Análise da evolução do consumo de ansiolíticos e antidepressivos em Portugal continental entre 2010 e 2020

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Débora Alexandra Rodrigues
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10284/10877
Resumo: A saúde mental é uma preocupação crescente no século XXI, sendo que Portugal representa o segundo país com maior prevalência de doenças psiquiátricas da Europa. Os transtornos mentais mais comuns incluem ansiedade e depressão. A prevalência da doença mental reflete-se também no consumo de ansiolíticos e antidepressivos, que são os fármacos de primeira linha em situações de ansiedade generalizada e depressão. Neste trabalho pretendeu-se efetuar primeiramente uma breve revisão da literatura sobre os aspetos farmacológicos e toxicológicos dos dois principais subgrupos farmacoterapêuticos de psicofármacos: ansiolíticos, sedativos e hipnóticos, e antidepressivos. Outro objetivo deste trabalho foi o de monitorizar a evolução do consumo destes psicofármacos pela população portuguesa e dos encargos do SNS nos últimos 11 anos (2010 a 2020). Para tal, foi realizado um levantamento na base de dados do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P., do número de embalagens de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos (CFT 2.9.1) e de antidepressivos (CFT 2.9.3) dispensadas em farmácias comunitárias de Portugal continental a utentes do serviço nacional de saúde (SNS), nos anos em estudo. Para uma melhor visualização da evolução do consumo destes fármacos, os dados foram tratados e são apresentados por subgrupo farmacoterapêutico, substância ativa e distribuição geográfica. Os dados obtidos neste estudo mostram que o número de embalagens dispensadas de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos no nosso país manteve-se praticamente estável nos anos considerados, apresentando uma tendência de decréscimo no uso de benzodiazepínicos, enquanto que para os antidepressivos se observa um claro aumento anual da dispensa destes. Entre 2010 e 2020, os ansiolíticos apresentaram uma descida percentual de 12,0% no número de embalagens dispensadas, enquanto os antidepressivos aumentaram 83,5%. Relativamente aos encargos do SNS, verificou-se uma diminuição acentuada de 42,0% em 2011, mantendo-se praticamente estável nos anos seguintes. As benzodiazepinas ansiolíticas apresentam o maior número de embalagens dispensadas entre 2010 e 2020, sendo que, dentro desta classe, as benzodiazepinas de duração intermédia foram as mais prescritas. O alprazolam é a substância ativa com maior número de embalagens dispensadas em Portugal dentro do grupo das benzodiazepinas, seguido do lorazepam, diazepam, bromazepam e mexazolam. Entre os antidepressivos, os fármacos mais dispensados foram os pertencentes à classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), seguindo-se os tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e de noradrenalina (ISRSN). A substância ativa mais consumida na classe dos ISRS foi a sertralina; na classe dos tricíclicos e afins foram a trazodona e a mirtazapina; e nos ISRSN foi a venlafaxina. Na análise da evolução nas diferentes regiões de Portugal continental, observou-se um crescimento percentual nas regiões do Norte (4,5%) e Algarve (6,1%). Contudo, foi a região do Norte que apresentou maior número de embalagens dispensadas nos anos em estudo. Quanto ao consumo de antidepressivos, este aumentou continuamente em todas as regiões de saúde de Portugal continental entre 2010 e 2020, sendo a região de Lisboa e Vale do Tejo a que apresentou um maior número de embalagens dispensadas destes fármacos.
