Mensagem do Presidente da SPA
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25751/rspa.3671 |
Resumo: | Dez anos depois é altura de passar testemunho. Dez anos ricos de acontecimentos, com o sentimento do dever cumprido. Esteve sempre o desejo de interpretar este desafio, o prazer de viver nele, a paixão de acreditar ser possível, e foi. Muitos colegas nos acompanharam nesta jornada, acreditando no projeto e fazendo parte dele de forma ativa e construtiva. Não seria possível sem eles, e a todos agradeço o que me ajudaram a fazer pela anestesiologia portuguesa. A Sociedade Portuguesa de Anestesiologia é hoje uma associação que está consolidada, tem sustentação financeira, possui secções que funcionam, alavancou a produção de documentos de carácter organizativo e científico que são referência, edita uma revista periódica em vias de indexação e criou um site que permite a comunicação com a comunidade anestesiológica. O Congresso tornou-se anual, realizado em Lisboa e no Porto de forma alternada, por razões pragmáticas do ponto de vista económico e para o esforço da presença da maioria dos anestesiologistas portugueses. As secções desenvolveram-se. Obstetrícia e Pediatria têm desenvolvido atividade de relevância, assim como a de Medicina Intensiva e a de Dor iniciaram agora a sua atividade apresentando trabalho no terreno. Da iniciativa de um grupo de jovens anestesiologistas, liderados por Rui Guimarães, surgiram as Tertúlias de Anestesiologia, um êxito pela novidade, pelo espírito livre e pela imediata aderência de indústria e anestesiologistas. O Dia do Anestesiologista começou a ser comemorado realçando-se iniciativas em Lisboa, Coimbra, Braga e Leiria interpretadas pelos Hospitais locais. Jorge Tavares foi autor da única história da Anestesiologia Portuguesa que foi publicada em duas edições. Um testemunho de que poucas sociedades no mundo se podem gabar. Criou-se um grupo de trabalho envolvido na formação científica englobando um grupo significativo de colegas de norte a sul, liderado por Pedro Amorim, e que tem desenvolvido trabalho profícuo nesta área na organização dos congressos. O trabalho desenvolvido apoiando o Colégio de Anestesiologia permitiu o aparecimento de documentos, normas e consensos na área da organização do exercício profissional extraordinariamente importantes. Algumas reuniões conjuntas com outras associações profissionais foram um êxito, relembrando entre outras a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardiovascular (Algarve) e o CAR (Açores). A produção de consensos científicos e organizacionais tem sido uma das áreas onde mais se tem investido e sem dúvida com sucesso. Os consensos sobre a Anestesia Loco Regional e a Organização das Unidades de Obstetrícia são exemplos dessa realidade. Outras reuniões científicas assim como outras sociedades científicas pediram o nosso patrocínio daí reconhecendo o papel institucional da SPA nomeadamente, a Sociedade Portuguesa de Medicina Intensiva, Jornadas de Anestesiologia do Algarve, Ilhas Atlânticas, Andaluzia, Estremadura e Norte de África, Norte da Anestesia, Jornadas da Unidade de Dor de Leiria entre outras. A SPA tem sido parceiro da Ordem dos Médicos e Direção-Geral da Saúde tendo contribuído com documentos tão importantes como ‘’Orientações para a Referenciação da Anestesiologia Portuguesa’’ e ‘’Um Plano para o Desenvolvimento da Anestesiologia Portuguesa’’. Honrou a sua presença na Sociedade Europeia de Anestesiologia correspondendo sempre às solicitações das quais menciono a realização do Congresso da ESA em 2004 em Lisboa e do EuroNeuro 2010 no Porto. Melhoraram-se as relações com a congénere espanhola estabelecendo um conjunto de ações comuns que mais do que as instituições passou por um relacionamento pessoal entre profissionais relevantes dos dois países. Nem tudo foi positivo ou agradável. Apesar da realização de dois Congressos conjuntos Luso-Brasileiros a manutenção das relações com a congénere luso-brasileira foi esmorecendo, não havendo hoje de ambas as partes vontade de reavivá-las por carecerem de pontes de ligação que nutram o relacionamento, assim como da dificuldade real de manter um quadro de envolvimento como existiu no passado. Continuamos a não entender o papel desempenhado pela World Federation of Anesthesia, no atual contexto da anestesiologia mundial motivo que