O papel da resposta hemodinâmica do córtex cingulado médio nos processos de memória de esquemas emocionais em humanos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pais-Vieira, Carla Ferreira da Silva
Data de Publicação: 2016
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/16994
Resumo: O córtex cingulado médio (MCC) é uma estrutura cerebral cuja função tem vindo a ser alvo de um longo e intenso debate na comunidade científica. Esta discussão decorre do facto de que o MCC aparenta ter o dom da ubiquidade (i.e. a sua ativação aparece associada a inúmeras tarefas) sem que, no entanto, tenham sido determinadas com exatidão quais são as funções psicológicas subjacentes à resposta fisiológica desta estrutura. Verifica-se, no entanto, que o MCC tem um papel relevante em múltiplas tarefas onde a presença do processamento cognitivo e o processamento emotivo são proeminentes. Nesta tese irei demonstrar, através de dois estudos da resposta hemodinâmica, que estes dois componentes podem ser conciliadas se o MCC for considerado como uma estrutura associada ao processamento de Esquemas Emocionais (i.e., estruturas de conhecimento emocional preexistente). Por um lado, as Teorias Clássicas dos Esquemas postulam que a avaliação subjetiva evoca a ativação de esquemas, de modo a perceber/interpretar uma dada experiência no momento presente. Por outro, estudos empíricos sugerem que a avaliação subjetiva de informação emocional e a recuperação de episódios autobiográficos emocionais são processos neurofuncionalmente não-diferenciados. Estes processos são, mediados pelo MCC e indicam que quando o sujeito avalia pode evocar a recuperação de conhecimento emocional preexistente. As teorias dos esquemas postulam ainda que o conhecimento preexistente deveria influenciar, seletivamente, a assimilação de novas informações oriundas do meio, influenciando tanto processos de memória de codificação como de recuperação de informação. Adicionalmente, investigações recentes em não-humanos sugerem que a atividade neuronal de regiões homólogas ao MCC medeia a recuperação de esquemas preexistentes quando estes são de importância biológica para o organismo. Isto sucede de tal forma, que esses mesmos esquemas têm influência na assimilação de nova informação. Em suma, estes pressupostos e evidências neurobiológicas sugerem que o MCC participa em mecanismos de memória associados a esquemas emocionais. No entanto, até à data, a interação entre a resposta cerebral do MCC e processos de memória para esquemas emocionais ainda não foi formalmente testada. Na presente tese, utilizou-se a Ressonância Magnética Funcional para eventos-relacionados para investigar os correlatos neurofuncionais de diferentes processos de memória para esquemas emocionais em dois estudos. No primeiro, testámos a hipótese de que a resposta hemodinâmica no MCC está associada à memória de codificação de esquemas emocionais, ou seja, em situações em que os participantes avaliaram e identificam os seus próprios estados emocionais (por oposição a situações em que detalhes externos são avaliados). No segundo estudo, testámos a hipótese de que o MCC participa, não só na avaliação de conhecimento preexistente pessoalmente relevante (por oposição a conhecimento preexistente não-relevante), como na recuperação de associações entre esse tipo conhecimento e nova informação. No seu conjunto, estes resultados indicam um papel crítico do MCC, e a sua conectividade com áreas do lobo temporal medial (i.e., amígdala e hipocampos), nos processos de memória para conhecimento emocional e ou pessoalmente relevante.
