Técnicas tradicionais de fingidos e de estuques no Norte de Portugal. Contributos para o seu estudo e conservação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vieira, Eduarda Maria Martins Moreira da Silva
Data de Publicação: 2002
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/14696
Resumo: Introdução - «São numerosos os artesanatos mediterrânicos que se fixam na nossa memória, embora se vão tornando cada vez mais raros: os canteiros da pedra, sem os quais não teria havido grandes construções, os construtores de torres e de muralhas que defendiam a sua independência, ou de aquedutos que saciavam as regiões sedentas, os calceteiros, os caleiros, os cimenteiros.» (Predrag Matvejevitch, Breviário Mediterrânico.) - A escolha do tema da presente dissertação ocorreu durante a fase de conclusão da parte curricular do Mestrado, cabendo ao orientador, arquitecto José Aguiar, o estímulo que mais influenciou a nossa opção. As muitas horas passadas a calcorrear as ruas do centro histórico de Évora, nos intervalos das aulas de sexta-feira, as visitas de estudo realizadas a diversas localidades alentejanas e os diapositivos visualizados na disciplina de Metodologias de Conservação Urbana, sensibilizaram-nos para esta realidade. Munidos da motivação necessária, decidimos aceitar o repto que nos fora lançado para investigar esta temática no norte do país, já que integrávamos um pequeno grupo de alunos oriundos da cidade do Porto. Partimos conscientes que esta realidade era mais ou menos conhecida no Sul, embora sem estudos profundos, mas que em relação ao Norte pouco ou nada se sabia. - QUESTÕES METODOLÓGICAS SOBRE O TEMA - Inicialmente, optámos por efectuar um levantamento bibliográfico exaustivo sobre o tema nas principais bibliotecas disponíveis (Biblioteca Pública Municipal do Porto, Biblioteca Nacional, Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian e Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade do Porto). Dessa pesquisa, ficou-nos a certeza que este tema praticamente não estava tratado. Numa fase posterior, o contacto com responsáveis da Direcção Regional Norte dos Edifícios e Monumentos Nacionais, do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico e responsáveis autárquicos, reforçou essa convicção. A busca de um co-orientador para esta dissertação não constituiu tarefa menos complicada. Pretendia-se então o auxílio precioso de um historiador de arte. Contudo, e através das muitas conversas mantidas com diversos especialistas desta área, mais uma vez se confirmaram as nossas suspeitas. As técnicas de simulação de materiais pertenciam a um domínio praticamente inexplorado. Aquando da planificação, fase que correspondeu à tentativa de delimitação de uma área geográfica concreta para o levantamento a efectuar, contactaram-se diversos Gabinetes Técnicos Locais, em várias autarquias do Minho e Douro Litoral. Desde logo, o panorama não se revelou animador. No que concerne aos profissionais da arquitectura, fomos confrontados com um real desconhecimento sobre o tema, chegando alguns a emitir opiniões eivadas de preconceito, secundadas por juízos de valor, que foram desde considerar a nossa proposta inútil, Kitsch 5 e até descabida no mundo actual em franco progresso. Conservar para quê, se isso são, afinal, técnicas fora de moda e, sobretudo, de recuperação muito dispendiosa? A medida que a investigação prosseguia, tomamos consciência dos obstáculos que se nos deparavam e que deveríamos contornar. A inexistência de inventários sobre técnicas de fingidos, que nos ajudassem a localizar e a seleccionar casos de estudo, juntou-se um outro obstáculo, consubstanciado na escassez de fontes escritas que permitissem a identificação de artistas, ou até a compilação de receituários antigos. O anonimato dos artistas foi, desde logo uma certeza. Este sector das artes decorativas carece de catalogação e inventariação de fontes primárias, basilares para uma pesquisa cuidada, sendo o investigador obrigado a recorrer demasiado à intuição. A delimitação de uma área geográfica específica, bem como de uma determinada tipologia arquitectónica, foram decisões tomadas na fase subsequente. Sabíamos ser quase impossível encontrar uma realidade cultural e técnica semelhante à do Sul, sobretudo no que concerne à tradição dos revestimentos arquitectónicos exteriores. Tendo como objectivo a inventariação de uma tipologia de técnicas de fingidos, optámos por seleccionar como campo de estudo a arquitectura civil, por ser aquele que poderia fornecer informação inédita, quer ao nível dos interiores, quer dos exteriores. Cientes da dificuldade em encontrar exemplos de revestimentos decorativos, directamente filiados nas tecnologias da cal, em zonas urbanas e peri-urbanas, concentramos a nossa observação em concelhos do interior, na esperança de aí encontrar testemunhos, que viabilizassem a caracterização da realidade nortenha e permitissem estabelecer paralelos com o centro e sul do país. Por outro lado, a selecção de casos de estudo com vista à correcta identificação das técnicas de fingidos em interiores e definição de tipologias constituiu um desafio, em especial na sua localização e acessibilidade. Face à impossibilidade de dispor de informação suficiente que autorizasse estabelecer marcos cronológicos precisos, decidimos iniciar o nosso estudo pelo concelho de Guimarães. Posteriormente alargou-se a área geográfica aos concelhos limítrofes de Vizela, Felgueiras e Fafe.