tem provocado o nosso afastamento da organização conjuntamente com outras sociedades internacionais. Sócio do Clube de Anestesia Regional, acompanhei Sobral de Campos durante anos nesta instituição da Anestesiologia Portuguesa, durante muito tempo a única representante efetiva de acontecimentos na área da anestesiologia Portuguesa. Foram excelentes tempos e foi sempre para mim lógico que o CAR integrasse a SPA como secção, mesmo que com um estatuto diferente das outras respeitando a sua história e contributo veterano para a anestesiologia. Tal não se veio a efetivar por discordâncias que se verificaram, mas que não abalaram a minha amizade por Sobral de Campos uma figura histórica da nossa disciplina e a quem se deve e devo muito. Se bem que as relações com o colégio de anestesiologia durante muitos anos foram das melhores, por razões que o distanciamento histórico poderá explicar, nos últimos 4 anos estiveram sujeitas a alguns problemas de relacionamento. No entanto, a SPA sempre se esforçou por ser o apoio que qualquer colégio necessita, pois as suas possibilidades isolado dentro da OM estão muito cerceadas e a anestesiologia precisa de um colégio eficaz. A anestesiologia portuguesa enfrenta muitos desafios e a SPA terá de estar no centro da discussão dos mesmos. Por vezes é preocupante o desconhecimento que os profissionais de saúde têm sobre as suas instituições, o que representam, de que forma podem influenciar os processos e de como o tipo de liderança possa pôr em causa uma disciplina médica. Inclusivamente não se apercebem de como uma instituição como a SPA pode influenciar a sua vida na evolução de normativos sejam científicos sejam do exercício profissional. A anestesiologia portuguesa ficará debilitada se não se posicionar nos seus espaços naturais de atividade: a anestesia, a dor, a medicina intensiva e a emergência. A crise de identidade de outras especialidades como a medicina interna que convive mal com as suas competências e procura estender-se para as competências de outras especialidades, tem tido protagonismo em Portugal devido a um grupo bem organizado de colegas daí provenientes. Grupo de profissionais inteligentes e a quem não se nega competência na área médica, pretende enxertar em Portugal um movimento que nasceu nos EUA e com sequência em Inglaterra com o objetivo de colocar os anestesiologistas dentro do bloco operatório retirando-lhes o posicionamento perioperatório e colocando-os como simples técnicos de anestesia dentro das salas operatórias num processo semelhante ao papel do enfermeiro de anestesia estadounidense. Têm conseguido interlocutores que os ouvem nos corredores do Ministério da Saúde, onde o desconhecimento sobre o que é a nossa disciplina e as suas competências é preocupante. Preocupante ainda será se atingirem os seus objetivos por imposição política, como aconteceu em Espanha, um bom exemplo de porque a Medicina Intensiva não deve ser uma especialidade. Tem assim a SPA a oportunidade com novos atores de melhorar, aumentar a sua implementação junto da comunidade anestesiológica e continuar a desempenhar o papel relevante que tem tido nos últimos anos. Bom Congresso e...até já. Lucindo Ormonde |
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Mensagem do Presidente da SPAEditorialDez anos depois é altura de passar testemunho. Dez anos ricos de acontecimentos, com o sentimento do dever cumprido. Esteve sempre o desejo de interpretar este desafio, o prazer de viver nele, a paixão de acreditar ser possível, e foi. Muitos colegas nos acompanharam nesta jornada, acreditando no projeto e fazendo parte dele de forma ativa e construtiva. Não seria possível sem eles, e a todos agradeço o que me ajudaram a fazer pela anestesiologia portuguesa. A Sociedade Portuguesa de Anestesiologia é hoje uma associação que está consolidada, tem sustentação financeira, possui secções que funcionam, alavancou a produção de documentos de carácter organizativo e científico que são referência, edita uma revista periódica em vias de indexação e criou um site que permite a comunicação com a comunidade anestesiológica. O Congresso tornou-se anual, realizado em Lisboa e no Porto de forma alternada, por razões pragmáticas do ponto de vista económico e para o esforço da presença da maioria dos anestesiologistas portugueses. As secções desenvolveram-se. Obstetrícia e