Assentamento, mortalidade e crescimento de larvas e juvenis de Chthamalus montagui na costa noroeste de Portugal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Domingues, Carla Sofia Portela
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/828
Resumo: A maioria dos invertebrados marinhos bentónicos possui um ciclo de vida complexo que inclui uma fase larvar planctónica separada da fase juvenil e adulta, geralmente sedentárias, que ocupam habitats diferentes. Em muitos casos, as larvas passam entre vários dias a várias semanas na coluna de água, onde enfrentam o problema de regressar para junto de habitats apropriados para assentar e aí completar a metamorfose com sucesso. É actualmente bem reconhecida a importância que a variação espacial e temporal dos processos de assentamento e recrutamento dos organismos pode ter na estrutura e dinâmica das populações e comunidades bentónicas. Esta variação é o resultado da variação observada nos processos oceanográficos costeiros responsáveis pelo transporte das larvas, e das interacções entre o comportamento larvar, a hidrodinâmica local e as características do habitat bentónico. Também os processos de pósassentamento como a predação, competição e stress físico ditam muitas vezes os padrões observados na distribuição e abundância dos organismos adultos. As cracas, como espécie chave na zona entre marés, representam um excelente invertebrado marinho onde testar taxas de mortalidade e crescimento. A abundância e distribuição de cypris e juvenis da craca Chthamalus montagui foi monitorizada em duas praias da costa noroeste de Portugal, durante o verão de 2003. Amostragens diárias a vários níveis verticais da praia permitiram a determinação da mortalidade pós-assentamento após períodos de 7, 15 e 28 dias. A medição do diâmetro opercular dos indivíduos permitiu o cálculo das taxas de crescimento. A distribuição vertical do assentamento não reflectiu a distribuição dos organismos adultos. Elevadas taxas de assentamento foram encontradas no nível mais inferior da praia, uma zona claramente dominada por mexilhão, onde poucos C. montagui sobrevivem até ao estado adulto. O nível médio é dominado por C. montagui, apesar do assentamento ter sido menos intenso. Este estudo também reporta taxas de mortalidade cujos valores se situam entre os 0.045 ind d-1 e os 0.691 ind d-1; a taxa de mortalidade aumenta do nível inferior para o nível superior da praia e estas diferenças são significativas. A dissecação é provavelmente a principal causa de mortalidade e influencia a densidade da população ao aumentar a mortalidade nos níveis da praia superiores. Mais tarde, o crescimento dos mexilhões sobre as cracas parece ser a maior fonte de mortalidade pósassentamento no nível inferior da zona entre marés. Um efeito significativo da idade no tamanho dos juvenis foi detectado. Adicionalmente, apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas, em termos estatísticos, nas taxas de crescimento dos juvenis entre os níveis da praia, as taxas de crescimento na zona inferior, que corresponde à cintura de mexilhão, foram duas vezes superiores às medidas no nível imediatamente acima. Uma combinação de factores é responsável pelos padrões de recrutamento observados nas praias rochosas. No entanto, os processos de pósassentamento incluindo a competição e o stress físico, mais do que simplesmente o assentamento larvar, são sugeridos como os factores mais importantes na determinação dos padrões verticais de abundância característicos de C. montagui nestas praias.
