Relação médico-doente: uma aliança nos cuidados de saúde

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira,Ana Cristina
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: Rocha,Filipa Alves
Tipo de documento: Relatório
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732013000500006
Resumo: Introdução: Os motivos que levam um utente a recorrer aos cuidados de saúde e a forma como valoriza os sintomas e os perceciona como problema vão depender da história pessoal e do contexto familiar, cultural e socioeconómico. A «doença do doente» (illness) e a «doença do médico» (disease) são termos usados para descrever o que «o doente sente quando vai ao médico» e «o que ele tem quando volta para casa após a consulta». Este caso pretende realçar a importância do motivo de consulta e da sua exploração pelo Médico de Família (MF). Descrição do Caso: Homem, 56 anos, desempregado. Separado, família unitária. Recorreu à consulta, pela primeira vez nos últimos quatro anos, por lesão no antebraço com cinco anos de evolução. Registo de consulta em 2007 com diagnóstico de hipertensão arterial mas negava antecedentes relevantes. Fumador, consumo moderado de álcool, não fazia medicação. Verificou-se tensão arterial (TA) elevada e lesão tumoral vegetativa, do tipo couve-flor, no antebraço. Aceitou reiniciar cuidados de saúde, pediu-se estudo analítico e referenciou-se para dermatologia. Diagnóstico posterior de carcinoma espinocelular. Voltou à consulta para mostrar resultados. Perante a possibilidade de ser diabético o doente desvalorizou. Confirmou-se o diagnóstico e mantendo TA elevada propôs-se anti-hipertensor, anti-diabético oral e anti-dislipidémico, a que o utente aderiu. Comentário: O MF deve tentar perceber o porquê do doente ter recorrido apenas agora aos cuidados de saúde. Medo de ser rotulado de doente? Pela rede social ser escassa? Este paciente, que até então se considerava saudável, foi rotulado com um problema/doença diferente em cada consulta. Compete ao MF fazer a gestão das suas expectativas, que devem ser exploradas, discutidas e negociadas, para que os cuidados prestados sejam mais efetivos e melhor aceites pelo paciente, o que terá implicações na adesão terapêutica e satisfação com este encontro.
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