Utilização de compostos com atividade antimalárica no tratamento de infeções parasitárias provocadas por Perkinsus olseni
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.1/12200 |
Resumo: | A perkinsose é uma doença infeciosa causada pelo parasita protozoário Perkinsus olseni. Este parasita é responsável por elevadas taxas de mortalidade em bivalves e moluscos aquáticos, nas costas Europeia, Americana, Asiática e Australiana, com percentagens de mortalidade superiores a 50% em várias zonas da bacia mediterrânica, nomeadamente em Espanha, França, Itália e Portugal, atingindo os 80% na costa algarvia. Ao largo da Ria Formosa e da Ria de Alvor, o cultivo de bivalves assume elevado impacto económico, uma vez que permite o emprego direto e indireto de um número elevado de pessoas. Contudo, apesar de Perkinsus olseni não ser directamente patológico para o ser humano, tem-se verificado uma mortalidade significativa das culturas de bivalves das espécies Ruditapes decussatus, Crassostrea gigas e Crassostrea angulata e de outros moluscos em aquacultura nestas regiões do Algarve, provocando um declínio na produção, com repercussões diretas a nível financeiro e social. Desta forma, a resolução deste problema assume uma elevada importância para a região algarvia. Apesar dos esforços realizados para o controlo e eliminação da perkinsose, não existe até a data uma estratégia terapêutica eficaz de combate do parasita e as medidas profilácticas que poderiam conduzir a uma redução das perdas são de difícil implementação, não sendo praticáveis nem economicamente viáveis. No sentido de controlar as perdas por perkinsose em aquacultura foram testados alguns compostos em Perkinsus, nomeadamente herbicidas, agentes quelantes de ferro e alguns compostos com atividade antiprotozoária reconhecida, de entre os quais se destacam alguns antimaláricos. De entre estes, destacam-se estudos recentes com alguns derivados de artemisinina e análogos deste fármaco, tendo-se encontrado analogias com o observado em Plasmodium. De entre os derivados de artemisinina destacam-se os 1,2,4 – trioxolanos e os 1,2,4,5 – tetraoxanos, compostos heterocíclicos dotados de pelo menos uma ponte peróxido. Esta classe terapêutica apresenta diversos compostos que podem constituir potenciais candidatos para o tratamento de doenças resultantes de infeções por parasitas protozoários e que estejam associadas a um impato mais direto na saúde pública, nomeadamente a malária, a toxoplasmose e a leishmaniose. O potencial farmacológico dos trioxolanos e dos tetraoxanos impulsionou a otimização de estratégias de síntese de novos derivados, de forma a ampliar as bibliotecas de novos compostos para estudos de atividade farmacológica e possibilitar a identificação de novos candidatos a fármacos. Desta forma, a presente dissertação descreve os esforços até agora realizados no sentido do desenvolvimento de soluções eficazes para o controlo da perkinsose, perspectivando futuros desenvolvimentos nesta área. Além disso, apresenta uma revisão bibliográfica dos aspetos relacionados com a morfologia de Perkinsus olseni, bem como dos fundamentos teóricos e algumas metodologias de síntese de 1,2,4-trioxolanos e 1,2,4,5-tetraoxanos. No âmbito desta dissertação foram também descritos os trabalhos laboratoriais realizados pela autora e que envolveram a preparação de novos peróxidos sintéticos e semissintéticos, nomeadamente trioxolanos, tetraoxanos e outros derivados da artemisinina, para posteriormente verificar o seu efeito antiproliferativo em Perkinsus olseni. Estes compostos podem também ser testados noutros parasitas responsáveis por doenças com impacto na saúde pública, como malária, leishmaniose e toxoplamose. Os resultados obtidos para os compostos já avaliados apresentam valores de IC50 na ordem micromolar. |
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