Torção uterina em vacas na Ilha de São Miguel

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Agostinho, João António Salgueiro Pereira
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/6043
Resumo: A torção uterina é uma causa de distócia de origem materna que poderá apresentar um forte impacto nas explorações. É uma condição característica do final da gestação, ocorrendo sobretudo no início do trabalho de parto. Para além das características do aparelho reprodutor da vaca, que favorecem a ocorrência de torção uterina, também a permanência dos animais em pisos acidentados, maneio e nutrição podem contribuir para este problema. Os objetivos deste trabalho passaram por tentar analisar os diversos parâmetros clínicos e zootécnicos que coincidindo num animal culminam na torção, perceber a forma como é encarado tanto pelo produtor como pelo Médico Veterinário, a forma de resolução consoante os casos apresentados e ainda a previsão futura para um animal que sofre esta ocorrência. Para isso analisaram-se os dados de 31 animais com torção uterina confirmada, num período de quatro meses (entre Fevereiro e Maio). Os parâmetros avaliados no decorrer deste trabalho foram; a distribuição das torções uterinas ao longo dos meses de estágio, a gravidade da torção, sentido da torção, tempo de gestação, número do parto, paridade, produção leiteira da lactação anterior, sinais clínicos associados a alterações da área perineal, sexo fetal e método de correção. Nos casos por nós acompanhados observou-se uma ocorrência de torção uterina maior no mês de Maio (35,48%; 11/31), apesar de não existirem diferenças estatísticas entre os meses em estudo. As torções simples foram encontradas com maior frequência (67,74%; 21/31), sendo a torção à esquerda a que se observou mais comummente (58,06%; 18/31). A maioria dos partos ocorreram dentro do tempo de gestação esperado (61,29%; 19/31), tendo o terceiro parto apresentado uma incidência superior de torções uterinas (29,03%; 9/31). A torção uterina foi mais frequente em animais multíparos do que primíparos (77,42%; 24/31); os animais multíparos incluídos neste estudo eram maioritariamente altos produtores (72,22%; 16/18). Em algumas das situações de torção uterina observou-se alteração de conformação vulvar incluindo desalinhamento entre os eixos da vulva e ânus, lábios vulvares repuxados e diferenças no grau de pregueamento périvulvar. A torção uterina ocorreu sobretudo em gestações com fetos do sexo masculino (74,19%; 23/31). O rolamento da vaca foi o método que apresentou maior sucesso (54,84%; 17/31), mas este acontecimento poderá estar associado ao facto de existirem diferenças na abordagem metodológica da correção entre os dois Médicos Veterinários cujas consultas acompanhei (operadores): o operador 1 adota como primeira abordagem a rotação transvaginal do útero antes de passar a outro método (em geral o de rolamento da vaca), enquanto que para o operador 2 o rolamento da vaca é o método de abordagem preferencial. A correção cirúrgica da torção foi o método menos utilizado por qualquer um dos operadores; embora sem diferenças estatísticas, ainda assim foi observada com mais frequência no operador 2 do que no 1. Neste trabalho, o sentido da torção e gravidade da torção estão significativamente associados. Por outro lado, a gravidade da torção influenciou o resultados da abordagem e correção do caso, uma vez que nenhuma das torções categorizadas como simples ou complicadas necessitou de intervenção cirúrgica para a sua correção. A resolução da torção e sentido da torção estiveram também significativamente relacionadas. Neste trabalho encontrou- -se um numero elevado de torções uterinas relativamente ao esperado, para o que poderão contribuir enormemente dois fatores: o maneio da vaca no pré-parto e as condições de transporte para as instalações onde irá ocorrer o parto.
