“Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny Dreadful

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lourenço, Rita Mariana Gomes
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/56622
Resumo: The television series Penny Dreadful (2014-2016) creates an intricate, ambiguous world inspired by Victorian Gothic literary works, paying tribute to the Gothic world and works of the past but simultaneously conscious of its place within the genre. Through unrestrained adaptations, intertextuality and self-awareness, the series reflects the transgressive nature of the Gothic style, additionally proving its postmodern quality. Furthermore, through the characters, the series defies social standards, in particular through the female protagonist, Vanessa Ives. Conventional in some ways, namely in her deep Catholic faith, and rebellious in others, specifically in the practise of witchcraft and exploration of sexuality, which in turn reflect her innate unruliness, Vanessa breaks down the walls that define the correct and acceptable way of being a woman. The present study examines Vanessa, focusing on her relationship with religion and with the Devil, who presents an alternate form of agency, as well as the importance of witchcraft as a practise of self-acknowledgement, the gendered biases that affect medical treatments and its connection to the Gothic trope of imprisonment, and how female unity represents a reaction of survival against the patriarchy. In turn, this analysis proves the ambiguous representation of the female character and the female experience, which has been deemed as both progressive and antifeminist, but which nonetheless provides a more flexible and more comprehensive portrayal of the complexity of the female experience.
id RCAP_e34d9acef90032d3ac730708be0a2bc1
oai_identifier_str oai:repositorio.ul.pt:10451/56622
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling “Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny DreadfulDomínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e LiteraturasThe television series Penny Dreadful (2014-2016) creates an intricate, ambiguous world inspired by Victorian Gothic literary works, paying tribute to the Gothic world and works of the past but simultaneously conscious of its place within the genre. Through unrestrained adaptations, intertextuality and self-awareness, the series reflects the transgressive nature of the Gothic style, additionally proving its postmodern quality. Furthermore, through the characters, the series defies social standards, in particular through the female protagonist, Vanessa Ives. Conventional in some ways, namely in her deep Catholic faith, and rebellious in others, specifically in the practise of witchcraft and exploration of sexuality, which in turn reflect her innate unruliness, Vanessa breaks down the walls that define the correct and acceptable way of being a woman. The present study examines Vanessa, focusing on her relationship with religion and with the Devil, who presents an alternate form of agency, as well as the importance of witchcraft as a practise of self-acknowledgement, the gendered biases that affect medical treatments and its connection to the Gothic trope of imprisonment, and how female unity represents a reaction of survival against the patriarchy. In turn, this analysis proves the ambiguous representation of the female character and the female experience, which has been deemed as both progressive and antifeminist, but which nonetheless provides a more flexible and more comprehensive portrayal of the complexity of the female experience.O universo criado na série televisiva Penny Dreadful (2014-2016) tem origem na adaptação de obras literárias góticas da época vitoriana, particularmente Dracula, Frankenstein e The Picture of Dorian Gray, sendo este um mero ponto de partida. As influências da série expandem-se também à poesia romântica de Wordsworth e Shelley, aos clássicos do cinema de terror e outras versões fílmicas de contos góticos, entre outros. Esta multiplicidade de inspirações revela uma qualidade pós-moderna, desenvolvida através da intertextualidade e autoconsciência do mundo gótico que Penny Dreadful produz e no qual se insere, sendo simultaneamente um resultado dele. Consequentemente, através das personagens, tanto adaptadas como originais, a série explora o conceito de duplicidade e desafia as normas sociais, descartando princípios absolutos sobre questões morais como o bem e o mal e, desta forma, contempla a existência humana na sua heterogeneidade. Penny Dreadful aborda estes assuntos de uma forma significativa com a sua personagem principal, Vanessa Ives. Vanessa apresenta-se como uma mulher complexa e ambígua, demonstrando-se convencional em certos aspetos, especificamente na sua devoção religiosa ao Catolicismo que lhe foi instruído, e subversiva em outros, como na prática de bruxaria e na exploração da sua sexualidade, que revelam o seu sentido de rebelião inato e a peculiaridade que a desvia dos padrões de normalidade. Deste modo, a protagonista derruba os limites que definem a forma correta e aceitável de ser mulher, definição esta criada pelo poder