A relação entre a precisão na avaliação da dor e a precisão na avaliação de outras sensações corporais em indivíduos com Fibromialgia

• Autor(a) principal: Pão-Mole, Vanessa Andreia Maurício
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.14/37416
• topic: Interoceção; Fibromialgia; Precisão da dor; Variabilidade da dor; FAST; Interoception; Fibromyalgia; Pain accuracy; Pain variability; Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Psicologia

A Fibromialgia é uma condição de dor cronica generalizada associada a alterações no processamento central e periférico da dor, bem como a alterações no processamento dos estados internos, ou seja, na interoceção. Alguns estudos referem a existência de elevada variabilidade nos relatos de dor nesta condição, o que pode dificultar o diagnóstico e tratamento da dor. Recentemente foi desenvolvido o Focused Analgesia Selection Test (FAST) um procedimento experimental para avaliar a variabilidade nos relatos de dor, ou seja, a relação entre as diferentes intensidades de estímulos aplicados e os relatos de dor reportados pelos indivíduos. O objetivo do presente estudo é estudar a relação entre a capacidade de ser exato/preciso na avaliação da dor e a capacidade de ser preciso na avaliação de outras sensações corporais na FM. Foram recrutados 30 participantes com FM, aos quais se aplicou o protocolo experimental para avaliação da dor que consistiu na avaliação da variabilidade da dor experimental (FAST), da sensibilidade à dor através da avaliação de limiares e tolerância à dor em diferentes modalidades (elétrica, térmica, pressão), assim como a capacidade interocetiva, avaliada através da tarefa do batimento cardíaco e o MAIA, e avaliação de características clínicas com uso do FIQ, BPI e HADS. Os resultados mostram que a capacidade de ser preciso a reportar a dor não se correlaciona com a capacidade de ser preciso na avaliação dos batimentos cardíacos nem com a sensibilidade interocetiva pelo individuo. Também não se encontram relações entre a interocepção e a sensibilidade à dor. As caraterísticas clínicas e psicológicas dos individuos podem estar associadas a um aumento da sensibilidade interocetiva, mais especificamente em individuos com maior capacidade de confiar no corpo e de não se distrair dos seus estados, revelam menos serevidade de dor e menor impacto no funcionamento físico pela fibromialgia e menor ansiedade e depressão. Mais estudos serão necessários para clarificar estas relações e melhorar a compreensão das competências envolvidas nos relatos de estados do corpo, aspeto que é central na avaliação e tratamento de doentes com dor crónica.