Pediatria têm desenvolvido atividade de relevância, assim como a de Medicina Intensiva e a de Dor iniciaram agora a sua atividade apresentando trabalho no terreno. Da iniciativa de um grupo de jovens anestesiologistas, liderados por Rui Guimarães, surgiram as Tertúlias de Anestesiologia, um êxito pela novidade, pelo espírito livre e pela imediata aderência de indústria e anestesiologistas. O Dia do Anestesiologista começou a ser comemorado realçando-se iniciativas em Lisboa, Coimbra, Braga e Leiria interpretadas pelos Hospitais locais. Jorge Tavares foi autor da única história da Anestesiologia Portuguesa que foi publicada em duas edições. Um testemunho de que poucas sociedades no mundo se podem gabar. Criou-se um grupo de trabalho envolvido na formação científica englobando um grupo significativo de colegas de norte a sul, liderado por Pedro Amorim, e que tem desenvolvido trabalho profícuo nesta área na organização dos congressos. O trabalho desenvolvido apoiando o Colégio de Anestesiologia permitiu o aparecimento de documentos, normas e consensos na área da organização do exercício profissional extraordinariamente importantes. Algumas reuniões conjuntas com outras associações profissionais foram um êxito, relembrando entre outras a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardiovascular (Algarve) e o CAR (Açores). A produção de consensos científicos e organizacionais tem sido uma das áreas onde mais se tem investido e sem dúvida com sucesso. Os consensos sobre a Anestesia Loco Regional e a Organização das Unidades de Obstetrícia são exemplos dessa realidade. Outras reuniões científicas assim como outras sociedades científicas pediram o nosso patrocínio daí reconhecendo o papel institucional da SPA nomeadamente, a Sociedade Portuguesa de Medicina Intensiva, Jornadas de Anestesiologia do Algarve, Ilhas Atlânticas, Andaluzia, Estremadura e Norte de África, Norte da Anestesia, Jornadas da Unidade de Dor de Leiria entre outras. A SPA tem sido parceiro da Ordem dos Médicos e Direção-Geral da Saúde tendo contribuído com documentos tão importantes como ‘’Orientações para a Referenciação da Anestesiologia Portuguesa’’ e ‘’Um Plano para o Desenvolvimento da Anestesiologia Portuguesa’’. Honrou a sua presença na Sociedade Europeia de Anestesiologia correspondendo sempre às solicitações das quais menciono a realização do Congresso da ESA em 2004 em Lisboa e do EuroNeuro 2010 no Porto. Melhoraram-se as relações com a congénere espanhola estabelecendo um conjunto de ações comuns que mais do que as instituições passou por um relacionamento pessoal entre profissionais relevantes dos dois países. Nem tudo foi positivo ou agradável. Apesar da realização de dois Congressos conjuntos Luso-Brasileiros a manutenção das relações com a congénere luso-brasileira foi esmorecendo, não havendo hoje de ambas as partes vontade de reavivá-las por carecerem de pontes de ligação que nutram o relacionamento, assim como da dificuldade real de manter um quadro de envolvimento como existiu no passado. Continuamos a não entender o papel desempenhado pela World Federation of Anesthesia, no atual contexto da anestesiologia mundial motivo que tem provocado o nosso afastamento da organização conjuntamente com outras sociedades internacionais. Sócio do Clube de Anestesia Regional, acompanhei Sobral de Campos durante anos nesta instituição da Anestesiologia Portuguesa, durante muito tempo a única representante efetiva de acontecimentos na área da anestesiologia Portuguesa. Foram excelentes tempos e foi sempre para mim lógico que o CAR integrasse a SPA como secção, mesmo que com um estatuto diferente das outras respeitando a sua história e contributo veterano para a anestesiologia. Tal não se veio a efetivar por discordâncias que se verificaram, mas que não abalaram a minha amizade por Sobral de Campos uma figura histórica da nossa disciplina e a quem se deve e devo muito. Se bem que as relações com o colégio de anestesiologia durante muitos anos foram das melhores, por razões que o distanciamento histórico poderá explicar, nos últimos 4 anos estiveram sujeitas a alguns problemas de relacionamento. No entanto, a SPA sempre se esforçou por ser o apoio que qualquer colégio necessita, pois as suas possibilidades isolado dentro da OM estão muito cerceadas e a anestesiologia precisa de um colégio eficaz. A