Spatial occupancy patterns of carnivores in a cork oak landscape

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Diogo, João Miguel Amaral
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/27335
Resumo: Tese de mestrado em Biologia da Conservação, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2016
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spelling Spatial occupancy patterns of carnivores in a cork oak landscapeMesocarnívorosMontadoUso do habitatNicho espacialTeses de mestrado - 2016Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências BiológicasTese de mestrado em Biologia da Conservação, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2016A forma como as espécies coexistem e interagem, bem como os mecanismos subjacentes, têm sido alvo de diversos estudos. No entanto, são mais raros os estudos onde é realizada uma abordagem multiespecífica, nomeadamente envolvendo uma comunidade de mesocarnívoros. Das várias interações interespecíficas possíveis, a competição é um dos principais fatores a moldar a organização das comunidades, incluindo as de carnívoros. As adaptações comportamentais traduzem-se na segregação e diferenciação de nichos. Esta diferenciação, resultado da utilização de recursos e das interações interespecíficas dentro de uma comunidade, pode ser dividida em três níveis: temporal, trófico e espacial. Assim, em espécies que coexistam, é expectável que, convergindo numa dimensão, divirjam em pelo menos uma das restantes. A organização a nível espacial é o resultado de uma seleção de habitat baseada num trade-off entre os desempenhos dos diferentes habitats de um ecossistema, fruto das características dos mesmos. Entre os vários fatores a ter em conta, podem-se enumerar a capacidade de o habitat providenciar refúgio e alimento bem como a morfologia e fisiologia das espécies que fazem a dita seleção. Esta diferenciação espacial, tal como a temporal e a trófica, pode variar sazonalmente e mesmo entre populações. Os carnívoros (Ordem Carnivora) exibem uma variedade de tamanhos, estratégias de reprodução, preferências de habitat e outras características que lhes permitem a exploração de diversos nichos ecológicos. Adicionalmente, esta diversidade também lhes confere uma enorme importância no ecossistema, pelas funções que nele podem desempenhar. Uma dessas funções é o controlo de populações de herbívoros e de mesopredadores, esta ultima desempenhada pelos grandes carnívoros, ou predadores de topo. Uma das principais forças motrizes das alterações dos ecossistemas é a agricultura, uma atividade humana que afeta temporal e espacialmente a estrutura do ecossistema, podendo impactar o seu funcionamento. Dependendo das culturas, as paisagens agrícolas podem representar ecossistemas ricos em termos de alimento, beneficiando diversas comunidades animais, sendo o montado um bom exemplo de um sistema agrícola que providencia diversos e abundantes recursos tróficos. O montado, bastante heterogéneo, resultou de uma interação entre o Homem e o ecossistema durante centenas de anos, com uma rotação de usos do solo entre pasto, agricultura e pousio, que alterou localmente a fauna portuguesa, favorecendo as espécies mais generalistas. Com o êxodo rural e a industrialização da agricultura, este ecossistema está a degradar-se, impactando igualmente as comunidades que nele residem, nomeadamente a comunidade de mesocarnívoros. Pela sua função enquanto predadores de topo neste ecossistema, é importante determinar de que forma os mesocarnívoros estão a ser afetados pelo abandono do montado, que resultou na perda de alguma heterogeneidade espacial, o que pode originar uma menor disponibilidade ou acessibilidade dos recursos alimentares bem como de abrigos. Visto que os mesocarnívoros poderão ser forçados a competir mais intensamente pelos recursos do ecossistema, e que terão que arranjar novas formas de se organizarem espacial e temporalmente, este estudo pretende determinar os padrões de ocupação e uso do espaço pela comunidade de mesocarnívoros da Serra de Grândola, uma área em processo de renaturalização, bem como avaliar o efeito de diversas variáveis ambientais e ecológicas (ex. composição da paisagem, competição interespecífica) sobre esses padrões. Adicionalmente, através da comparação dos resultados com os obtidos num estudo realizado na Companhia das Lezírias (Centro-Oeste de Portugal), pretende-se discutir o efeito das diferentes opções de gestão do montado nos padrões de ocupação e estruturação da comunidade de mesocarnívoros. É esperado habitats que possam funcionar como fontes de alimento exerçam um efeito positivo nos padrões de ocupação e que os diferentes estados de desenvolvimento do subcoberto tenham efeitos variados consoante as espécies, i.e. espécies como a raposa, mais ágeis, beneficiem duma cobertura mais densa enquanto o texugo, pela sua morfologia, se adapte melhor