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As muitas horas passadas a calcorrear as ruas do centro histórico de Évora, nos intervalos das aulas de sexta-feira, as visitas de estudo realizadas a diversas localidades alentejanas e os diapositivos visualizados na disciplina de Metodologias de Conservação Urbana, sensibilizaram-nos para esta realidade. Munidos da motivação necessária, decidimos aceitar o repto que nos fora lançado para investigar esta temática no norte do país, já que integrávamos um pequeno grupo de alunos oriundos da cidade do Porto. Partimos conscientes que esta realidade era mais ou menos conhecida no Sul, embora sem estudos profundos, mas que em relação ao Norte pouco ou nada se sabia. - QUESTÕES METODOLÓGICAS SOBRE O TEMA - Inicialmente, optámos por efectuar um levantamento bibliográfico exaustivo sobre o tema nas principais bibliotecas disponíveis (Biblioteca Pública Municipal do Porto, Biblioteca Nacional, Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian e Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade do Porto). Dessa pesquisa, ficou-nos a certeza que este tema praticamente não estava tratado. Numa fase posterior, o contacto com responsáveis da Direcção Regional Norte dos Edifícios e Monumentos Nacionais, do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico e responsáveis autárquicos, reforçou essa convicção. A busca de um co-orientador para esta dissertação não constituiu tarefa menos complicada. Pretendia-se então o auxílio precioso de um historiador de arte. Contudo, e através das muitas conversas mantidas com diversos especialistas desta área, mais uma vez se confirmaram as nossas suspeitas. As técnicas de simulação de materiais pertenciam a um domínio praticamente inexplorado. Aquando da planificação, fase que correspondeu à tentativa de delimitação de uma área geográfica concreta para o levantamento a efectuar, contactaram-se diversos Gabinetes Técnicos Locais, em várias autarquias do Minho e Douro Litoral. Desde logo, o panorama não se revelou animador. No que concerne aos profissionais da arquitectura, fomos confrontados com um real desconhecimento sobre o tema, chegando alguns a emitir opiniões eivadas de preconceito, secundadas por juízos de valor, que foram desde considerar a nossa proposta inútil, Kitsch 5 e até descabida no mundo actual em franco progresso. Conservar para quê, se isso são, afinal, técnicas fora de moda e, sobretudo, de recuperação muito dispendiosa? A medida que a investigação prosseguia, tomamos consciência dos obstáculos que se nos deparavam e que deveríamos contornar. A inexistência de inventários sobre técnicas de fingidos, que nos ajudassem a localizar e a seleccionar casos de estudo, juntou-se um outro obstáculo, consubstanciado na escassez de fontes escritas que permitissem a identificação de artistas, ou até a compilação de receituários antigos. O anonimato dos artistas foi, desde logo uma certeza. Este sector das artes decorativas carece de catalogação e inventariação de fontes primárias, basilares para uma pesquisa cuidada, sendo o investigador obrigado a recorrer demasiado à intuição. A delimitação de uma área geográfica específica, bem como de uma determinada tipologia arquitectónica, foram decisões tomadas na fase subsequente. Sabíamos ser quase impossível encontrar uma realidade cultural e técnica semelhante à do Sul, sobretudo no que concerne à tradição dos revestimentos arquitectónicos exteriores. 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Numa fase posterior, o contacto com responsáveis da Direcção Regional Norte dos Edifícios e Monumentos Nacionais, do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico e responsáveis autárquicos, reforçou essa convicção. A busca de um co-orientador para esta dissertação não constituiu tarefa menos complicada. Pretendia-se então o auxílio precioso de um historiador de arte. Contudo, e através das muitas conversas mantidas com diversos especialistas desta área, mais uma vez se confirmaram as nossas suspeitas. As técnicas de simulação de materiais pertenciam a um domínio praticamente inexplorado. Aquando da planificação, fase que correspondeu à tentativa de delimitação de uma área geográfica concreta para o levantamento a efectuar, contactaram-se diversos Gabinetes Técnicos Locais, em várias autarquias do Minho e Douro Litoral. Desde logo, o panorama não se revelou animador. 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