Caracterização molecular de Hemoglobinopatias na população portuguesa – um sub-estudo do projeto INSEF

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Daniela Filipa Claudino
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/50619
Resumo: Tese de mestrado, Biologia Humana e Ambiente, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2021
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spelling Caracterização molecular de Hemoglobinopatias na população portuguesa – um sub-estudo do projeto INSEFAnemiaHemoglobinopatiasTalassémiasVariantes de HemoglobinaINSEFTeses de mestrado - 2021Departamento de Biologia AnimalTese de mestrado, Biologia Humana e Ambiente, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2021A anemia é um problema de saúde pública a nível mundial que ocorre quando o número de glóbulos vermelhos em circulação ou a sua capacidade de transporte de oxigénio é insuficiente para atender às necessidades do organismo. A anemia pode ter uma origem ambiental, derivada da carência nutricional em ferro, mas também pode ter uma origem genética, onde se enquadram as anemias hereditárias, derivadas de alterações nos genes das cadeias globínicas da hemoglobina. Estas anemias hereditárias são denominadas por hemoglobinopatias, têm transmissão autossómica recessiva e incluem as talassémias e as variantes da hemoglobina. As talassémias, no estado de portador, apresentam-se geralmente com um fenótipo de microcitose e/ou hipocromia e eventualmente anemia. Os últimos estudos de prevalência de hemoglobinopatias efetuados em Portugal foram realizados há duas décadas e nenhum deles incluiu a análise da população insular. Tendo em conta os movimentos populacionais existentes nos últimos tempos, sobretudo provenientes das regiões Africanas e Sul Americanas para a Europa, é de esperar que o padrão de distribuição destas patologias se tenha vindo a alterar. Deste modo, a presente dissertação tem como principal objetivo contribuir para o conhecimento da realidade atual das hemoglobinopatias em Portugal. Para isso, foram analisados molecularmente 204 indivíduos com fenótipo hematológico de hipocromia e/ou microcitose, residentes em Portugal continental e ilhas há pelo menos 12 meses. Estes indivíduos foram selecionados a partir de 4808 participantes no projeto “Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico” (INSEF), um estudo epidemiológico realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) em 2015, representativo da população residente em Portugal. De forma a determinar a base molecular das hemoglobinopatias na população portuguesa, foram analisados os DNAs dos 204 indivíduos acima referidos quanto aos genes HBA e HBB. Para a pesquisa de deleções/inserções, os genes HBA foram estudados através das metodologias de Gap-PCR e Multiplex Ligation-Dependent Probe Amplification (MLPA). Identificámos a presença da deleção α-talassémica de 3,7 kb em 53 indivíduos, da deleção de 4,2 kb em um indivíduo e ainda a presença de dois indivíduos com os genes da α-globina triplicados. O gene HBB foi estudado através de PCR seguido de Next Generation Sequencing (NGS). Procedeu-se à análise bioinformática dos resultados de NGS, tendo sido identificadas 10 tipos diferentes de variantes genéticas possivelmente patogénicas. Para estas variantes, foram realizados estudos in silico através das ferramentas bioinformáticas PolyPhen-2, Sorting Intolerant From Tolerant (SIFT) e varSEAK, de modo a analisar o seu impacto ao nível da estrutura e função das respetivas proteínas e ao nível do splicing. As variantes consideradas patogénicas ou possivelmente patogénicas foram confirmadas por sequenciação de Sanger, tendo sido então identificadas sete tipos diferentes de mutações responsáveis por β-talassémia [Cd39 (C>T), IVS-I-6 (T>C), IVS-I-110 (G>A), IVS-I-1 (G>A), Cd15 (G>A), Cd6(-A) e Cd41/42 (-CTTT)] e três variantes de hemoglobina (Hb S, Hb C e Hb D-Portugal). Neste estudo também se pretendeu determinar a frequência das diferentes hemoglobinopatias detetadas na população portuguesa avaliada no projeto INSEF que apresentava um fenótipo hematológico de hipocromia e/ou microcitose. Obtivemos neste sub-grupo da população uma frequência de 26,6% para a α-talassémia, 10,8% para a β-talassémia e 1,5% para as variantes de hemoglobina. Assim, os nossos resultados revelaram que 38,9% destes casos sintomáticos têm uma origem genética – uma hemoglobinopatia. Este valor, bastante significativo, deverá alertar os clínicos, sobretudo da medicina geral e familiar para esta possibilidade aquando do processo conducente ao diagnóstico de um novo caso. Os nossos resultados permitiram, ainda, determinar uma prevalência de 0,5% de portadores de β talassémia para a população residente em Portugal continental e ilhas. Descrevemos ainda as características demográficas e de saúde dos indivíduos analisados. De entre os 204 indivíduos com microcitose e/ou hipocromia, 76 também apresentavam anemia, mas apenas dois deles