, afectando habitantes e veraneantes. A abertura do Canal do Suez permitiu a migração para o Mediterrâneo oriental do peixebalão Lagocephalus sceleratus oriundo do Mar Vermelho, contaminado com tetrodotoxinas. Já foram capturados por diversas vezes no mar Egeu e já causaram intoxicações em Israel, pelo que terão constituído populações permanentes no Mediterrâneo oriental. Os juvenis podem ser confundidos com outros peixes comerciais e consumidos por engano. Até 2004, as intoxicações por ciguatera registadas em países europeus derivavam de viagens prévias a zonas de risco como ilhas das Caraíbas ou do Oceano Índico ou Pacífico. Peixe contaminado com toxinas ciguatéricas foi capturado pela primeira vez em 2004 nas Ilhas Canárias. A recorrência do fenómeno mais a norte em meados de 2008, com peixe capturado nas Ilhas Selvagens do Arquipélago da Madeira, e em finais de 2008 com peixe novamente capturado nas Ilhas Canárias, levou ao estabelecimento de limites de captura para certas espécies de peixes. O peixe implicado nas intoxicações mais graves foi o charuteiro (Seriola spp.). A recente identificação de toxinas ciguatéricas em Seriola fasciata, e o registo progressivo da presença desta espécie desde o Mediterrâneo ocidental até ao Mar Egeu, levantam também preocupações sobre a futura expansão de peixes ciguatéricos no Mediterrâneo. Um caso isolado de uma intoxicação grave por búzios contaminados com tetrodotoxinas também questiona qual a possível extensão futura do problema causado pelas biotoxinas emergentes nesta região.Escola Nacional de Saúde Pública2011-01-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-90252011000100010Revista Portuguesa de Saúde Pública v.29 n.1 2011reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttp://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-90252011000100010Vale,Pauloinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-02-06T17:01:13Zoai:scielo:S0870-90252011000100010Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:16:46.367094Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde pública |
title |
Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde pública |
spellingShingle |
Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde pública Vale,Paulo Intoxicação alimentar Alterações climáticas Aerosol Ostreopsis Peixe-balão Ciguatera Palitoxina Tetrodotoxina |
title_short |
Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde pública |
title_full |
Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde pública |
title_fullStr |
Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde pública |
title_full_unstemmed |
Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde pública |
title_sort |
Biotoxinas emergentes em águas europeias e novos riscos para a saúde pública |
author |
Vale,Paulo |
author_facet |
Vale,Paulo |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Vale,Paulo |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Intoxicação alimentar Alterações climáticas Aerosol Ostreopsis Peixe-balão Ciguatera Palitoxina Tetrodotoxina |
topic |
Intoxicação alimentar Alterações climáticas Aerosol Ostreopsis Peixe-balão Ciguatera Palitoxina Tetrodotoxina |
description |
Na Europa os problemas de saúde pública relacionados com biotoxinas marinhas têm estado largamente associados ao consumo de bivalves contaminados por microalgas tóxicas, à semelhança de outras zonas temperadas do planeta. No entanto, nos países mediterrâneos novos riscos para a saúde pública têm vindo a tornar-se recorrentes desde o início do século xxi. As alterações climáticas parecem estar a favorecer a ocorrência de biotoxinas que habitualmente apenas afectavam zonas tropicais, em latitudes progressivamente superiores. Nesta revisão pretende-se resumir os principais problemas de biotoxinas emergentes que tem estado a afectar progressivamente o sul da Europa, em que estão envolvidas as palitoxinas, as tetrodotoxinas e as ciguatoxinas. A presença de palitoxinas levou à inclusão da via respiratória na transferência de biotoxinas para o Homen. Até recentemente apenas a via alimentar era conhecida na Europa. Já ocorreram diversos episódios graves do foro respiratório em Itália e Espanha. As biotoxinas envolvidas são produzidas pela microalga Ostreopsis ovata. Estes problemas surgiram em baías abrigadas, modificadas artificialmente, em períodos do verão em que se atingiram temperaturas elevadas da água do mar, afectando habitantes e veraneantes. A abertura do Canal do Suez permitiu a migração para o Mediterrâneo oriental do peixebalão Lagocephalus sceleratus oriundo do Mar Vermelho, contaminado com tetrodotoxinas. Já foram capturados por diversas vezes no mar Egeu e já causaram intoxicações em Israel, pelo que terão constituído populações permanentes no Mediterrâneo oriental. Os juvenis podem ser confundidos com outros peixes comerciais e consumidos por engano. Até 2004, as intoxicações por ciguatera registadas em países europeus derivavam de viagens prévias a zonas de risco como ilhas das Caraíbas ou do Oceano Índico ou Pacífico. Peixe contaminado com toxinas ciguatéricas foi capturado pela primeira vez em 2004 nas Ilhas Canárias. A recorrência do fenómeno mais a norte em meados de 2008, com peixe capturado nas Ilhas Selvagens do Arquipélago da Madeira, e em finais de 2008 com peixe novamente capturado nas Ilhas Canárias, levou ao estabelecimento de limites de captura para certas espécies de peixes. O peixe implicado nas intoxicações mais graves foi o charuteiro (Seriola spp.). A recente identificação de toxinas ciguatéricas em Seriola fasciata, e o registo progressivo da presença desta espécie desde o Mediterrâneo ocidental até ao Mar Egeu, levantam também preocupações sobre a futura expansão de peixes ciguatéricos no Mediterrâneo. Um caso isolado de uma intoxicação grave por búzios contaminados com tetrodotoxinas também questiona qual a possível extensão futura do problema causado pelas biotoxinas emergentes nesta região. |
publishDate |
2011 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2011-01-01 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-90252011000100010 |
url |
http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-90252011000100010 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-90252011000100010 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
text/html |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Escola Nacional de Saúde Pública |
publisher.none.fl_str_mv |
Escola Nacional de Saúde Pública |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista Portuguesa de Saúde Pública v.29 n.1 2011 reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799137263909601280 |