Impacto psicológico dos sintomas comportamentais e psicológicos da demência em cuidadores informais

• Autor(a) principal: Fernandes, Liliana Catarina Dias
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/36320
• topic: Demência; Sintomas neuropsiquiátricos; Cuidador informal; Depressão; Ansiedade e sobrecarga

O aumento substancial do envelhecimento populacional e o crescente número de pessoas com demência, leva a que muitas vezes os familiares se tornem prestadores de cuidados. Os sintomas comportamentais e psicológicos da demência têm sido indicados como um dos aspetos mais desafiadores para cuidadores de doentes com demência, assim como um preditor de distúrbios de saúde mental e maior sobrecarga nos cuidadores informais. Neste estudo pretendemos compreender de que forma os sintomas comportamentais e psicológicos da demência impactam nos níveis de depressão, ansiedade e sobrecarga dos cuidadores informais. Para tal, foram avaliadas as mudanças comportamentais e psicológicas dos doentes através do Inventário Neuropsiquiátrico (NPI) e os sintomas de depressão e de ansiedade dos cuidadores informais pelo Inventário de Depressão de Beck (BDI) e o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), respetivamente. Por fim, utilizamos a Entrevista de Zarit para a Sobrecarga do Cuidador para estudar a sobrecarga dos prestadores de cuidados. Neste estudo, observámos uma correlação positiva entre os sintomas neuropsiquiátricos e os níveis de depressão, ansiedade e sobrecarga dos cuidadores informais. Constatámos que a agitação e a desinibição são possíveis preditores de sintomatologia depressiva de forma independente, e que os delírios, as alucinações, a agitação e a desinibição são isoladamente indicadores de ansiedade no cuidador informal. Ademais, observámos que os delírios, alucinações, agitação, apatia, desinibição, irritabilidade e comportamento motor aberrante são possíveis sintomas preditores de sobrecarga no prestador de cuidados. Por último, demonstrámos que na ausência da variável sobrecarga, a agitação e desinibição apresentam uma correlação superior com os sintomas de depressão do cuidador e os delírios, as alucinações, a agitação e a desinibição com os sintomas ansiosos do prestador de cuidados informais de doentes com demência, comparativamente à verificada quando o efeito da sobrecarga estava presente. Em conclusão, os nossos dados suportam a importância de compreender detalhadamente os fatores preditores de sofrimento clinicamente significativo no cuidador, de modo a intervir sobre estes fatores de forma a assegurar o bem-estar dos cuidadores informas e, consequentemente, dos doentes com demência.