referiram ter conhecimento desta condição. A grande maioria dos portadores de talassémia detetados perceciona a sua saúde como sendo normal e, eventualmente, desconhece (não declarou ter conhecimento) de que é portador de uma doença genética. Em conclusão, acreditamos que através deste estudo contribuímos e aprofundámos o conhecimento atual da base molecular das hemoglobinopatias na população residente em Portugal. Acreditamos também que este conhecimento poderá contribuir para que sejam estabelecidas melhores estratégias de deteção e de acompanhamento dos casos de hemoglobinopatias em Portugal, permitindo melhorar a qualidade de vida dos portugueses.Anemia is a worldwide public health problem that occurs when the number of circulating red blood cells is low or their oxygen carrying capacity is insufficient to meet the body's needs. Its origin could be related with nutritional factors, such as an iron deficient diet or genetic factors, namely hereditary anaemias with an autosomal recessive inheritance. Hereditary anemias occur due to genetic alterations that lead to changes in the hemoglobin molecules and are called hemoglobinopathies, which can be divided in thalassemias or hemoglobin variants. In the carrier state, thalassemia usually presents with a phenotype of microcytosis and/or hypochromia and eventually anemia. The last studies regarding the prevalence of hemoglobinopathies in Portugal were carried out two decades ago and none of them included an analysis of the insular Portuguese population. In addition, given the population movements that took place in recent years, it is expected that the pattern of distribution of these pathologies has changed. Thus, the main objective of this dissertation is to contribute to the knowledge of the current reality of hemoglobinopathies in Portugal. With this goal in mind, we analysed molecularly 204 individuals selected from the project “Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico” (INSEF), an epidemiological study carried out in 2015 by Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge representative of the resident population in Portugal. These individuals have a hematological phenotype of hypochromia and/or microcytosis and have been resident in mainland Portugal or islands for at least 12 months. To determine the molecular basis of the hemoglobinopathies present in the sample, we analysed the HBA and HBB genes. The HBA gene was studied for the search for deletions/insertions using Gap-PCR and Multiplex Ligation-Dependent Probe Amplification (MLPA) methodologies. We identified 53 individuals with the α-thalassemic 3.7 kb deletion, one with the 4.2 kb deletion and two with triplicated α-globin genes. The HBB gene was studied using PCR, followed by Next-Generation Sequencing (NGS). Through the bioinformatics analysis of the NGS results, we identified 10 possibly pathogenic variants. We carried out in silico studies using bioinformatics tools like varSEAK, PolyPhen-2 and Sorting Intolerant From Tolerant (SIFT) to analyse their impact in proteins’ splicing, structure and function. Variants considered pathogenic were confirmed by Sanger sequencing. We identified seven different types of mutations responsible for β-thalassemia [Cd39 (C>T), IVS-I-6 (T>C), IVS-I-110 (G>A), IVS-I-1 (G>A), Cd15 (G>A), Cd6(-A) e Cd41/42 (-CTTT)] and three hemoglobin variants (Hb S, Hb C e Hb D-Portugal). Based on these molecular findings, we discovered a frequency of 26.6% for α-thalassemia, 10.8% for β-thalassemia and 1.5% for hemoglobin variants. Thus, our results revealed that 38.9% of these symptomatic cases have a genetic origin – a hemoglobinopathy. Our results also allowed us to determine a prevalence of 0.5% of β-thalassemia carriers for the Portuguese population. We also described the demographic and health characteristics of the individuals with hemoglobinopathies. Among the 204 individuals with microcytosis and/or hypochromia, 76 also had anemia, but only two of them reported having knowledge of this condition. Thus, most carriers are unaware of their status as a carrier of a genetic disease. In conclusion, we believe that with this study we contributed to the current knowledge of the molecular basis of hemoglobinopathies in the population residing in Portugal. This knowledge can contribute to the establishment of better strategies for detecting and monitoring cases of hemoglobinopathies in Portugal, allowing to improve the quality of life of the Portuguese.Faustino, PaulaDias, Deodália Maria Antunes, 1952-Repositório da Universidade de LisboaSantos, Daniela Filipa Claudino2023-08-29T00:31:30Z202120212021-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/50619TID:202933776porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:54:55Zoai:repositorio.ul.pt:10451/50619Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:02:03.242455Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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