A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pires, Amélia M.M.
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10198/1661
Resumo: Não obstante as diferentes vicissitudes e resistências de que foi alvo, o movimento de normalização contabilística internacional parece querer consolidar-se e a adaptação dos diferentes normativos contabilísticos aos sistemas contabilísticos da designada “corrente anglo-saxónica” é hoje uma realidade à escala planetária. Relembramos, contudo, que os factores que influenciam o desenvolvimento dos sistemas contabilísticos de cariz anglo-saxónico são diferentes daqueles que enformam os sistemas contabilístico da dita corrente continental. Em Portugal vigora, desde uma perspectiva histórica, um sistema contabilístico caracterizado por uma regulamentação exaustiva e sem ambiguidades, que se impõe sob a forma de lei nacional (Decreto-Lei), com critérios de apresentação e medição dos elementos que integram as demonstrações financeiras altamente conservadores e, em grande medida, definidos pelo normativo fiscal, o que contrasta grandemente com leis amplas e flexíveis e critérios de valorização optimistas que enformam os sistemas contabilísticos de cariz anglo-saxónico. O modelo nacional encontra no Estado e nos credores os principais utilizadores da informação financeira. Por sua vez, os modelos contabilísticos dos países de corrente anglo-saxónica são caracterizados pela sua grande flexibilidade e têm nos accionistas os principias destinatários das demonstrações financeiras. Esta diferente hierarquização dos utilizadores da informação financeira marca, por si só, as grandes diferenças entre normativos, em particular no que respeita aos critérios valorimétricos vigentes que são, em nossa opinião, aqueles que justificam as maiores diferenças porque são eles que, dentro do próprio sistema contabilístico, condicionam e explicam as opções seguidas. É nesta concordância que o modelo contabilístico do IASB prevê a generalização da utilização do “justo valor” a todas as partidas do balanço, ao contrário do que se passa em Portugal e na esmagadora maioria dos sistemas contabilísticos de cariz continental onde o modelo de valorização de referência é o do custo histórico reforçado pelo princípio contabilístico da prudência, isto é, “custo ou mercado dos dois o mais baixo”. Ora, em face de todo o exposto, rapidamente se deduz que as normas do IASB, apadrinhadas pela U.E., entram em confronto com os princípios basilares do normativo contabilístico nacional, designadamente no que respeita ao custo histórico, prudência e realização. Ou seja, o modelo proposto afasta-se dos critérios de prudência que caracterizam as práticas contabilísticas de reconhecimento e mensuração de activos e passivos e do princípio da realização que deverá estar subjacente ao reconhecimento de gastos e perdas e rendimentos e ganhos. É neste quadro que nos propomos analisar os critérios de mensuração para os activos que se qualificam que emergem do novo referencial contabilístico proposto.
id RCAP_da7ec98bb1d71f41c249e0430cc6ea3a
oai_identifier_str oai:bibliotecadigital.ipb.pt:10198/1661
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativoInventáriosCapitalização de gastosMensuração de inventáriosNão obstante as diferentes vicissitudes e resistências de que foi alvo, o movimento de normalização contabilística internacional parece querer consolidar-se e a adaptação dos diferentes normativos contabilísticos aos sistemas contabilísticos da designada “corrente anglo-saxónica” é hoje uma realidade à escala planetária. Relembramos, contudo, que os factores que influenciam o desenvolvimento dos sistemas contabilísticos de cariz anglo-saxónico são diferentes daqueles que enformam os sistemas contabilístico da dita corrente continental. Em Portugal vigora, desde uma perspectiva histórica, um sistema contabilístico caracterizado por uma regulamentação exaustiva e sem ambiguidades, que se impõe sob a forma de lei nacional (Decreto-Lei), com critérios de apresentação e medição dos elementos que integram as demonstrações financeiras altamente conservadores e, em grande medida, definidos pelo normativo fiscal, o que contrasta grandemente com leis amplas e flexíveis e critérios de valorização optimistas que enformam os sistemas contabilísticos de cariz anglo-saxónico. O modelo nacional encontra no Estado e nos credores os principais utilizadores da informação financeira. Por sua vez, os modelos contabilísticos dos países de corrente anglo-saxónica são caracterizados pela sua grande flexibilidade e têm nos accionistas os principias destinatários das demonstrações financeiras. Esta diferente hierarquização dos utilizadores da informação financeira marca, por si só, as grandes diferenças entre normativos, em particular no que respeita aos critérios valorimétricos vigentes que são, em nossa opinião, aqueles que justificam as maiores diferenças porque são eles que, dentro do próprio sistema contabilístico, condicionam e explicam as opções seguidas. É nesta concordância que o modelo contabilístico do IASB prevê a generalização da utilização do “justo valor” a todas as partidas do balanço, ao contrário do que se passa em Portugal e na esmagadora maioria dos sistemas contabilísticos de cariz continental onde o modelo de valorização de referência é o do custo histórico reforçado pelo princípio contabilístico da prudência, isto é, “custo ou mercado dos dois o mais baixo”. Ora, em face de todo o exposto, rapidamente se deduz que as normas do IASB, apadrinhadas pela U.E., entram em confronto com os princípios basilares do normativo contabilístico nacional, designadamente no que respeita ao custo histórico, prudência e realização. Ou seja, o modelo proposto afasta-se dos critérios de prudência que caracterizam as práticas contabilísticas de reconhecimento e mensuração de activos e passivos e do princípio da realização que deverá estar subjacente ao reconhecimento de gastos e perdas e rendimentos e ganhos. É neste quadro que nos propomos analisar os critérios de mensuração para os activos que se qualificam que emergem do novo referencial contabilístico proposto.Câmara dos Técnicos Oficiais de ContasBiblioteca Digital do IPBPires, Amélia M.M.2010-02-02T20:41:29Z20082008-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10198/1661porRevista TOC. 98 (2008) p. 51-58info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-21T10:05:30Zoai:bibliotecadigital.ipb.pt:10198/1661Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:55:02.836175Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativo
title A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativo
spellingShingle A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativo
Pires, Amélia M.M.
