Activação das células dendríticas da pele por alergenos e citocinas epidérmicas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2003 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10316/15909 |
Resumo: | As células dendríticas da pele (células de Langerhans) apresentam a capacidade de captar antigénios de contacto e activar os linfócitos T, desencadeando uma resposta imunológica específica. Neste processo, estão envolvidos mecanismos celulares complexos, que se iniciam com a captação e degradação intracelular dos antigénios de contacto. Os pequenos peptídeos resultantes desta degradação proteolítica são exocitados juntamente com as moléculas do complexo major de histocompatibilidade e apresentados na superfície membranar. Esta cascata de eventos intracelulares é acompanhada de modificações morfológicas e fenotípicas, que caracterizam o processo de maturação das células dendríticas, e do qual resulta, designadamente, a alteração da expressão de moléculas de superfície. Este trabalho teve como objectivo identificar alterações do padrão de proteínas induzidas por antigénios de contacto e por uma citocina epidérmica, designada por factor estimulante de colónias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF), e conhecer o efeito desta citocina na sinalização intracelular em células dendríticas da pele. Para a realização deste estudo, utilizou-se como modelo experimental uma linha celular dendrítica (FSDC), obtida a partir da pele de feto de rato e modificada por um vector retroviral. Os resultados do trabalho experimental realizado apresentam-se em duas partes: 1) Na primeira parte, incluem-se os resultados dos efeitos de dois antigénios de contacto, e de um composto não-sensibilizador, na indução de modificações na expressão de proteínas membranares. 2) Na segunda parte, apresentam-se os resultados da acção da citocina epidérmica GM-CSF, na activação do factor nuclear de transcrição kappa B (NF-kB) e na expressão de uma proteína envolvida em processos inflamatórios, a isoforma indutível da sintase do óxido nítrico (iNOS). Uma vez que a dexametasona é um fármaco glucocorticóide com reconhecida actividade anti-inflamatória e imunossupressora, nesta parte do trabalho apresenta-se, também, o efeito deste fármaco nos referidos processos. Neste trabalho foram avaliadas as modificações induzidas por dois antigénios de contacto, o 2,4-dinitrofluorobenzeno (DNFB) e o sulfato de níquel (NiSO4), e por um composto não-sensibilizador, o 2,4-dicloronitrobenzeno (DCNB), na composição celular de proteínas membranares, envolvidas na apresentação antigénica pelas células dendríticas: o CD40 e o receptor de interleucina-12 (IL-12R). Os resultados demostraram um aumento da expressão de CD40 e IL-12R após exposição ao DNFB e ao NiSO4. O DNFB provocou um aumento mais significativo na expressão destas proteínas. Pelo contrário, o DCNB, utilizado como controlo negativo, não provocou alteração na expressão das proteínas CD40 e IL-12R. A estimulação com GM-CSF aumentou a expressão de ambas as proteínas, ainda que de uma forma não significativa. Contudo, observou-se um efeito aditivo quando esta citocina epidérmica foi testada juntamente com os antigénios de contacto. Os resultados destes estudos demonstraram que os antigénios de contacto DNFB e NiSO4, e a citocina epidérmica GM-CSF, alteraram a composição celular dos marcadores de superfície na linha celular FSDC, sugerindo que este tipo de alterações pode ocorrer durante a fase inicial de sensibilização da dermatite de contacto alérgica. Evidências recentes demonstram que o óxido nítrico (NO) está envolvido em doenças inflamatórias da pele, designadamente na dermatite de contacto alérgica. Nesta patologia, são largamente utilizados com fins terapêuticos os glucocorticóides, fármacos com acção imunossupressora e anti-inflamatória. Neste trabalho, estudou-se o efeito do glucocorticóide dexametasona na activação do NF-B, na expressão da iNOS e na produção de NO, induzidas pela citocina epidérmica GM-CSF. A citocina GM-CSF levou à activação do factor de transcrição NF-kB e induziu a expressão da iNOS e a produção de NO. A dexametasona inibiu, de modo dependente da concentração, a produção de NO induzida pelo GM-CSF. A adição de dexametasona à cultura de células, 30 minutos antes da estimulação com GM-CSF, inibiu de modo estatisticamente significativo, a expressão celular da iNOS. A nível intracelular, a dexametasona impediu o decréscimo dos níveis de IkB-a o que resultou no bloqueio da migração do NF-kB para o núcleo, impedindo assim a sua ligação ao ADN e, consequentemente, a transcrição genética. Estes resultados permitiram concluir que, nas células estimuladas com GM-CSF, a dexametasona inibiu a activação do factor de transcrição NF-kB e bloqueou a expressão da iNOS e, consequentemente, a produção de NO. Em suma, estes resultados sugerem que, nas células dendríticas da pele, a dexametasona é um potente inibidor dos eventos intracelulares envolvidos na síntese de NO. |
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Neste trabalho foram avaliadas as modificações induzidas por dois antigénios de contacto, o 2,4-dinitrofluorobenzeno (DNFB) e o sulfato de níquel (NiSO4), e por um composto não-sensibilizador, o 2,4-dicloronitrobenzeno (DCNB), na composição celular de proteínas membranares, envolvidas na apresentação antigénica pelas células dendríticas: o CD40 e o receptor de interleucina-12 (IL-12R). Os resultados demostraram um aumento da expressão de CD40 e IL-12R após exposição ao DNFB e ao NiSO4. O DNFB provocou um aumento mais significativo na expressão destas proteínas. Pelo contrário, o DCNB, utilizado como controlo negativo, não provocou alteração na expressão das proteínas CD40 e IL-12R. A estimulação com GM-CSF aumentou a expressão de ambas as proteínas, ainda que de uma forma não significativa. Contudo, observou-se um efeito aditivo quando esta citocina epidérmica foi testada juntamente com os antigénios de contacto. Os resultados destes estudos demonstraram que os antigénios de contacto DNFB e NiSO4, e a citocina epidérmica GM-CSF, alteraram a composição celular dos marcadores de superfície na linha celular FSDC, sugerindo que este tipo de alterações pode ocorrer durante a fase inicial de sensibilização da dermatite de contacto alérgica. Evidências recentes demonstram que o óxido nítrico (NO) está envolvido em doenças inflamatórias da pele, designadamente na dermatite de contacto alérgica. Nesta patologia, são largamente utilizados com fins terapêuticos os glucocorticóides, fármacos com acção imunossupressora e anti-inflamatória. Neste trabalho, estudou-se o efeito do glucocorticóide dexametasona na activação do NF-B, na expressão da iNOS e na produção de NO, induzidas pela citocina epidérmica GM-CSF. A citocina GM-CSF levou à activação do factor de transcrição NF-kB e induziu a expressão da iNOS e a produção de NO. A dexametasona inibiu, de modo dependente da concentração, a produção de NO induzida pelo GM-CSF. A adição de dexametasona à cultura de células, 30 minutos antes da estimulação com GM-CSF, inibiu de modo estatisticamente significativo, a expressão celular da iNOS. A nível intracelular, a dexametasona impediu o decréscimo dos níveis de IkB-a o que resultou no bloqueio da migração do NF-kB para o núcleo, impedindo assim a sua ligação ao ADN e, consequentemente, a transcrição genética. Estes resultados permitiram concluir que, nas células estimuladas com GM-CSF, a dexametasona inibiu a activação do factor de transcrição NF-kB e bloqueou a expressão da iNOS e, consequentemente, a produção de NO. 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