NMES vs terapia tradicional no paciente com AVC com disfagia orofaríngea: efeitos na qualidade de vida: estudo randomizado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gouveia, Carla Sofia Lima
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/31032
Resumo: Enquadramento: A disfagia orofaríngea (DO) é comum após o acidente vascular cerebral (AVC). A sua presença compromete a estabilidade clínica do paciente, podendo ocasionar complicações como a pneumonia por aspiração, desidratação, malnutrição e óbito. Uma das abordagens propostas para a reabilitação da DO, a electroestimulação neuromuscular (NMES), é considerada uma técnica não invasiva, aplicada através de elétrodos colocados de forma transcutânea. Os estudos existentes mostram que esta abordagem pode melhorar a função da deglutição em pacientes pós AVC. Em Portugal não se conhecem estudos sobre o tema. Objetivo: Comparar a eficácia da terapia tradicional (TT) com NMES associada versus a TT na reabilitação do paciente com DO após AVC e os efeitos na sua qualidade de vida (QV). Metodologia: Todos os pacientes encaminhados para o Serviço de Reabilitação, com suspeita de DO, foram sujeitos a um rastreio da DO através do V-VST, submetidos a uma videoendoscopia da deglutição para confirmação do diagnóstico, preenchimento da EAT-10 para avaliar as limitações causadas pela DO na vida social e emocional dos pacientes, e a FOIS para caracterizar a gravidade da DO apresentada. A BAAL foi aplicada para garantir uma boa capacidade de compreensão. Foram ainda avaliados o número de deglutições espontâneas desencadeadas em 10 minutos e a protusão máxima da língua (cm). Esta avaliação foi feita por uma Terapeuta da Fala, cega à intervenção a realizar à posteriori. Os pacientes foram divididos aleatoriamente, pelo método de moeda ao ar, em dois grupos: Grupo experimental (GE; n=7) (receberam TT e NMES); Grupo de controlo (GC; n=5) (receberam apenas TT). Após 4 semanas de intervenção, 3 sessões/semana, com cerca de 30 minutos cada, foram comparados os resultados. A FOIS foi preenchida no final de cada semana de intervenção e no final das 4 semanas de intervenção foram aplicadas novamente a V-VST e a EAT-10. Foram igualmente avaliados o número de deglutições espontâneas em 10 minutos e a protusão máxima da língua. Resultados: Foram incluídos 12 pacientes com DO após AVC, em fase aguda, de ambos os sexos. A diferença da EAT-10 entre o início e o fim da intervenção foi para o GC de -19.8±3.7 e para o GE de -22.9±7.1 (p=0.404), sugerindo uma melhoria na QV superior para o GE. Para a escala FOIS, a diferença foi para o GC de 1.6±0.5 e para o GE de 2.9±1.9 (p=0.179), sugerindo uma melhoria na escala de FOIS superior para o GE. Na evolução semanal desta escala também se observou uma mais rápida recuperação para o GE. Foram também encontradas diferenças significativas nas médias obtidas no número de deglutições espontâneas e na protusão máxima da língua entre o início e o final dos tratamentos: GC:2.6±0.5; GE: 4.0±0.6 (p=0.002) e GC: 2.0±0.0; GE:3.1±0.4 (p<0.001), respetivamente. Conclusão: No GE, observa-se uma tendência para uma recuperação mais rápida da DO, atingindo o nível 7 da escala de FOIS cerca de uma semana antes do GC. No que diz respeito à QV, foi possível observar que os pacientes dos dois grupos, ao recuperarem da DO melhoraram a sua QV e que o GE tem tendência para apresentar melhores resultados. O GE conseguiu aumentar substancialmente o número de deglutições espontâneas, assim como a protusão máxima da língua.