Inventários
Capitalização de gastos
Mensuração de inventários
title_short A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativo
title_full A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativo
title_fullStr A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativo
title_full_unstemmed A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativo
title_sort A mensuração de activos que se qualificam: a formação do custo à luz do novo referencial normativo
author Pires, Amélia M.M.
author_facet Pires, Amélia M.M.
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Biblioteca Digital do IPB
dc.contributor.author.fl_str_mv Pires, Amélia M.M.
dc.subject.por.fl_str_mv Inventários
Capitalização de gastos
Mensuração de inventários
topic Inventários
Capitalização de gastos
Mensuração de inventários
description Não obstante as diferentes vicissitudes e resistências de que foi alvo, o movimento de normalização contabilística internacional parece querer consolidar-se e a adaptação dos diferentes normativos contabilísticos aos sistemas contabilísticos da designada “corrente anglo-saxónica” é hoje uma realidade à escala planetária. Relembramos, contudo, que os factores que influenciam o desenvolvimento dos sistemas contabilísticos de cariz anglo-saxónico são diferentes daqueles que enformam os sistemas contabilístico da dita corrente continental. Em Portugal vigora, desde uma perspectiva histórica, um sistema contabilístico caracterizado por uma regulamentação exaustiva e sem ambiguidades, que se impõe sob a forma de lei nacional (Decreto-Lei), com critérios de apresentação e medição dos elementos que integram as demonstrações financeiras altamente conservadores e, em grande medida, definidos pelo normativo fiscal, o que contrasta grandemente com leis amplas e flexíveis e critérios de valorização optimistas que enformam os sistemas contabilísticos de cariz anglo-saxónico. O modelo nacional encontra no Estado e nos credores os principais utilizadores da informação financeira. Por sua vez, os modelos contabilísticos dos países de corrente anglo-saxónica são caracterizados pela sua grande flexibilidade e têm nos accionistas os principias destinatários das demonstrações financeiras. Esta diferente hierarquização dos utilizadores da informação financeira marca, por si só, as grandes diferenças entre normativos, em particular no que respeita aos critérios valorimétricos vigentes que são, em nossa opinião, aqueles que justificam as maiores diferenças porque são eles que, dentro do próprio sistema contabilístico, condicionam e explicam as opções seguidas. É nesta concordância que o modelo contabilístico do IASB prevê a generalização da utilização do “justo valor” a todas as partidas do balanço, ao contrário do que se passa em Portugal e na esmagadora maioria dos sistemas contabilísticos de cariz continental onde o modelo de valorização de referência é o do custo histórico reforçado pelo princípio contabilístico da prudência, isto é, “custo ou mercado dos dois o mais baixo”. Ora, em face de todo o exposto, rapidamente se deduz que as normas do IASB, apadrinhadas pela U.E., entram em confronto com os princípios basilares do normativo contabilístico nacional, designadamente no que respeita ao custo histórico, prudência e realização. Ou seja, o modelo proposto afasta-se dos critérios de prudência que caracterizam as práticas contabilísticas de reconhecimento e mensuração de activos e passivos e do princípio da realização que deverá estar subjacente ao reconhecimento de gastos e perdas e rendimentos e ganhos. É neste quadro que nos propomos analisar os critérios de mensuração para os activos que se qualificam que emergem do novo referencial contabilístico proposto.
publishDate 2008
dc.date.none.fl_str_mv 2008
2008-01-01T00:00:00Z
2010-02-02T20:41:29Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10198/1661
url http://hdl.handle.net/10198/1661
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Revista TOC. 98 (2008) p. 51-58
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas
publisher.none.fl_str_mv Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799135151685369856