O Homem em Carne Viva : o contributo de Michel Henry para a Teologia da Encarnação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Magalhães, Fernando Silvestre Rosas
Data de Publicação: 2020
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.14/32214
Resumo: Neste trabalho procurou-se continuar a ponte que Michel Henry faz entre a Teologia e a Filosofia, talvez mais que uma ponte, um Arco do Triunfo. Especialmente estudar o que Michel Henry define como Carne, no diálogo entre a Fenomenologia e o Cristianismo. É um estudo muito importante porque Deus revelou-Se na Carne de Cristo. O Mistério da Encarnação, Grande Mistério, tem de nos fazer descobrir toda a singularidade e valor da carne do Homem. Desde o princípio da reflexão cristã que o conceito de Carne teve uma semântica vasta e, muitas vezes, díspar. Os primeiros Concílios da Igreja são disso uma prova, assim como todas as lutas contras as mais variadas heresias. Foi São Justino que usou pela primeira fez o termo Encarnação: s. Depois disso, foi longo, e fecundo, o caminho até ao Concílio de Calcedónia que merece um pouco mais de atenção, dada a sua importância na definição do dogma da Encarnação: a natureza divina e a natureza humana em igualdade de dimensões, clara e distintamente, sem mistura nem confusão, na mesma pessoa de Cristo. Michel Henry faz uma oportuna inversão da Fenomenologia e define, desde a L’ Essence de la Manifestation, sua primeira grande obra, conceitos importantes de corpo, individualidade, subjetividade, afetividade, imanência, Ipseidade. A imanência, anterior à transcendência, é manifestada na subjetividade; a subjetividade é a possibilidade de sentir, de se constituir pelo sentir-se afetado; a imanência é a essência da transcendência2. A primeira imanência é a afetividade, esse sentir-se afetado, sentir-se a si mesmo sem medição, dado em si, sem experiência prévia, como manifestação, auto-manifestação. A influência de Mestre Eckart é muito presente: quem quiser contemplar Deus, deve ser cego3. Toda a mediação é desnecessária para se ter acesso a si mesmo, é a experiência da Vida que se manifesta e funda cada Si, é a Verdade, é a arqui-subjetividade que se revela na Carne como matéria fenomenológica pura: a carne é a substância mesma da Vida, nasce dela, é impressiva e afetiva porque provém da vida e contém a impressibilidade e a afetividade da Vida. Única em cada Homem na Ipseidade de cada pathos, como Parusia do Absoluto4, da Vida absoluta que não é um conceito, uma abstração, mas uma experiência fenomenológica na qual se é surpreendido como Vivente, participante desse Primeiro Si Vivente5 que é o Verbo Encarnado. A Encarnação do Verbo é a geração na carne de Deus e a revelação de Deus na carne6.
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Depois disso, foi longo, e fecundo, o caminho até ao Concílio de Calcedónia que merece um pouco mais de atenção, dada a sua importância na definição do dogma da Encarnação: a natureza divina e a natureza humana em igualdade de dimensões, clara e distintamente, sem mistura nem confusão, na mesma pessoa de Cristo. Michel Henry faz uma oportuna inversão da Fenomenologia e define, desde a L’ Essence de la Manifestation, sua primeira grande obra, conceitos importantes de corpo, individualidade, subjetividade, afetividade, imanência, Ipseidade. A imanência, anterior à transcendência, é manifestada na subjetividade; a subjetividade é a possibilidade de sentir, de se constituir pelo sentir-se afetado; a imanência é a essência da transcendência2. A primeira imanência é a afetividade, esse sentir-se afetado, sentir-se a si mesmo sem medição, dado em si, sem experiência prévia, como manifestação, auto-manifestação. A influência de Mestre Eckart é muito presente: quem quiser contemplar Deus, deve ser cego3. Toda a mediação é desnecessária para se ter acesso a si mesmo, é a experiência da Vida que se manifesta e funda cada Si, é a Verdade, é a arqui-subjetividade que se revela na Carne como matéria fenomenológica pura: a carne é a substância mesma da Vida, nasce dela, é impressiva e afetiva porque provém da vida e contém a impressibilidade e a afetividade da Vida. Única em cada Homem na Ipseidade de cada pathos, como Parusia do Absoluto4, da Vida absoluta que não é um conceito, uma abstração, mas uma experiência fenomenológica na qual se é surpreendido como Vivente, participante desse Primeiro Si Vivente5 que é o Verbo Encarnado. A Encarnação do Verbo é a geração na carne de Deus e a revelação de Deus na carne6.In this work we tried to continue the bridge that Michel Henry makes between Theology and Philosophy, perhaps more than a bridge, an Arc of Triumph. Especially to study what Michel Henry defines as Flesh, in the dialogue between Phenomenology and Christianity. It is a very important study because God has revealed Himself in the Flesh of Christ. The Mystery of the Incarnation, Great Mystery, must make us discover all the uniqueness and value of the Flesh of Man. Since the beginning of Christian reflection, the concept of the flesh has had a vast and often different semantics. The first Church Councils are proof of this, as are all struggles against the most varied heresies. It was St. Justin who first used the term Incarnation: s. After that, the road to the Council of Chalcedon was long and fruitful, which deserves a little more attention, given its importance in defining the dogma of the Incarnation: divine nature and human nature in equal dimensions, clearly and distinctly, without mixture or confusion, in the same person as Christ. Michel Henry makes a timely inversion of Phenomenology and defines, from the L 'Essence de la Manifestation, his first great work, important concepts of body, individuality, subjectivity, affectivity, immanence, epseity. Immanence, prior to transcendence, is manifested in subjectivity; subjectivity is the possibility of feeling, of being constituted by feeling affected; immanence is the essence of transcendence 2. The first immanence is affectivity, that feeling affected, feeling oneself without measurement, given in oneself, without previous experience, as manifestation, self-manifestation. Mestre Eckart's influence is very present: whoever wants to contemplate God, must be blind 3. All mediation is unnecessary to have access to oneself, it is the experience of Life that manifests and founds each Self, it is the Truth, it is the arch-subjectivity that is revealed in the Flesh as pure phenomenological matter: the flesh is the substance Life itself, it is born from it, is impressive and affective because it comes from life and contains the impressionability and affectivity of Life. Unique in each Man in the ipseity of each pathos, as Parusia of the Absolute 4, of Absolute Life which is not a concept, an abstraction, but a phenomenological experience in which one is surprised as a Living One, a participant in this First Living Self 5 which is the Incarnate Word. The Incarnation of the Word is the generation in the flesh of God and the revelation of God in the flesh. The Incarnation of the Word is the generation in the flesh of God and the revelation of God in the flesh 6.Pinho, Arnaldo Cardoso deVeritati - Repositório Institucional da Universidade Católica PortuguesaMagalhães, Fernando Silvestre Rosas2021-03-16T12:11:19Z2020-12-1820202020-12-18T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.14/32214TID:101478283porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-09-06T12:30:55Zoai:repositorio.ucp.pt:10400.14/32214Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-09-06T12:30:55Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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