“Queriendo los poetas dar pintura”: a poesia de Sá de Miranda em diálogo com os Emblemata de Alciato
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10316/103981 |
Resumo: | No âmbito dos estudos do Renascimento português, a literatura emblemática continua a ser uma área pouco explorada, embora sejam conhecidos relevantes testemunhos que confirmam a precoce receção em terras lusitanas dessa nova tipologia literária que floresceu na sequência da publicação do Emblematum liber (1531). A referida obra de Andrea Alciato (1492-1550) conheceu centenas de edições, traduções e adaptações em diversos países, dando origem a um considerável fenómeno de disseminação por toda a Europa Moderna até meados do século XVIII. A divulgação do modelo logo-icónico celebrizado por Alciato contribuiu para que se tornasse convencional a ideia de que um emblema obedece a uma estrutura tripartida, composta por mote (inscriptio), imagem (pictura) e texto (subscriptio). Tomando em consideração o impacto dos Emblemata na cultura portuguesa do século XVI, apresenta-se uma síntese dos dados relativos à circulação da obra do jurista milanês em território lusitano, salientando a existência de um comentário escrito em Coimbra e publicado em Lyon no ano de 1556. Procurar-se-á também apontar ecos de formas e motivos alciatianos em autores quinhentistas como Frei Heitor Pinto, Camões e Vasco Mousinho Quevedo de Castelo Branco. Neste enquadramento, e tendo em conta a familiaridade de Sá de Miranda com a cultura e a literatura italiana, pretende-se discutir em que medida os versos do “poeta do Neiva” sugerem um diálogo intertextual com o imaginário e com a natureza visual dos emblemas de Alciato. Na senda das pistas de leitura lançadas por Carolina Michaëlis e Pina Martins, serão analisadas algumas poesias mirandinas numa perspetiva comparatista. Com esta abordagem, propomos uma reflexão sobre afinidades e confluências de Sá de Miranda com mais um autor italiano, cuja obra se revela fundamental para compreendermos a imagética do século XVI. À luz desta perspetiva, o diálogo com a emblemática de Alciato coloca Sá de Miranda na vanguarda de uma tendência estético-literária que nasceu no Renascimento e abriu caminho para o exuberante simbolismo do Barroco europeu. |
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