As relações filogenéticas entre os crioulos do Golfo da Guiné
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/18351 |
Resumo: | Esta tese tem como objetivo medir e avaliar distâncias entre os quatro crioulos do Golfo da Guiné e contribuir para o debate sobre a origem e o desenvolvimento destas línguas utilizando um novo método de análise comparativa. Assumindo a visão da generalidade dos estudiosos (e.g. Günther 1973; Ferraz 1979; Schang 2000; Hagemeijer 2011) de que os quatro crioulos do Golfo da Guiné –designadamente o Santome (falado na ilha de São Tomé), o Lung’Ie (falado na ilha do Príncipe), o Angolar (falado pela comunidade angolar da ilha de São Tomé) e o Fa d’Ambô (falado na ilha de Ano Bom) – constituem uma unidade genética que deriva de um antepassado comum, apresentar-se-á um estudo comparado do léxico e da sintaxe destas quatro línguas. Em relação ao léxico, compilou-se uma lista de léxico básico de Swadesh (1955) de 200 palavras e uma lista de léxico funcional para cada um dos quatro crioulos; para a sintaxe, foi feito um levantamento de traços sintáticos constantes no Atlas of Pidgin and Creole Language Structures (APiCS) (Michaelis et al. 2013), complementado com uma recolha de novos traços relevantes para os crioulos do Golfo da Guiné. Os dados recolhidos foram preparados e classificados para serem introduzidos no SplitsTree4 (Huson & Bryant 2006), um programa de modelos estatísticos e de probabilidades que permitirá visualizar a distribuição dos dados através de redes filogenéticas. Com base nas redes geradas através dos dados lexicais e sintáticos recolhidos, calculou-se a distância a que as línguas se encontram entre si e a respetiva distância ao centro de traços partilhados. A análise destes resultados permitiu-nos verificar o grau de convergência e de divergência entre estas línguas. Concluiu-se que o Santome, ao ocupar sistematicamente a posição de maior proximidade com o centro de dados partilhados, assume um papel de centralidade em relação aos restantes crioulos. Nessa perspetiva, os dados irão ao encontro da hipótese de que o Santome é a continuação do proto-crioulo no tempo e no espaço e que as restantes línguas terão ramificado a partir dele. Verifica-se também que há uma constante relação de proximidade a nível lexical entre o Santome e o Lung’Ie e que o Angolar se posiciona a uma considerável distância em relação aos demais crioulos do Golfo da Guiné. A proximidade entre o Santome e o Lung’Ie pode ser entendida pela relação de vi proximidade e por contacto histórico continuado. O Angolar, embora falado na mesma ilha que o Santome, ocorre em posição periférica, o que corrobora a ideia de que esta terá sofrido um processo de relexificação relacionado com a línguas Bantu (Lorenzino 1998). A nível sintático, o facto de o Fa d’Ambô se encontrar numa posição mais periférica permite-nos estabelecer um paralelo com a hipótese defendida de que esta língua ficou isolada das restantes, tendo evoluído de forma independente. |
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As relações filogenéticas entre os crioulos do Golfo da GuinéLínguas crioulas portuguesas - Golfo da GuinéLínguas crioulas portuguesas - LexicologiaLínguas crioulas portuguesas - SintaxeFilogenéticaTeses de mestrado - 2014Esta tese tem como objetivo medir e avaliar distâncias entre os quatro crioulos do Golfo da Guiné e contribuir para o debate sobre a origem e o desenvolvimento destas línguas utilizando um novo método de análise comparativa. Assumindo a visão da generalidade dos estudiosos (e.g. Günther 1973; Ferraz 1979; Schang 2000; Hagemeijer 2011) de que os quatro crioulos do Golfo da Guiné –designadamente o Santome (falado na ilha de São Tomé), o Lung’Ie (falado na ilha do Príncipe), o Angolar (falado pela comunidade angolar da ilha de São Tomé) e o Fa d’Ambô (falado na ilha de Ano Bom) – constituem uma unidade genética que deriva de um antepassado comum, apresentar-se-á um estudo comparado do léxico e da sintaxe destas quatro línguas. Em relação ao léxico, compilou-se uma lista de léxico básico de Swadesh (1955) de 200 palavras e uma lista de léxico funcional para cada um dos quatro crioulos; para a sintaxe, foi feito um levantamento de traços sintáticos constantes no Atlas of Pidgin and Creole Language Structures (APiCS) (Michaelis et al. 2013), complementado com uma recolha de novos traços relevantes para os crioulos do Golfo da Guiné. Os dados recolhidos foram preparados e classificados para serem introduzidos no SplitsTree4 (Huson & Bryant 2006), um programa de modelos estatísticos e de probabilidades que permitirá visualizar a distribuição dos dados através de redes filogenéticas. Com