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Outro objetivo deste trabalho foi o de monitorizar a evolução do consumo destes psicofármacos pela população portuguesa e dos encargos do SNS nos últimos 11 anos (2010 a 2020). Para tal, foi realizado um levantamento na base de dados do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P., do número de embalagens de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos (CFT 2.9.1) e de antidepressivos (CFT 2.9.3) dispensadas em farmácias comunitárias de Portugal continental a utentes do serviço nacional de saúde (SNS), nos anos em estudo. Para uma melhor visualização da evolução do consumo destes fármacos, os dados foram tratados e são apresentados por subgrupo farmacoterapêutico, substância ativa e distribuição geográfica. Os dados obtidos neste estudo mostram que o número de embalagens dispensadas de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos no nosso país manteve-se praticamente estável nos anos considerados, apresentando uma tendência de decréscimo no uso de benzodiazepínicos, enquanto que para os antidepressivos se observa um claro aumento anual da dispensa destes. Entre 2010 e 2020, os ansiolíticos apresentaram uma descida percentual de 12,0% no número de embalagens dispensadas, enquanto os antidepressivos aumentaram 83,5%. Relativamente aos encargos do SNS, verificou-se uma diminuição acentuada de 42,0% em 2011, mantendo-se praticamente estável nos anos seguintes. As benzodiazepinas ansiolíticas apresentam o maior número de embalagens dispensadas entre 2010 e 2020, sendo que, dentro desta classe, as benzodiazepinas de duração intermédia foram as mais prescritas. O alprazolam é a substância ativa com maior número de embalagens dispensadas em Portugal dentro do grupo das benzodiazepinas, seguido do lorazepam, diazepam, bromazepam e mexazolam. Entre os antidepressivos, os fármacos mais dispensados foram os pertencentes à classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), seguindo-se os tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e de noradrenalina (ISRSN). A substância ativa mais consumida na classe dos ISRS foi a sertralina; na classe dos tricíclicos e afins foram a trazodona e a mirtazapina; e nos ISRSN foi a venlafaxina. Na análise da evolução nas diferentes regiões de Portugal continental, observou-se um crescimento percentual nas regiões do Norte (4,5%) e Algarve (6,1%). Contudo, foi a região do Norte que apresentou maior número de embalagens dispensadas nos anos em estudo. Quanto ao consumo de antidepressivos, este aumentou continuamente em todas as regiões de saúde de Portugal continental entre 2010 e 2020, sendo a região de Lisboa e Vale do Tejo a que apresentou um maior número de embalagens dispensadas destes fármacos.Mental health is a growing concern in the 21st century, with Portugal representing the second country with the highest prevalence of psychiatric illnesses in Europe. The most common mental disorders include anxiety and depression. The prevalence of mental illness is also reflected in the consumption of anxiolytics and antidepressants, which are the first-line drugs in situations of generalized anxiety and depression. The aim of this work was to carry out a brief review of the literature on the pharmacological and toxicological aspects of the two main pharmacotherapeutic subgroups of psychoactive drugs: anxiolytics, sedatives and hypnotics, and antidepressants. Another objective of this work was to monitor the evolution of the consumption of these psychotropic drugs by the Portuguese population and the burden on the NHS over the last 10 years (2010 to 2020). To this end, a survey was carried out in the database of Infarmed - National Authority for Medicines and Health Products, IP, of the number of packages of anxiolytics, sedatives and hypnotics (CFT 2.9.1) and antidepressants (CFT 2.9.3) dispensed in community pharmacies in mainland Portugal to users of the national health service (SNS), in the years under study. For a better visualization of the evolution of the consumption of these drugs, the data were treated and are presented by subgroups, classes, active substance and geographic distribution. The data obtained in this study show that the number of dispensed anxiolytics, sedatives and hypnotics in our country remained nearly stable in the years considered, showing a tendency for a decrease in the use of benzodiazepines, while for antidepressants there is a clear annual increase in the dispense of these drugs. Between 2010 and 2020, anxiolytics showed a percentage decrease of 12.0% in the number of packages dispensed, while antidepressants increased by 83.5%. Regarding the NHS charges, there was a sharp decrease of 42,0% in 2011, remaining practically stable in the following years. Anxiolytic benzodiazepines presented the largest number of packages dispensed between 2010 and 2020, and, within this class, the intermediate-acting benzodiazepines were the most prescribed. Alprazolam is the active substance with