Efeito do arrependimento na tomada de decisão em contexto de julgamento moral

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Andrade, Diogo
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10071/19177
Resumo: A relação entre a emoção e a tomada de decisão tem sido amplamente estudada ao longo dos anos (e.g. Damasio, 1994; Loewenstein & Lerner, 2003; Pfister & Böhm, 2008). O arrependimento é uma emoção tipicamente sentida em resposta a decisões que produzem resultados indesejados, comparados àqueles que a opção rejeitada teria produzido (Zeelenberg, 1999a), e pode influenciar o comportamento das pessoas após a decisão, fazendo-as tentar desfazer a decisão da qual se arrependeram (Gilovich & Medvec, 1995); ou antes da decisão, fazendo-as antecipar o arrependimento que poderão sentir mais tarde caso tomem a decisão errada (e.g. Bell, 1982). A presente investigação procura contribuir para a escassa literatura existente sobre a relação entre o arrependimento e a tomada de decisão em contexto de julgamento moral. Para tal, recorremos a dois dilemas morais, baseados no dilema clássico de Foot (1967), no qual o participante tem de escolher entre intervir para salvar cinco pessoas sacrificando uma (escolha utilitária; Mill, 1859), ou não intervir. Os resultados demonstraram que a indução de arrependimento fez diminuir a confiança na decisão tomada (maioritariamente, uma escolha utilitária; e.g. Greene et al., 2001); mas, ao contrário do esperado, não houve uma redução significativa na probabilidade de escolha utilitária num dilema moral subsequente. Estes dados parecem reforçar a teoria do duplo-processo de julgamento moral (Greene et al., 2001, 2004, 2008), que sugere que o julgamento moral é mediado por dois processos cognitivos distintos: dilemas morais utilitários, tais como os dois utilizados no presente estudo, são mediados por processos cognitivos mais racionais sobre os quais a emoção tem menor influência, enquanto dilemas deontológicos são controlados por respostas emocionais intuitivas. Desta forma, o presente estudo pode representar um contributo para o debate sobre esta teoria.
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