masculino que domina a sociedade. A presente dissertação examina Vanessa, com foco na sua relação conturbada com a religião e com o Diabo, que apresenta uma forma alternativa de poder e individualidade. Debruça-se também sobre a importância da bruxaria como uma prática que contribui para o autorreconhecimento, sobre os preconceitos de género presentes no tratamento médico de doenças mentais e na sua relação com o simbolismo gótico do aprisionamento, e em como a união feminina representa uma solução de sobrevivência e reação contra o patriarcado. A partir desta análise, verifica-se uma representação ambígua da personagem feminina e da experiência da mulher, considerada por investigadores tanto progressista como antifeminista, mas que de qualquer forma fornece uma representação mais flexível, abrangente e inclusiva da complexidade da experiência feminina. É essencial considerar o carácter complexo da própria série, que estabelece a base da qual surge a heroína, representativa desta mesma complexidade. Como já mencionado, a adaptação livre dos romances góticos do século dezanove confirma a intenção geral de Penny Dreadful em reproduzir o mundo ficcional que referencia, mas também em introduzir inovação de um ponto de vista contemporâneo. Igualmente, o título revela a intenção progressista da série, tendo em conta que os “penny dreadfuls” vitorianos eram publicações em série originalmente inspiradas nos contos macabros da tradição gótica, consumidos pelas várias classes sociais. Assim, através das diversas influências, desde o Gótico ao terror, passando pelo período vitoriano, a série demonstra-se capaz de atrair um público diverso, do mesmo modo renunciando as limitações hierárquicas que defendem a superioridade de certas formas de culturas e a inferioridade de outras. Da mesma forma, a série replica esta disseminação cultural ao criar novas versões de obras notáveis da literatura, identificáveis para a audiência familiarizada com as histórias vitorianas, mas também acessível a quem as desconhece integralmente. Ademais, por via das personagens, a série estabelece dicotomias que ao mesmo tempo subverte, expondo ideias binárias tradicionais que depois desconstrói. Através de Vanessa são exploradas as ideias do bem e do mal, da inocência e da corrupção, da emancipação e da moderação, entre outros. Por sua vez, a convergência destes opostos resulta numa personagem multifacetada que ecoa a experiência da mulher num cenário oitocentista, mas também a experiência da mulher até aos dias de hoje, com as suas conquistas e preocupações perdurantes. Estabelecidas estas noções, a investigação aprofunda a relação de Vanessa com a sua fé, que por defeito defende a repressão das qualidades naturais da heroína, em termos da sexualidade e liberdade feminina e também das práticas mágicas e atributos sobrenaturais, mas que ainda assim Vanessa não consegue abandonar. Deste modo, a série ilustra a crise de fé que assombrou a Inglaterra vitoriana, na qual a religião ortodoxa perdeu força e novas religiões focadas no conhecimento oculto ganharam tração. Semelhantemente, o Diabo surge neste contexto como uma alternativa às forças opressoras da igreja, oferecendo à protagonista a hipótese de alcançar poder, autonomia e liberdade, tal como refletindo o seu simbolismo na época como uma figura de revolta contra os modelos estabelecidos e de oposição às forças de autoridade. Enquanto que a religião condena as características transgressoras de Vanessa, o Diabo mostra apoio incondicional e aceita a singularidade da heroína, permitindo que ela exista livre e inteiramente fora dos parâmetros que determinam a ideia de mulher adequada e exemplar. Ainda assim, torna-se claro à medida que a narrativa progride que também o Diabo deseja restringir Vanessa ao papel social de mãe, transformando-se na “Mãe do Mal” que trará ao mundo um reino de malevolência. Consequentemente, a única forma de Vanessa conseguir traçar o seu próprio destino e obter independência é através da morte, onde pode reunir-se com o seu Deus e expiar os seus erros do passado. Desta forma, a heroína é sacrificada em prol do bem comum e ascende ao estatuto de mártir, exemplificando por um lado a violenta e desmedida vitimização da mulher, mas por outro a libertação das restrições da sociedade patriarcal. Também na prática de bruxaria Vanessa encontra uma forma alternativa de resistir a esta autoridade patriarcal, obtendo poder e emancipação através de um papel subversivo que permite que mulheres inconformistas existam nas margens da sociedade. Guiada por uma bruxa com séculos de experiência, Vanessa cultiva as suas capacidades extraordinárias de divinação, intuição, práticas mágicas protetoras, entre outros, e também adquire conhecimento sobre as propriedades mágicas da natureza. Desta forma, através da bruxaria e da união feminina, a protagonista atinge autorreconhecimento da sua qualidade de bruxa e do seu poder, admitindo as competências que lhe permitem traçar o seu próprio rumo onde as regras sociais e religiosas não a restringem. Ademais, a experiência traumatizante de Vanessa numa clínica psiquiátrica revela os preconceitos misóginos que estão na base de