Caracterização ecológica da população do parque Natural da Serra de S. Mamede: o caso particular do Vale Lourenço

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Morgado, Maria Filomena Monteiro
Data de Publicação: 1994
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/11988
Resumo: Introdução - Criado pelo Decreto-Lei n° 121/89 de 14 de Abril, o Parque Natural da Serra de S. Mamede (PNSSM) é uma Área Protegida muito recente. 0 conhecimento dos seus valores limita-se ainda aos dados fornecidos pelos trabalhos preliminares que visam a caracterização geral da área proposta para classificação e a algumas monografias. Os primeiros estudos de inventariação e caracterização estão ainda em curso e dizem respeito a áreas restritas dos domínios da Zoologia e da Botânica. Os estudos prévios, referidos anteriormente, sublinham, todos eles, como característica fundamental da área, que justifica, por si só, a sua classificação como Parque Natural, a grande diversidade. Esta, resultando de condições particulares de diferenciação edafo-climática, evidencia-se nos múltiplos componentes do sistema, incluindo o Homem. Este, dependente do meio, adapta-se a ele e modifica-o, criando padrões de ocupação equilibrados e harmoniosos, uma vez que, garantir a perenidade dos elementos naturais que suportam a vida é garantir a perenidade dos próprios grupos humanos. A área, 31750 ha, do PNSSM e as pequenas distâncias entre os grupos humanos residentes, que geram contactos fáceis entre as populações, conduzem a uma relativa uniformidade no padrão de interacções dos seus diferentes ecossistemas humanos. Contudo, estes apresentam especificidades resultantes das variações biofisicas do meio que ocupam. Resulta, nesta área, uma trama de ecossistemas sociais, com fronteiras ténues, mas onde é possível identificar interacções, mais ou menos diferenciadas, entre os respectivos elementos. Toda a área constitui, em termos humanos, um excelente campo de trabalho, praticamente virgem, cujos estudos são prioritários. Significativamente povoado, as finalidades subjacentes à criação deste Parque não puderam ignorar o elemento humano e colocar a preservação dos valores culturais e do património construído e a melhoria das condições de vida da população, a par com a preservação dos valores naturais. Mesmo na escolha de políticas estritamente de conservação da Natureza, o elemento humano não pode ser ignorado, devendo, porque integrado, interdependente e operador directo de acção sobre a Natureza, ser encarado como o principal agente da conservação. Para que o Parque possa cumprir as finalidades da sua criação. torna-se necessário não só um conhecimento correcto da sua população mas, também, das inter-relações que esta estabelece com o sistema em que está integrada. A abordagem própria da Ecologia Humana, fornecendo este conhecimento holístico da população, deverá ser privilegiada nos estudos com aquelas características. A diversidade que caracteriza a área do PNSSM dificulta urna caracterização global dos seus sistemas sociais. A análise de zonas, de algum modo individualizadas, que apresentem padrões de interacção específicos, permite um conhecimento mais profundo da sua realidade. As zonas da Ribeira de Arronches e Vale Lourenço, aqui designadas genericamente por Vale Lourenço, constituem um dos exemplos de interacção harmoniosa do Homem com a Natureza que determina, por um lado, uma paisagem antropogénica de elevado valor estético e paisagístico e, por outro lado, um equilíbrio que garantiu o uso do espaço e a sobrevivência ao longo de gerações. Estes aspectos levaram a equipa que elaborou o Plano Director Municipal de Portalegre a propor a referida zona como "Área de Salvaguarda dos Valores Paisagísticos".
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