base nas redes geradas através dos dados lexicais e sintáticos recolhidos, calculou-se a distância a que as línguas se encontram entre si e a respetiva distância ao centro de traços partilhados. A análise destes resultados permitiu-nos verificar o grau de convergência e de divergência entre estas línguas. Concluiu-se que o Santome, ao ocupar sistematicamente a posição de maior proximidade com o centro de dados partilhados, assume um papel de centralidade em relação aos restantes crioulos. Nessa perspetiva, os dados irão ao encontro da hipótese de que o Santome é a continuação do proto-crioulo no tempo e no espaço e que as restantes línguas terão ramificado a partir dele. Verifica-se também que há uma constante relação de proximidade a nível lexical entre o Santome e o Lung’Ie e que o Angolar se posiciona a uma considerável distância em relação aos demais crioulos do Golfo da Guiné. A proximidade entre o Santome e o Lung’Ie pode ser entendida pela relação de vi proximidade e por contacto histórico continuado. O Angolar, embora falado na mesma ilha que o Santome, ocorre em posição periférica, o que corrobora a ideia de que esta terá sofrido um processo de relexificação relacionado com a línguas Bantu (Lorenzino 1998). A nível sintático, o facto de o Fa d’Ambô se encontrar numa posição mais periférica permite-nos estabelecer um paralelo com a hipótese defendida de que esta língua ficou isolada das restantes, tendo evoluído de forma independente.ABSTRACT: This dissertation aims to measure and evaluate the distance between the four Gulf of Guinea creoles and contribute towards the debate of the origin and development of these languages, through the application of a new method of comparative analysis. Assuming the view of most scholars (e.g. Günther 1973; Ferraz 1979; Schang 2000; Hagemeijer 2011) that the four Gulf of Guinea creoles – namely Santome (spoken on the Island of São Tomé), Lung’Ie (spoken on the Island of Príncipe), Angolar (spoken by the angolar community of the Island of São Tomé), and Fa d’Ambô (spoken on the Island of Ano Bom) – constitute a genetic unit which derives from a common ancestor, we did a comparative study of the lexicon and syntax of these four languages. With regard to the lexicon, we compiled a 200-word list of the basic lexicon by Swadesh (1955) and a list of functional lexicon for each of the four creoles; for syntax, we made a survey of syntactic features included in the Atlas of Pidgin and Creole Language Structures (APiCS) (Michaelis et al. 2013), complemented with a collection of new features which are relevant for the Gulf of Guinea creoles. The data collected were systematized and classified in order to be fed to SplitsTree4 (Huson & Bryant 2006), a program of statistic modeling and probabilities which allows for the visualization of data distribution in the form of phylogenetic networks. Based on the networks generated from the lexical and syntactic data collected, we calculated the distance between each language and their divergence from the pool of shared features. The analysis of these results allowed us to ascertain the degree of convergence and divergence between these languages. We conclude that Santome, which systematically occupies the closest position to the pool of shared features, plays a central role in the relationship between these creoles. In this sense, the data align with the hypothesis that Santome is the continuation of the proto-creole in space and time and that the other languages constitute ramifications. We also observe a constant proximity, in lexical terms, between Santome and Lung’Ie and that Angolar shows considerable distance from the other Gulf of Guinea creoles. The closeness between Santome and Lung’Ie is attributed to proximity and sustained historical contact. Angolar, though spoken on the same island as Santome, occupies a viii peripheral position, which corroborates the idea that it has undergone a process of relexification under the influence of Bantu languages (Lorenzino 1998). Syntactically, the fact that Fa d’Ambô is found in a pheriperal position supports the hypothesis that this language became isolated from the others, having developed independently.Hagemeijer, TjerkRepositório da Universidade de LisboaCosme, Abigail Tiny2015-07-02T15:56:15Z2014-12-162014-11-142014-12-16T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/18351TID:201898047porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:04:38Zoai:repositorio.ul.pt:10451/18351Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:37:56.736597Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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