Lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho em enfermeiros portugueses: «ossos do ofício» ou doenças relacionadas com o trabalho?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Serranheira,Florentino
Data de Publicação: 2012
Outros Autores: Cotrim,Teresa, Rodrigues,Victor, Nunes,Carla, Sousa-Uva,António
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-90252012000200010
Resumo: Introdução: As lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) constituem um importante problema em todo o mundo, designadamente nos profissionais de saúde. Realizou-se um estudo nacional de caraterização da sintomatologia musculoesquelética ligada ao trabalho em enfermeiros portugueses na perspetiva da sua prevenção. Métodos: Os enfermeiros portugueses foram convidados a preencher um questionário em ambiente web com 4 dimensões: dados socio-demográficos, sintomas musculoesqueléticos em 15 zonas anatómicas, identificação das tarefas e sua relação com os sintomas e caracterização do estado de saúde. O estudo decorreu entre julho de 2010 e fevereiro de 2011 e contou com a colaboração da Ordem dos Enfermeiros. A análise estatística baseou-se em processos descritivos e em associações com o teste do χ² com um nível de significância de 5%. Resultados: Responderam ao questionário 2 140 enfermeiros (3,42% do total dos enfermeiros portugueses). Destacam-se as queixas localizadas à coluna vertebral (49% nos últimos 12 meses; 25% nos últimos 7 dias) e o absentismo relacionado (5,51%), igualmente nos últimos 12 meses. A intensidade dos sintomas é elevada (19% dos respondentes) assim como a sua frequência (em 33% é superior a 6 episódios diários). A relação entre as tarefas e as queixas é significativa (p<0,05), entre outros, com: (i) a administração de medicamentos, o posicionamento mobilização e transferência do doente e os sintomas nos punhos e mãos (χ²=9,089; p=0,028; χ²=8,337; p=0,040; χ²=9,599; p=0,022; χ²=9,399; p=0,024 respetivamente) e (ii) a higiene no leito e os sintomas localizados aos ombros, cotovelos e punhos/mãos (χ²=8,853; p=0,031; χ²=8,317; p=0,040 e χ²=9,599; p=0,022, respetivamente). Discussão e conclusões: As LMELT em enfermeiros são, em grande parte, preveníveis e, por isso, não devem ser encaradas como «ossos do ofício». A intervenção sobre os locais, os processos, a organização temporal e os meios de trabalho pode prevenir as LMELT. O presente estudo, descritivo, revela uma elevada prevalência de sintomas de LMELT em enfermeiros portugueses. Tal indicia a necessidade premente de desenvolver programas de prevenção destas patologias em hospitais.
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