Sistemas de registo e classificação de informação. O caso da enumeração em Jorge Luís Borges e Arnaldo Antunes
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10071/26033 |
Resumo: | Ninguém mais podia entrar por aqui, porque esta entrada estava-te destinada só a ti. Agora vou fechá-la. Franz Kafka, À Porta da Lei . O desenvolvimento de teses e dissertações corresponde a um processo de formulação, ou proposição, de uma hipótese; da colocação à prova da hipótese formulada por processo empírico, mas alicerçado em métodos científicos adequadamente desenvolvidos; e da tentativa subsequente de confirmação da hipótese. Esse processo corresponderá a etapas relativamente constantes e narrativamente encadeadas. A introdução incluirá a abordagem ao estado da questão (ou estado da arte), em que o investigador apresenta um enquadramento panorâmico da área temática que elegeu - incluindo naturalmente a revisão da investigação e bibliografia desenvolvida por outros com relevância para o tema. A formulação da hipótese proporá um desenvolvimento, original, de acréscimo ao conhecimento científico disponível. À confirmação da hipótese corresponde a extensão intermédia e mais alongada da tese, através de processo metodológico (método+logos) que se revele mais ajustado a cada caso. Metodologia, de acordo com Carlos Moreira de Azevedo, é “etimologicamente a ciência em ordem a encontrar um «caminho para», a arte de adaptar o caminho próprio para atingir um determinado fim” . As conclusões constituem-se em corolário do processo de investigação, podendo encerrar um desenvolvimento convergente com a clássica subdivisão dialética grega em tese-antítese-síntese. Esta sequência, antiga de milhares de anos e envolvendo usualmente dois ou mais protagonistas, inicia-se em regra com a tese - uma proposição - que logo se vê oposta por tendências antitéticas disruptivas (contra-proposições) oriundas das outras partes, ou da reflexão do próprio. O resultado deste método poderá ser a refutação da tese; ou a síntese que consiste no alcance de uma verdade, resultante na validação da tese, tendo esta sido eventualmente enriquecida por alguns argumentos antitéticos com que se viu confrontada. O processo criativo que suporta a realização de teses ou dissertações académicas não pode nem deve porém reger-se por normas precisas; ele próprio, autónomo, imporá as suas próprias leis, diferentes e únicas. O criador saberá muito bem intuí-las e respeitá-las . Nesse processo incluem-se procedimentos de tratamento de dados, com momentos de inventariação, classificação, catalogação e arquivo. Fichas bibliográficas, inquéritos e bases de dados, são realizados de acordo com sistematização própria de cada investigação. Imagens e textos, sob a forma física ou em backups electrónicos, encontrarão nas mãos do investigador o arranjo lógico que contribuirá para uma conclusão bem-sucedida dos trabalhos. O presente artigo abordará diversos sistemas de classificação que a ciência ocidental desenvolveu, no anseio de traduzir intelectualmente a realidade, para assim poder representá-la e comunicá-la. Tratará por fim um sistema particularmente literário, muito explorado durante o período barroco, mas que permanece em uso até os dias de hoje: a enumeração. A expressão deriva do latim ?numer?ti?nis: enumeração; resumo; exposição . Para este propósito, recorremos à produção de diversos autores, com predominância para o portenho Jorge Luís Borges e o paulista Arnaldo Antunes. |
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