the highest number of packages dispensed in Portugal within the group of benzodiazepines, followed by lorazepam, diazepam, bromazepam and mexazolam. Among antidepressants, the most dispensed drugs were those belonging to the class of selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs), followed by tricyclics, and selective serotonin and noradrenaline reuptake inhibitors (SSRIs). The active substance most commonly used in the SSRI class was sertraline; in the class of tricyclics were trazodone and mirtazapine; and in the SSRIs class was venlafaxine. In the analysis of the evolution in the different regions of mainland Portugal, an increase was observed in the regions of the North (4,5%) and Algarve (6,1%). However, it was the Northern region that had the highest number of packages dispensed in the years under study. As for the consumption of antidepressants, it increased continuously in all health regions of mainland Portugal between 2010 and 2020, with the region of Lisbon and Vale do Tejo being the one with the highest number of dispensed packages of these drugs.Carvalho, MárciaRepositório Institucional da Universidade Fernando PessoaMartins, Débora Alexandra Rodrigues2023-10-01T00:30:20Z2021-10-012021-10-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10284/10877porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-10-03T02:00:43Zoai:bdigital.ufp.pt:10284/10877Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:47:38.142618Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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description A saúde mental é uma preocupação crescente no século XXI, sendo que Portugal representa o segundo país com maior prevalência de doenças psiquiátricas da Europa. Os transtornos mentais mais comuns incluem ansiedade e depressão. A prevalência da doença mental reflete-se também no consumo de ansiolíticos e antidepressivos, que são os fármacos de primeira linha em situações de ansiedade generalizada e depressão. Neste trabalho pretendeu-se efetuar primeiramente uma breve revisão da literatura sobre os aspetos farmacológicos e toxicológicos dos dois principais subgrupos farmacoterapêuticos de psicofármacos: ansiolíticos, sedativos e hipnóticos, e antidepressivos. Outro objetivo deste trabalho foi o de monitorizar a evolução do consumo destes psicofármacos pela população portuguesa e dos encargos do SNS nos últimos 11 anos (2010 a 2020). Para tal, foi realizado um levantamento na base de dados do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P., do número de embalagens de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos (CFT 2.9.1) e de antidepressivos (CFT 2.9.3) dispensadas em farmácias comunitárias de Portugal continental a utentes do serviço nacional de saúde (SNS), nos anos em estudo. Para uma melhor visualização da evolução do consumo destes fármacos, os dados foram tratados e são apresentados por subgrupo farmacoterapêutico, substância ativa e distribuição geográfica. Os dados obtidos neste estudo mostram que o número de embalagens dispensadas de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos no nosso país manteve-se praticamente estável nos anos considerados, apresentando uma tendência de decréscimo no uso de benzodiazepínicos, enquanto que para os antidepressivos se observa um claro aumento anual da dispensa destes. Entre 2010 e 2020, os ansiolíticos apresentaram uma descida percentual de 12,0% no número de embalagens dispensadas, enquanto os antidepressivos aumentaram 83,5%. Relativamente aos encargos do SNS, verificou-se uma diminuição acentuada de 42,0% em 2011, mantendo-se praticamente estável nos anos seguintes. As benzodiazepinas ansiolíticas apresentam o maior número de embalagens dispensadas entre 2010 e 2020, sendo que, dentro desta classe, as benzodiazepinas de duração intermédia foram as mais prescritas. O alprazolam é a substância ativa com maior número de embalagens dispensadas em Portugal dentro do grupo das benzodiazepinas, seguido do lorazepam, diazepam, bromazepam e mexazolam. Entre os antidepressivos, os fármacos mais dispensados foram os pertencentes à classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), seguindo-se os tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e de noradrenalina (ISRSN). A substância ativa mais consumida na classe dos ISRS foi a sertralina; na classe dos tricíclicos e afins foram a trazodona e a mirtazapina; e nos ISRSN foi a venlafaxina. Na análise da evolução nas diferentes regiões de Portugal continental, observou-se um crescimento percentual nas regiões do Norte (4,5%) e Algarve (6,1%). Contudo, foi a região do Norte que apresentou maior número de embalagens dispensadas nos anos em estudo. Quanto ao consumo de antidepressivos, este aumentou continuamente em todas as regiões de saúde de Portugal continental entre 2010 e 2020, sendo a região de Lisboa e Vale do Tejo a que apresentou um maior número de embalagens dispensadas destes fármacos.
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