Modos de cindir para continuar. Uma leitura de A Noite e o Riso e Estação, de Nuno Bragança

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Maria Brás Mendes
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/150523
Resumo: O sujeito e o escritor do século XX debatem-se com uma impotência discursiva, generalizada e aparentemente condicionante, decorrente do problema identificado por Walter Benjamin em “O Contador de Histórias”: a progressiva incapacidade do homem de contar histórias. A esta persistente e problemática afasia, de princípio ou fim de uma época, segue-se um novo critério para narrar, outro critério de autoridade para a escrita: o inexperienciável, conceito defendido por Giorgio Agamben em Infância e História. Já não é a experiência a autorizar a narrativa e o direito à palavra, mas tudo aquilo de que se não possa formar experiências. Tendo por objectos de estudo A Noite e o Riso (1969) e Estação (1984), de Nuno Bragança, procuraremos ler a sua obra como modo de resistir, pela escrita e pela literatura, a essa impotência histórica e paradigmática, que passará – o que não comporta um paradoxo, como veremos – por proceder a mecanismos de sabotagem (fazer a des-obra) no interior do texto, como ressalva de sentido. Identificaremos dois movimentos textuais fundamentais: um baseado numa estrutura metonímica e contra-metonímica, compreensiva de objectos parciais, ao jeito de figuras fictícias dentro de uma cena fictícia maior, continente, em A Noite e o Riso; o outro movimento, concentrando as atenções em Estação, define uma presença imanente das imagens, como regime do ínfimo, na relação com um olhar politizado sobre o leitor, como lance para o exterior do texto, como modo de ligação reflexiva da vida em comum.
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