a subcoberto mais esparsos. Já relativamente às respostas às diferentes ações de gestão, estas deverão ser espécie e contexto-dependentes, nomeadamente com o gado a exercer um efeito geralmente negativo e zonas como hortas e pomares, provedoras de alimento, a assumirem uma maior importância na Serra de Grândola, onde o ecossistema é mais homogéneo e onde poderá haver uma menor diversidade e abundância de recursos. Para tal, foi monitorizada a comunidade de mesocarnívoros da Serra de Grândola, com recurso à foto-armadilhagem. Nesta região a presença e impactos humanos são moderados, com a gestão do montado a ocorrer ainda a pequena escala, fruto do abandono rural cujos efeitos só recentemente começaram a ser mitigados. Esta monitorização baseou-se no estabelecimento de uma grelha de 30 câmaras fotográficas, ativas durante cerca de 4 meses (Dezembro de 2015 a início de Abril de 2016). Adicionalmente, foram recolhidas várias variáveis ambientais nos locais onde as câmaras estavam instaladas, variáveis essas que, pelo conhecimento ecológico que existe das espécies alvo, se pensa que poderão afetar a seleção de habitat por parte dos carnívoros. Estas variáveis foram recolhidas num buffer de 325 m2 em torno de cada câmara, tendo sido agrupadas em três categorias: Habitat, Fonte de Alimento e Perturbação. Foi considerada ainda uma quarta categoria, Competição Interespecífica, de forma a avaliar se a presença de potenciais competidores influência os padrões de ocupação de cada espécie. Os resultados foram posteriormente analisados recorrendo a modelos de ocupação (single season, single species). O período de foto-armadilhagem permitiu registar 922 capturas individuais das cinco espécies alvo, sendo a raposa a mais registada, com 489 capturas. Em sentido inverso, a fuinha foi a espécie menos vezes detetada, com 81. Apesar do reduzido número de capturas, a fuinha não foi a espécie com menor taxa de ocupação naïve (ou seja, proporção de câmaras em que a espécie foi detetada), uma vez que apresenta uma taxa de cerca de 77% contra os 63% do texugo. Por constrangimentos do método estatístico selecionado, não foi possível avaliar os padrões de ocupação da raposa e da geneta, uma vez que estas espécies demonstraram taxas de ocupação naïve bastante elevadas (acima de 80%) e, como tal, o modelo não é capaz de estimar os padrões de ocupação. Para cada uma das três espécies modeladas (texugo, fuinha e sacarrabos), as combinações de variáveis ambientais que influenciaram os padrões de ocupação foram diferentes, o que suporta a ideia inicial de que existe segregação ao nível do nicho espacial, facilitando a coexistência. No entanto, de todas as variáveis incluídas nos modelos das três espécies, apenas uma apresentou um efeito significativo. Assim, detectou-se que a proximidade a zonas com presença humana, como casas ou aldeias, afeta positivamente a probabilidade de ocupação de uma determinada área pelo texugo. Isto implica que a presença humana parece beneficiar os texugos, possivelmente devido ao facto destas zonas antrópicas poderem representar novas fontes de alimento. Estas fontes de alimento ganham especial importância em épocas como aquela em que o estudo foi realizado (i.e. Inverno 2015-2016), uma vez que durante esse período foi registada uma escassez dos recursos essenciais às espécies de mesocarnívoros. Este estudo providenciou outros resultados inesperados, apesar de não estatisticamente significativos, nomeadamente a relação entre a presença da raposa e a probabilidade de ocupação do texugo e do sacarrabos. Este facto pode ser o resultado de um efeito indireto da presença da raposa e não um impacto efetivamente positivo deste canídeo sobre as duas outras espécies. O caracter generalista da raposa faz com que esta frequente áreas de maior disponibilidade de alimento sendo que a sua presença poderá ser indicativa da capacidade dessas áreas de fornecer alimento pelo que, por isso, são mais utilizadas pelo texugo e sacarrabos. É importante salientar a presença do modelo nulo entre os melhores modelos de ocupação gerados para o sacarrabos, indicando que; 1) algumas variáveis ambientais que poderão ter importantes impactos positivos ou negativos na probabilidade de ocupação das áreas pelo sacarrabos, não foram incluídas como candidatas no processo de modelação; e/ou 2) a distribuição desta espécie é muito generalizada, tendo sido detetada em todas as áreas com características distintas, impossibilitando a identificação dos efeitos das variáveis consideradas. A comparação dos resultados deste estudo com um semelhante, implementado numa área de montado com uma gestão mais ativa, permitiu evidenciar o papel da presença do gado na estruturação das comunidades de mesocarnívoros. Enquanto no presente estudo este fator parece não ter importância, no estudo realizado na Companhia das Lezírias, uma zona de criação de gado bovino, a