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Metodologia: Todos os pacientes encaminhados para o Serviço de Reabilitação, com suspeita de DO, foram sujeitos a um rastreio da DO através do V-VST, submetidos a uma videoendoscopia da deglutição para confirmação do diagnóstico, preenchimento da EAT-10 para avaliar as limitações causadas pela DO na vida social e emocional dos pacientes, e a FOIS para caracterizar a gravidade da DO apresentada. A BAAL foi aplicada para garantir uma boa capacidade de compreensão. Foram ainda avaliados o número de deglutições espontâneas desencadeadas em 10 minutos e a protusão máxima da língua (cm). Esta avaliação foi feita por uma Terapeuta da Fala, cega à intervenção a realizar à posteriori. Os pacientes foram divididos aleatoriamente, pelo método de moeda ao ar, em dois grupos: Grupo experimental (GE; n=7) (receberam TT e NMES); Grupo de controlo (GC; n=5) (receberam apenas TT). Após 4 semanas de intervenção, 3 sessões/semana, com cerca de 30 minutos cada, foram comparados os resultados. A FOIS foi preenchida no final de cada semana de intervenção e no final das 4 semanas de intervenção foram aplicadas novamente a V-VST e a EAT-10. Foram igualmente avaliados o número de deglutições espontâneas em 10 minutos e a protusão máxima da língua. Resultados: Foram incluídos 12 pacientes com DO após AVC, em fase aguda, de ambos os sexos. A diferença da EAT-10 entre o início e o fim da intervenção foi para o GC de -19.8±3.7 e para o GE de -22.9±7.1 (p=0.404), sugerindo uma melhoria na QV superior para o GE. Para a escala FOIS, a diferença foi para o GC de 1.6±0.5 e para o GE de 2.9±1.9 (p=0.179), sugerindo uma melhoria na escala de FOIS superior para o GE. Na evolução semanal desta escala também se observou uma mais rápida recuperação para o GE. Foram também encontradas diferenças significativas nas médias obtidas no número de deglutições espontâneas e na protusão máxima da língua entre o início e o final dos tratamentos: GC:2.6±0.5; GE: 4.0±0.6 (p=0.002) e GC: 2.0±0.0; GE:3.1±0.4 (p<0.001), respetivamente. Conclusão: No GE, observa-se uma tendência para uma recuperação mais rápida da DO, atingindo o nível 7 da escala de FOIS cerca de uma semana antes do GC. No que diz respeito à QV, foi possível observar que os pacientes dos dois grupos, ao recuperarem da DO melhoraram a sua QV e que o GE tem tendência para apresentar melhores resultados. O GE conseguiu aumentar substancialmente o número de deglutições espontâneas, assim como a protusão máxima da língua.Background: Oropharyngeal dysphagia (OD) is common after stroke. Its presence submits the patient to clinical instability, which can cause complications such as aspiration pneumonia, dehydration, malnutrition and death. One of the most recent approaches suggested for the rehabilitation of OD, neuromuscular electrostimulation (NMES), is considered a non-invasive technique, applied through electrodes placed transcutaneous. Several studies have shown that this approach can improve swallowing function in post-stroke patients. In Portugal, there is no evidence of studies on this subject. Objective: Compare effectiveness of traditional therapy (TT) with associated NMES versus traditional therapy in the rehabilitation of patients with OD after stroke and the effects on their quality of life (QOL). Methodology: All patients referred to the Rehabilitation Service, with suspected OD, were subjected to a screening of the OD through the V-VST, submitted to a video endoscopy of swallowing to confirm the diagnosis, filling in the EAT-10 to assess the limitations caused by the OD in the patients social and emotional life and FOIS to characterize the severity of the presented OD. BAAL was applied to ensure good comprehension skills. The number of spontaneous swallows triggered in 10 minutes and the measurement of maximum tongue protrusion (cm) were also evaluated. This assessment was carried out by a Speech Therapist, blind to the intervention to be carried out afterwards. The patients were randomly divided, through coin flipping method, into two groups: Experimental group (EG; n=7) (patients received TT and application of NMES); Control group (CG; n=5) (patients only receiving TT). After 4 weeks of intervention, 3 sessions/ week, with about 30 minutes, results were compared. FOIS was completed at the end of each intervention week and at the end of the 4 weeks of intervention, V-VST and EAT-10 were applied again. The number of spontaneous swallows in 10 minutes and the maximum protrusion of the tongue were also evaluated. Results: Twelve patients with OD after stroke, in acute phase, of both sexes participated in this study. The difference of EAT-10 between the beginning and the end of the intervention for CG was -19.8±3.7 and for EG was - 22.9±7.1 (p=0.404), suggesting that there was superior improving of QOL for EG. For the FOIS scale, the difference was of 1.6 ± 0.5 for the CG and 2.9 ± 1.9 (p = 0.179) for the EG, suggesting superior improvement in the FOIS scale for the EG. Concerning the weekly evolution of this scale, it was also observed faster recovery for the EG. Significant differences were also found in the means obtained in the number of spontaneous swallows and in the maximum protrusion of the tongue between the beginning and the end of the treatments: CG: 2.6 ± 0.5; EG: 4.0 ± 0.6 (p = 0.002) and CG: 2.0 ± 0.0; EG: 3.1 ± 0.4 (p <0.001), respectively. Conclusion: In the EG, there is a trend towards a faster recovery of OD, reaching the level 7 of the FOIS scale about a week before the CG. Regarding QOL, it was possible to observe that the patients of both groups, when recovering from DO improved their QOL and that the EG tends to present better results. The experimental group was able to substantially increase the number of spontaneous swallows, as well as the maximum protrusion of the tongue.2023-03-05T00:00:00Z2021-02-23T00:00:00Z2021-02-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/31032porGouveia, Carla Sofia Limainfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:59:58Zoai:ria.ua.pt:10773/31032Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:03:01.713309Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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