O contexto da didáctica instrumental no Portugal quinhentista e seiscentista – o caso dos Mosteiros de Santa Cruz de Coimbra e de São Vicente de Fora de Lisboa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Filipe Mesquita de
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/9988
Resumo: A voz humana sempre foi, e ainda é em certa medida hoje em dia, o mais excelso dos instrumentos musicais. Conta-nos a mitologia grega que Orfeu apaziguava as fúrias dos infernos através do seu canto. Mas ao fazê-lo acompanhava-se pela lira, que servia de suporte musical de fundo à sua voz. Desde tempos imemoriais na história o instrumento musical teve um lugar subalterno, «inferior à voz humana», cuja função era de acompanhá-la, ou tão só dobrá-la. Historicamente, tal situação começa a mudar de feição cerca de inícios do século XVI, com a afirmação gradual dos instrumentos musicais, que resultaria na sua autonomização progressiva relativamente à identidade vocal. Em Portugal, semelhante realidade histórica é objectivada pela actividade musical nos Mosteiros de Santa Cruz de Coimbra, sobretudo de meados do século XVI em diante, e de S. Vicente de Fora de Lisboa. A presente comunicação tem por finalidade ilustrar o que foi o panorama instrumental nestas instituições eclesiásticas, sobretudo no que diz respeito à didáctica utilizada pelos crúzios, que em muito explica o advento da execução instrumental em Portugal e a sua colagem, em termos de processo de aprendizagem, ao estudo e prática do contraponto imitativo. Tiveram a este propósito um papel de relevo figuras como António Carreira (c. 1530-1594?) e Frei Teotónio da Cruz († 1653), entre muitos outros compositores. Através de uma série de testemunhos oriundos de alguns dos manuscritos musicais mais relevantes do espólio de Santa Cruz, que são hoje pertença da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, com particular destaque para os manuscritos 48, 52, 236, 242 e 243, pretendemos numa análise musicológica apresentar esses tão valiosos testemunhos históricos. A sua relevância nos dias que correm resulta na consciência que devemos ter relativamente aos processos de estudo teórico-musical e prática performativa de outrora e que aproveitamento deles hoje podemos fazer.
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