anestesiologia portuguesa enfrenta muitos desafios e a SPA terá de estar no centro da discussão dos mesmos. Por vezes é preocupante o desconhecimento que os profissionais de saúde têm sobre as suas instituições, o que representam, de que forma podem influenciar os processos e de como o tipo de liderança possa pôr em causa uma disciplina médica. Inclusivamente não se apercebem de como uma instituição como a SPA pode influenciar a sua vida na evolução de normativos sejam científicos sejam do exercício profissional. A anestesiologia portuguesa ficará debilitada se não se posicionar nos seus espaços naturais de atividade: a anestesia, a dor, a medicina intensiva e a emergência. A crise de identidade de outras especialidades como a medicina interna que convive mal com as suas competências e procura estender-se para as competências de outras especialidades, tem tido protagonismo em Portugal devido a um grupo bem organizado de colegas daí provenientes. Grupo de profissionais inteligentes e a quem não se nega competência na área médica, pretende enxertar em Portugal um movimento que nasceu nos EUA e com sequência em Inglaterra com o objetivo de colocar os anestesiologistas dentro do bloco operatório retirando-lhes o posicionamento perioperatório e colocando-os como simples técnicos de anestesia dentro das salas operatórias num processo semelhante ao papel do enfermeiro de anestesia estadounidense. Têm conseguido interlocutores que os ouvem nos corredores do Ministério da Saúde, onde o desconhecimento sobre o que é a nossa disciplina e as suas competências é preocupante. Preocupante ainda será se atingirem os seus objetivos por imposição política, como aconteceu em Espanha, um bom exemplo de porque a Medicina Intensiva não deve ser uma especialidade. Tem assim a SPA a oportunidade com novos atores de melhorar, aumentar a sua implementação junto da comunidade anestesiológica e continuar a desempenhar o papel relevante que tem tido nos últimos anos. Bom Congresso e...até já. 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O Congresso tornou-se anual, realizado em Lisboa e no Porto de forma alternada, por razões pragmáticas do ponto de vista económico e para o esforço da presença da maioria dos anestesiologistas portugueses. As secções desenvolveram-se. Obstetrícia e Pediatria têm desenvolvido atividade de relevância, assim como a de Medicina Intensiva e a de Dor iniciaram agora a sua atividade apresentando trabalho no terreno. Da iniciativa de um grupo de jovens anestesiologistas, liderados por Rui Guimarães, surgiram as Tertúlias de Anestesiologia, um êxito pela novidade, pelo espírito livre e pela imediata aderência de indústria e anestesiologistas. O Dia do Anestesiologista começou a ser comemorado realçando-se iniciativas em Lisboa, Coimbra, Braga e Leiria interpretadas pelos Hospitais locais. Jorge Tavares foi autor da única história da Anestesiologia Portuguesa que foi publicada em duas edições. Um testemunho de que poucas sociedades no mundo se podem gabar. Criou-se um grupo de trabalho envolvido na formação científica englobando um grupo significativo de colegas de norte a sul, liderado por Pedro Amorim, e que tem desenvolvido trabalho profícuo nesta área na organização dos congressos. O trabalho desenvolvido apoiando o Colégio de Anestesiologia permitiu o aparecimento de documentos, normas e consensos na área da organização do exercício profissional extraordinariamente importantes. Algumas reuniões conjuntas com outras associações profissionais foram um êxito, relembrando entre outras a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardiovascular (Algarve) e o CAR (Açores). A produção de consensos científicos e organizacionais tem sido uma das áreas onde mais se tem investido e sem dúvida com sucesso. Os consensos sobre a Anestesia Loco Regional e a Organização das Unidades de Obstetrícia são exemplos dessa realidade. Outras reuniões científicas assim como outras sociedades científicas pediram o nosso patrocínio daí reconhecendo o papel institucional da SPA nomeadamente, a Sociedade Portuguesa de Medicina Intensiva, Jornadas de Anestesiologia do Algarve, Ilhas Atlânticas, Andaluzia, Estremadura e Norte de África, Norte da Anestesia, Jornadas da Unidade de Dor de Leiria entre outras. A SPA tem sido parceiro da Ordem dos Médicos e Direção-Geral da Saúde tendo contribuído com