Remoção de fármacos de águas residuais usando biomateriais

• Autor(a) principal: Sousa, Juliana da Silva
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.22/19756
• topic: Biorremediação; Fluoxetina; Lacase; Pleurotus ostreatus; Sorção; Bioremediation; Fluoxetine; Laccase; Pleurotus ostreatus; Sorption

Nos últimos anos, têm sido detetadas várias classes de fármacos em águas superficiais. Embora a sua concentração esteja na ordem dos ng/L e µg/L, a sua presença no ambiente é considerado um problema de caráter emergente. Isto deve-se principalmente ao facto de as estações de tratamento de águas residuais não terem sido projetadas para a remoção deste tipo de contaminantes, tornando-se necessário desenvolver tratamentos complementares que sejam sustentáveis e económicos. A presente dissertação teve como objetivo o estudo da remoção de fluoxetina (FLX), um dos antidepressivos mais consumidos a nível mundial, utilizando um biomaterial – substrato colonizado com Pleurotus ostreatus. Foram realizados ensaios em sistema fechado (50 g de substrato colonizado, concentração inicial de FLX 600 µg/L, pH 7, 20-25 ºC) para estudar a contribuição dos vários mecanismos de remoção, nomeadamente, oxidação por enzimas extracelulares, degradação intracelular pelo citocromo P450 (CP450) e sorção. Concluiu-se que a participação do CP450 foi negligenciável e que a sorção foi responsável por 45% da remoção do fármaco. Além disso, verificou-se que a remoção abiótica foi cerca de 8%. A remoção total de FLX foi alcançada num ensaio utilizando substrato colonizado sem qualquer tratamento prévio, salientando a contribuição das enzimas extracelulares e do mecanismo de sorção. Pelo contrário, nos ensaios com extratos enzimáticos, realizados em sistema fechado (concentração inicial de FLX 600 µg/L, pH 6 e 7, 24-25 ºC) removeuse apenas 22% do fármaco, sendo considerados pouco eficazes. No ensaio em contínuo (coluna de leito fixo, 12 g de substrato colonizado, concentração inicial de FLX 600 µg/L, pH 7, 23-26 ºC), verificou-se a remoção total durante os primeiros 20 min, sendo a remoção superior a 70% no tempo restante de experiência. A utilização de substrato colonizado permitiu remover completamente a FLX em ambos os ensaios (sistema fechado e em contínuo), demonstrando o seu potencial na descontaminação de águas. Apesar de apresentar inúmeras vantagens, a sua implementação em larga escala enfrenta ainda muitos desafios.