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Para isso analisaram-se os dados de 31 animais com torção uterina confirmada, num período de quatro meses (entre Fevereiro e Maio). Os parâmetros avaliados no decorrer deste trabalho foram; a distribuição das torções uterinas ao longo dos meses de estágio, a gravidade da torção, sentido da torção, tempo de gestação, número do parto, paridade, produção leiteira da lactação anterior, sinais clínicos associados a alterações da área perineal, sexo fetal e método de correção. Nos casos por nós acompanhados observou-se uma ocorrência de torção uterina maior no mês de Maio (35,48%; 11/31), apesar de não existirem diferenças estatísticas entre os meses em estudo. As torções simples foram encontradas com maior frequência (67,74%; 21/31), sendo a torção à esquerda a que se observou mais comummente (58,06%; 18/31). A maioria dos partos ocorreram dentro do tempo de gestação esperado (61,29%; 19/31), tendo o terceiro parto apresentado uma incidência superior de torções uterinas (29,03%; 9/31). A torção uterina foi mais frequente em animais multíparos do que primíparos (77,42%; 24/31); os animais multíparos incluídos neste estudo eram maioritariamente altos produtores (72,22%; 16/18). Em algumas das situações de torção uterina observou-se alteração de conformação vulvar incluindo desalinhamento entre os eixos da vulva e ânus, lábios vulvares repuxados e diferenças no grau de pregueamento périvulvar. A torção uterina ocorreu sobretudo em gestações com fetos do sexo masculino (74,19%; 23/31). O rolamento da vaca foi o método que apresentou maior sucesso (54,84%; 17/31), mas este acontecimento poderá estar associado ao facto de existirem diferenças na abordagem metodológica da correção entre os dois Médicos Veterinários cujas consultas acompanhei (operadores): o operador 1 adota como primeira abordagem a rotação transvaginal do útero antes de passar a outro método (em geral o de rolamento da vaca), enquanto que para o operador 2 o rolamento da vaca é o método de abordagem preferencial. A correção cirúrgica da torção foi o método menos utilizado por qualquer um dos operadores; embora sem diferenças estatísticas, ainda assim foi observada com mais frequência no operador 2 do que no 1. Neste trabalho, o sentido da torção e gravidade da torção estão significativamente associados. Por outro lado, a gravidade da torção influenciou o resultados da abordagem e correção do caso, uma vez que nenhuma das torções categorizadas como simples ou complicadas necessitou de intervenção cirúrgica para a sua correção. A resolução da torção e sentido da torção estiveram também significativamente relacionadas. Neste trabalho encontrou- -se um numero elevado de torções uterinas relativamente ao esperado, para o que poderão contribuir enormemente dois fatores: o maneio da vaca no pré-parto e as condições de transporte para as instalações onde irá ocorrer o parto.Uterine torsion is one possible origin for a maternal dystocia that may have a strong impact on farms economy. Typically, it is condition of late pregnancy, occurring especially at the beginning of labor. In addition to the characteristics of the reproductive tract of the cow uterus, that facilitates the torsion, other factors may contribute to its development, such as the animals housing on irregular floors or the nutrition management. This work aims to contribute to a better understanding of the different clinical and zootechnical parameters that coincide in an animal developing this condition, to know how the condition is noticed by the producer or the practitioner, which is the appropriate resolution that can be offered, as well as to preview the consequences for the animal with torsion. This study enrolled 31 animals with confirmed uterine torsion, surveyed for a four month period (between February and May). The parameters evaluated during this study included the monthly distribution of during the months of my practice, the severity and the direction of the torsion, the pregnancy length, calving order, parity, milk yield in the previous lactation, morphological changes in the perineal area, fetal gender and the successfulness of the corrective approach. This study showed a higher number of uterine torsion cases in May (35.48%; 11/31), although no statistical difference exists on the monthly distribution of the cases. Simple uterine torsions were the most frequently found (67.74%; 21/31); the left side was the commonest direction of the torsions (58.06%; 18/31). In most cases, calving occurred at the expected date (61.29%; 19/31); the third calving presented a higher number of occurrences (29.03%; 9/31). The uterine torsion occurred more frequently in multiparous than in primiparous animals (77.42%; 24/31); most multiparous animals in study were high producers (72.22%; 16/18). In some situations uterine torsion changed vulvar conformation, inducing the misalignment of the vulva and anus vertical axes, the retraction of the vulvar labia or differences on the wrinkling of the perivulvar skin. The uterine torsion occurred mainly in pregnancies with male fetuses (74.19%; 23/31). Rolling the cow was the most successful method showed (54.84%; 17/31), but this may result from differences in adopted first approach between the two Practitioners (operators): for the first operator the first approach was the transvaginal rotation of the calf while the operator 2 always first approach the situation rolling the cow. Surgery was seldom used for the correction of the torsion, independently of the operator, though it happened more often in the operator 2. Statistical association was found between direction of torsion and its gravity. Also, the direction of torsion and the method that succeeded resolution were statistically associated. Moreover, the severity of the torsion affected the success of the correctional method: all cases categorized as simple or complicated were solved by non-surgical approaches. The method for resolution of the situation was also associated with the direction of torsion. A higher number of uterine torsions were found in this work, compared to the expected for dairy cattle. Two main factors might have contributed for this prevalence: cow management in the prepartum period and the conditions of the animal transport into the facilities were calving will occur.2016-06-03T15:44:26Z2016-06-03T00:00:00Z2016-06-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/6043porAgostinho, João António Salgueiro Pereirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:53:56Zoai:repositorio.utad.pt:10348/6043Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:05:45.626426Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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