tratamentos médicos, não só no ramo da psiquiatria, mas também nas demais áreas da saúde. Vanessa é submetida a tratamentos violentos e é ainda isolada num quarto durante um período de cinco meses. Este isolamento simboliza o aprisionamento gótico da heroína, que manifesta a submissão física e mental imposta à mulher insubordinada com o objetivo de a coagir a ter um comportamento padrão, ou seja, dócil e passivo. A intensidade do trauma resulta na perda de memória, e é mais uma vez através da cooperação e união feminina que Vanessa recupera, conseguindo superar o sofrimento passado com o auxílio de uma alienista. Com a experiência, a personagem obtém também informação valiosa que a ajuda a enfrentar o Diabo, e deste modo, o martírio de Vanessa ao reviver a sua presença na clínica é também uma forma de reconhecimento do seu próprio poder. Em Penny Dreadful, encontramos, portanto, uma representação feminina que é por vezes emancipadora, mas que frequentemente apresenta a mulher alinhando-se com ideias antifeministas. No entanto, as diferentes características que constituem Vanessa contribuem para uma superação e desmantelamento de binários como anjo/demónio, humano/monstro, virgem/prostituta, entre outros, que são criados e controlados pelo patriarcado com o intuito de subjugar a mulher. Vanessa, contrariamente, contém em si noções opostas, e deste modo demonstra que a mulher não é definida por ideias intransigentes que elevam ou rebaixam, mas sim por uma multitude de todas as variantes que a constituem, e assim expõe a realidade múltipla da experiência feminina, contribuindo para uma representação da mulher na ficção que é mais inclusiva, flexível e abrangente.Mendes, Ana Cristina FerreiraRepositório da Universidade de LisboaLourenço, Rita Mariana Gomes2023-03-09T17:29:50Z2022-12-222022-09-132022-12-22T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/56622TID:203138473enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T17:04:23Zoai:repositorio.ul.pt:10451/56622Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:07:09.516053Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv “Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny Dreadful
title “Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny Dreadful
spellingShingle “Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny Dreadful
Lourenço, Rita Mariana Gomes
Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas
title_short “Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny Dreadful
title_full “Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny Dreadful
title_fullStr “Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny Dreadful
title_full_unstemmed “Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny Dreadful
title_sort “Something yet remains…”: symbols of witchcraft, religion, and womanhood in Penny Dreadful
author Lourenço, Rita Mariana Gomes
author_facet Lourenço, Rita Mariana Gomes
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Mendes, Ana Cristina Ferreira
Repositório da Universidade de Lisboa
dc.contributor.author.fl_str_mv Lourenço, Rita Mariana Gomes
dc.subject.por.fl_str_mv Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas
topic Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas
description The television series Penny Dreadful (2014-2016) creates an intricate, ambiguous world inspired by Victorian Gothic literary works, paying tribute to the Gothic world and works of the past but simultaneously conscious of its place within the genre. Through unrestrained adaptations, intertextuality and self-awareness, the series reflects the transgressive nature of the Gothic style, additionally proving its postmodern quality. Furthermore, through the characters, the series defies social standards, in particular through the female protagonist, Vanessa Ives. Conventional in some ways, namely in her deep Catholic faith, and rebellious in others, specifically in the practise of witchcraft and exploration of sexuality, which in turn reflect her innate unruliness, Vanessa breaks down the walls that define the correct and acceptable way of being a woman. The present study examines Vanessa, focusing on her relationship with religion and with the Devil, who presents an alternate form of agency, as well as the importance of witchcraft as a practise of self-acknowledgement, the gendered biases that affect medical treatments and its connection to the Gothic trope of imprisonment, and how female unity represents a reaction of survival against the patriarchy. In turn, this analysis proves the ambiguous representation of the female character and the female experience, which has been deemed as both progressive and antifeminist, but which nonetheless provides a more flexible and more comprehensive portrayal of the complexity of the female experience.
publishDate 2022
dc.date.none.fl_str_mv 2022-12-22
2022-09-13
2022-12-22T00:00:00Z
2023-03-09T17:29:50Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10451/56622
TID:203138473
url http://hdl.handle.net/10451/56622
identifier_str_mv TID:203138473
dc.language.iso.fl_str_mv eng
language eng
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134624750764032