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Nesta tese irei demonstrar, através de dois estudos da resposta hemodinâmica, que estes dois componentes podem ser conciliadas se o MCC for considerado como uma estrutura associada ao processamento de Esquemas Emocionais (i.e., estruturas de conhecimento emocional preexistente). Por um lado, as Teorias Clássicas dos Esquemas postulam que a avaliação subjetiva evoca a ativação de esquemas, de modo a perceber/interpretar uma dada experiência no momento presente. Por outro, estudos empíricos sugerem que a avaliação subjetiva de informação emocional e a recuperação de episódios autobiográficos emocionais são processos neurofuncionalmente não-diferenciados. Estes processos são, mediados pelo MCC e indicam que quando o sujeito avalia pode evocar a recuperação de conhecimento emocional preexistente. As teorias dos esquemas postulam ainda que o conhecimento preexistente deveria influenciar, seletivamente, a assimilação de novas informações oriundas do meio, influenciando tanto processos de memória de codificação como de recuperação de informação. Adicionalmente, investigações recentes em não-humanos sugerem que a atividade neuronal de regiões homólogas ao MCC medeia a recuperação de esquemas preexistentes quando estes são de importância biológica para o organismo. Isto sucede de tal forma, que esses mesmos esquemas têm influência na assimilação de nova informação. Em suma, estes pressupostos e evidências neurobiológicas sugerem que o MCC participa em mecanismos de memória associados a esquemas emocionais. No entanto, até à data, a interação entre a resposta cerebral do MCC e processos de memória para esquemas emocionais ainda não foi formalmente testada. Na presente tese, utilizou-se a Ressonância Magnética Funcional para eventos-relacionados para investigar os correlatos neurofuncionais de diferentes processos de memória para esquemas emocionais em dois estudos. No primeiro, testámos a hipótese de que a resposta hemodinâmica no MCC está associada à memória de codificação de esquemas emocionais, ou seja, em situações em que os participantes avaliaram e identificam os seus próprios estados emocionais (por oposição a situações em que detalhes externos são avaliados). No segundo estudo, testámos a hipótese de que o MCC participa, não só na avaliação de conhecimento preexistente pessoalmente relevante (por oposição a conhecimento preexistente não-relevante), como na recuperação de associações entre esse tipo conhecimento e nova informação. No seu conjunto, estes resultados indicam um papel crítico do MCC, e a sua conectividade com áreas do lobo temporal medial (i.e., amígdala e hipocampos), nos processos de memória para conhecimento emocional e ou pessoalmente relevante.The function of the medial cingulate cortex (MCC) has been the subject of a long and intense debate in the scientific community. This debate stems from the apparent gift of ubiquity of the MCC (i.e. it is activated for innumerous tasks) even though there is no precise match between the psychological functions and physiological responses described. It is clear, however, that the MCC has a relevant role in multiple tasks where cognitive and emotional processing are prominent. In this dissertation I will show, in two different hemodynamic response studies, that these two different components can be reconciled if the MCC is considered as a structure associated with Emotional Schemas (i.e., a structure for pre-existing knowledge). On one side, the Classical Theories of Schemas postulate that subjective evaluation or appraisal should activate schemas to allow perceiving/interpreting an experience in the present moment. On the other, empirical studies suggest that subjective evaluation of emotional information and the retrieval of emotional autobiographic episodes are not neurophysiologically different and are mediated by the MCC, indicating that evaluating an experience can be associated with retrieving pre-existing emotional knowledge. The theories of Schemas postulate also that pre-existing knowledge influences, selectively, the assimilation of new information arising from the environment, influencing memory encoding processes, as well as memory retrieval of information. Additionally, recent findings in non-humans suggest that neuronal activity in regions homologous to the MCC mediate the retrieval of pre-existing schemas with biological relevance to the organism. This happens in a way such that those same schemas influence in the acquisition of new information. In short, these assumptions and this neurobiological evidence suggest that the MCC participates in memory mechanisms associated with emotional schemas. However, to date, the interaction between MCC cerebral response and memory processes for emotional schemas has not yet been formally tested. In the present dissertation event-related functional Magnetic Ressonance Imaging (fMRI) was used to investigate neurofunctional correlates of memory processes for emotional schemas in two studies. In the first, we tested the hypothesis that the hemodynamic response of the MCC is associated with encoding of emotional schemas, that is, the MCC is relevant when subjects had to identify and evaluate their own emotional states (in opposition to evaluating external details). In the second study, we tested the hypothesis that the MCC participates not only in the pre-existing relevant knowledge evaluation (in opposition to a pre-existing non-relevant), but also in the retrieval of associations between that specific type of knowledge and new information. Altogether, these results indicate a critical role for the MCC, and its connectivity with medial temporal lobe (amygdala and hippocampus), in memory processes for emotional and/or personally relevant knowledge.Universidade de Aveiro2017-03-08T14:16:25Z2016-01-01T00:00:00Z2016doctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/16994TID:101572719porPais-Vieira, Carla Ferreira da Silvainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-05-06T04:00:28Zoai:ria.ua.pt:10773/16994Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-05-06T04:00:28Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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