presença deste tipo de gado tem um efeito essencialmente negativo em várias espécies, nomeadamente na raposa e no texugo. Esta diferença de efeito das actividades antrópicas realça o impacto que uma utilização mais intensiva das áreas de montado pode ter nas comunidades naturais. No entanto, é necessário frisar que as abordagens analíticas usadas em ambos os trabalhos diferem (modelos de ocupação single season single species do presente estudo vs modelos N-Mixture do estudo realizado na Companhia das Lezírias) e, por isso, as ilações que se retiram desta comparação devem ter em conta estas diferenças metodológicas. Este estudo revelou que os padrões de ocupação do espaço de cada espécie são influenciados por diferentes variáveis ambientais. Apesar dos constrangimentos, os resultados apontam para a necessidade de, pelo menos, alguma manutenção do montado, enfatizando a importância das fontes de alimento bem como da camada arbustiva que, exigindo manutenção, deve ser moderada. A realização deste estudo, juntamente com a comparação com dados anteriores, reforçam a ideia de que as ações de conservação do montado devem sempre ter em conta a comunidade, em vez de cada espécie individualmente, bem como a relevância de pensar cada ação caso a caso. Isto é especialmente importante uma vez que apesar do sistema ser essencialmente o mesmo, entre os vários sítios as diferenças locais podem exigir diferentes medidas. Para o futuro sugere-se uma diferente análise estatística bem como um esforço de amostragem maior, aumentando a grelha de armadilhagem, ponderando-se também a inclusão de novas variáveis.Competition is one of the main driving forces in communities’ structuring and organization. This implies that species have to adapt in order to minimize competition and be able to coexist. Species develop either morphologic adaptations of character displacement or behavioral mechanisms to coexist. These mechanisms translate as different niche selection, which can act at temporal, trophic or spatial scales. Spatial patterns are the outcome of habitat selection mechanisms and inter and intra-specific interactions based on a trade-off in performance between the different habitat types and its characteristics. Agriculture is one of the main human-induced drivers of ecosystem change. In Southern Portugal the landscape has been changed for the last few thousands of years, originating an agro-silvo-pastoral system known today as the Montado. The mesocarnivores community inhabiting this system evolved to take advantage of the resources it has provided but also to cope with the human associated disturbance. However, the full effect of the decrease of human maintenance activities within the montado on the mesocarnivore community structure and functioning is still unknown. Thus, this study aims to access the patterns of spatial organization of the mesocarnivore community inhabiting Serra de Grândola, and understand how these may differ from areas where montado management is more intensive. We developed a camera-trap approach that, along with a collection of environmental covariates related to habitat, food and disturbance, allowed the construction of single season, single species occupancy models for three mesocarnivores species. For the stone marten and the Egyptian mongoose no significant covariate effects were detected, but a negative influence of the distance to human presence sites on badger occupancy was found. This is probably due to a higher food availability in these anthropic areas, which can become particularly important when resources are scarcer in the wild. We also showed different mesocarnivore occupancy patterns between areas with different types of livestock management, with cattle exerting a stronger negative impact in carnivores’ occupancy. Thus, human management is still important not only for the montado maintenance but also to preserve the carnivore community. From this study and the comparison between areas, two messages can be taken towards conservation. First, conservation strategies must be directed towards the entire community and not be species-specific. Additionally, each case must be considered individually, since the same ecosystem may found variation across different locations. For the future, we suggest a different statistical approach as well as a more intensive habitat characterization and covariates recollection.Reis, Margarida Santos, 1955-Rosalino, Luís Miguel do Carmo,1971-Repositório da Universidade de LisboaDiogo, João Miguel Amaral2017-03-29T15:35:53Z201620162016-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/27335TID:201689197enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:18:08Zoai:repositorio.ul.pt:10451/27335Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:43:46.650910Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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