documentos tão importantes como ‘’Orientações para a Referenciação da Anestesiologia Portuguesa’’ e ‘’Um Plano para o Desenvolvimento da Anestesiologia Portuguesa’’. Honrou a sua presença na Sociedade Europeia de Anestesiologia correspondendo sempre às solicitações das quais menciono a realização do Congresso da ESA em 2004 em Lisboa e do EuroNeuro 2010 no Porto. Melhoraram-se as relações com a congénere espanhola estabelecendo um conjunto de ações comuns que mais do que as instituições passou por um relacionamento pessoal entre profissionais relevantes dos dois países. Nem tudo foi positivo ou agradável. Apesar da realização de dois Congressos conjuntos Luso-Brasileiros a manutenção das relações com a congénere luso-brasileira foi esmorecendo, não havendo hoje de ambas as partes vontade de reavivá-las por carecerem de pontes de ligação que nutram o relacionamento, assim como da dificuldade real de manter um quadro de envolvimento como existiu no passado. Continuamos a não entender o papel desempenhado pela World Federation of Anesthesia, no atual contexto da anestesiologia mundial motivo que tem provocado o nosso afastamento da organização conjuntamente com outras sociedades internacionais. Sócio do Clube de Anestesia Regional, acompanhei Sobral de Campos durante anos nesta instituição da Anestesiologia Portuguesa, durante muito tempo a única representante efetiva de acontecimentos na área da anestesiologia Portuguesa. Foram excelentes tempos e foi sempre para mim lógico que o CAR integrasse a SPA como secção, mesmo que com um estatuto diferente das outras respeitando a sua história e contributo veterano para a anestesiologia. Tal não se veio a efetivar por discordâncias que se verificaram, mas que não abalaram a minha amizade por Sobral de Campos uma figura histórica da nossa disciplina e a quem se deve e devo muito. Se bem que as relações com o colégio de anestesiologia durante muitos anos foram das melhores, por razões que o distanciamento histórico poderá explicar, nos últimos 4 anos estiveram sujeitas a alguns problemas de relacionamento. No entanto, a SPA sempre se esforçou por ser o apoio que qualquer colégio necessita, pois as suas possibilidades isolado dentro da OM estão muito cerceadas e a anestesiologia precisa de um colégio eficaz. A anestesiologia portuguesa enfrenta muitos desafios e a SPA terá de estar no centro da discussão dos mesmos. Por vezes é preocupante o desconhecimento que os profissionais de saúde têm sobre as suas instituições, o que representam, de que forma podem influenciar os processos e de como o tipo de liderança possa pôr em causa uma disciplina médica. Inclusivamente não se apercebem de como uma instituição como a SPA pode influenciar a sua vida na evolução de normativos sejam científicos sejam do exercício profissional. A anestesiologia portuguesa ficará debilitada se não se posicionar nos seus espaços naturais de atividade: a anestesia, a dor, a medicina intensiva e a emergência. A crise de identidade de outras especialidades como a medicina interna que convive mal com as suas competências e procura estender-se para as competências de outras especialidades, tem tido protagonismo em Portugal devido a um grupo bem organizado de colegas daí provenientes. Grupo de profissionais inteligentes e a quem não se nega competência na área médica, pretende enxertar em Portugal um movimento que nasceu nos EUA e com sequência em Inglaterra com o objetivo de colocar os anestesiologistas dentro do bloco operatório retirando-lhes o posicionamento perioperatório e colocando-os como simples técnicos de anestesia dentro das salas operatórias num processo semelhante ao papel do enfermeiro de anestesia estadounidense. Têm conseguido interlocutores que os ouvem nos corredores do Ministério da Saúde, onde o desconhecimento sobre o que é a nossa disciplina e as suas competências é preocupante. Preocupante ainda será se atingirem os seus objetivos por imposição política, como aconteceu em Espanha, um bom exemplo de porque a Medicina Intensiva não deve ser uma especialidade. Tem assim a SPA a oportunidade com novos atores de melhorar, aumentar a sua implementação junto da comunidade anestesiológica e continuar a desempenhar o papel relevante que tem tido nos últimos anos. Bom Congresso e...até já. Lucindo Ormonde |
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