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Esta variação é o resultado da variação observada nos processos oceanográficos costeiros responsáveis pelo transporte das larvas, e das interacções entre o comportamento larvar, a hidrodinâmica local e as características do habitat bentónico. Também os processos de pósassentamento como a predação, competição e stress físico ditam muitas vezes os padrões observados na distribuição e abundância dos organismos adultos. As cracas, como espécie chave na zona entre marés, representam um excelente invertebrado marinho onde testar taxas de mortalidade e crescimento. A abundância e distribuição de cypris e juvenis da craca Chthamalus montagui foi monitorizada em duas praias da costa noroeste de Portugal, durante o verão de 2003. Amostragens diárias a vários níveis verticais da praia permitiram a determinação da mortalidade pós-assentamento após períodos de 7, 15 e 28 dias. A medição do diâmetro opercular dos indivíduos permitiu o cálculo das taxas de crescimento. A distribuição vertical do assentamento não reflectiu a distribuição dos organismos adultos. Elevadas taxas de assentamento foram encontradas no nível mais inferior da praia, uma zona claramente dominada por mexilhão, onde poucos C. montagui sobrevivem até ao estado adulto. O nível médio é dominado por C. montagui, apesar do assentamento ter sido menos intenso. Este estudo também reporta taxas de mortalidade cujos valores se situam entre os 0.045 ind d-1 e os 0.691 ind d-1; a taxa de mortalidade aumenta do nível inferior para o nível superior da praia e estas diferenças são significativas. A dissecação é provavelmente a principal causa de mortalidade e influencia a densidade da população ao aumentar a mortalidade nos níveis da praia superiores. Mais tarde, o crescimento dos mexilhões sobre as cracas parece ser a maior fonte de mortalidade pósassentamento no nível inferior da zona entre marés. Um efeito significativo da idade no tamanho dos juvenis foi detectado. Adicionalmente, apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas, em termos estatísticos, nas taxas de crescimento dos juvenis entre os níveis da praia, as taxas de crescimento na zona inferior, que corresponde à cintura de mexilhão, foram duas vezes superiores às medidas no nível imediatamente acima. Uma combinação de factores é responsável pelos padrões de recrutamento observados nas praias rochosas. No entanto, os processos de pósassentamento incluindo a competição e o stress físico, mais do que simplesmente o assentamento larvar, são sugeridos como os factores mais importantes na determinação dos padrões verticais de abundância característicos de C. montagui nestas praias.The majority of marine benthic invertebrates exhibit a complex life cycle that includes separate planktonic larval, and a benthic juvenile and adult phases, which occupy different habitats. In many cases larvae last for several days to several weeks in the water column, facing the problem of returning to appropriate habitats for settlement and successful metamorphosis. It is presently well recognized the importance of the spatial and temporal variation in settlement and recruitment on the structure and dynamics of benthic populations and communities. This variation is a result of the variation observed in the coastal oceanographic processes responsible for larval transport, and of interactions among larval behaviour, local hydrodynamic conditions and the characteristics of the benthic habitat. Post-settlement processes such as predation, competition and physical stress are often critical in determining the patterns of adult abundance and distribution. Barnacles as key-species in the intertidal environment are an especially interesting marine invertebrate on which to test mortality and growth rates. The abundance and distribution of cyprid larvae and juveniles of the barnacle Chthamalus montagui were monitored on two shores on the northwest coast of Portugal, during the summer of 2003. Daily samplings over various vertical shore levels allowed the determination of post-settlement mortalities after 7, 15 and 28-days periods. Measuring opercular diameters of individuals allowed the calculation of juvenile growth rates. Vertical distribution of settlement did not reflect distribution of adults. High settlement rates were measured lower in the shore, a zone clearly dominated by mussels, where few C. montagui survive to adult stage. Mid-shore was dominated by C. montagui, although settlement was less intense. This study also report mortality rates ranging from 0.045 ind d-1 to 0.691 ind d-1 and patterns of mortality significantly different between shore levels, with mortality rate increasing from low to high intertidal. Desiccation is probably the main cause of mortality and influences population densities by increasing mortality on the upper shore. Later, overgrowth of barnacles by mussels appears to be a major source of post-settlement mortality in the low intertidal zone. A significant effect of age on size of juveniles was also detected. In addition, although differences in juvenile growth rates among shore levels were not significant in the strict statistical sense, growth rates in the low intertidal mussel zone were twice as high as those measured on the mid-shore. A combination of factors is responsible for the pattern of recruitment observed on rocky shores. However, post-settlement processes including competition and physical stress, rather than merely larval settlement, are suggested to be more significant factors in determining the characteristic vertical patterns of C. montagui abundance in these shores.Universidade de Aveiro2011-04-19T13:27:37Z2004-01-01T00:00:00Z2004info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/828porDomingues, Carla Sofia Portelainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T10:55:55Zoai:ria.ua.pt:10773/828Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:39:37.665912Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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